Manaus – Cerca de R$ 1,2 milhão será investido em projetos para consolidação, melhoria, ampliação, preservação e divulgação das Coleções Biológicas do Amazonas.
Os recursos serão disponibilizados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), via Edital 011/2013, referente ao Programa de Apoio à Organização, Restauração, Preservação e Divulgação das Coleções Biológicas do Estado do Amazonas – Coleções Biológicas.
O apoio se dará por meio de recursos financeiros e bolsas de pesquisa e os projetos poderão ser executados no máximo em dois anos. Os projetos poderão ter valor máximo de até R$ 300 mil e as propostas podem ser encaminhadas até 29 de maio.
Conforme a diretora-presidenta da FAPEAM, Maria Olívia Simão, o edital permitirá a implantação nas instituições estaduais de sistemas de informatização e gestão das coleções biológicas institucionais existentes no Estado do Amazonas.
“A iniciativa pretende melhorar e ampliar as atividades de rotina das coleções biológicas das instituições de pesquisa do Amazonas com a incorporação de tecnologias adequadas para caracterização (taxonômica e tecnológica), preservação, controle de acervo, controle de qualidade, distribuição de acessos autenticados, entre outras”, afirmou.
Repatriação de dados
O curador em exercício do herbário (coleção de plantas) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Michael Hopkings, disse que o edital era aguardado e chega em um bom momento. Ele salientou que, normalmente, há pouco recurso para preservação de coleções biológicas, pois há uma visão distorcida de que coleções são mortuárias, cemitérios de plantas e animais. Entretanto, são importantes para a pesquisa científica aplicada e taxonomia (ciência que trabalha com a identificação dos seres).
“Os herbários são lugares dinâmicos, que servem para consultas de estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores nacionais e internacionais. Atualmente, as informações são disponibilizadas pela internet, o que foi possível com recursos da FAPEAM. Significa que 100% dos dados foram digitalizados.
As duas grandes vantagens da digitalização é a correção dos dados e o acesso remoto por parte dos estudantes. Além disso, poderemos comprar um servidor mais potente para publicação das informações”, garantiu Hopkins.
Doutor em Biologia, Hopkins coordena o projeto ‘Integração, qualificação e disponibilização dos dados relacionados a coletas botânicas na Amazônia Brasileira’, cujo objetivo é atualizar as informações dos herbários amazônicos, visando à criação de um banco de dados sobre a flora de cada Estado de nossa região. Em seu segundo ano, a pesquisa recebeu cerca de R$ 250 mil para serem investidos ao longo de quatro anos.
O projeto, selecionado pelo Comitê Gestor do Programa Herbário Virtual para o Conhecimento e Conservação da Flora Brasileira (Reflora), foi aprovado pelo edital MCT/CNPq/FNTCT/MEC/CAPES/FAPS 056/2010, da FAPEAM.
Conforme o pesquisador, a maioria das informações repatriadas é do Botanic Garden, de Nova Iorque. Ele disse que o herbário norte-americano possui muitas informações de interesse regional, já que tem exemplares em comum aos do Inpa. “Além disso, a identificação de plantas deles é melhor. Também fazemos intercâmbio de informações, por exemplo, com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)”, informou.
Coletas
Na Amazônia, o principal problema das coleções biológicas é o baixo número de coletas. Hoje, há 250 mil amostras no herbário do Inpa, por exemplo.
Para ter representatividade, conforme o pesquisador, era preciso ter 15 milhões de amostras, o que corresponderia a três coletas por quilômetro quadrado. “A Amazônia é grande, há problemas logísticos, de burocracia para pesquisas em determinadas áreas”, lamentou Hopkins.
Fonte – Ag. Fapeam – Fotos: Ricardo Oliveira