Cheia do Negro poderá se aproximar dos 29 metros

Amazonianarede – INPA

Manaus – Na avaliação feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia ( INPA), e do Instituto Max de Pesquisa da Amazônia (MCTI), o Rio Negro, que banha a cidade de Manaus, situada a sua margem esquerda, poderá alcançar a marca de 28,36 a 28,96 m, após desenvolver um novo e moderno tipo de monitoramento.

O método permitiu reduzir a margem de erro de 38 cm para 30 cm para mais e para menos.

As medições no Porto de Manaus são coletadas pela Agencia Nacional de Água (ANA) juntamente com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) armazenando todos os anos. Após essas coletas é possível calcular a média, desvio padrão, as mínimas e máximas para cada data.

O pesquisador Jochen Schöngart, do MPIC, informou que após a cheia de 2012, foram trabalhados outros modelos. “São monitoramentos que consideram além do índice da Oscilação do Sul, anomalias de temperaturas superficiais do Oceano Pacífico naquela região que é conhecida como região El Nino 3.4, que fica no Pacífico Central Equatorial”, explica.

A área é considerada a região central dos fenômenos El Niño e La Ninã. “Espero que futuramente possamos produzir modelos mais robustos, e também expandir dentro da Bacia Amazônica para outras estações hidrológicas”, ressalta.

De acordo com Schöngart, com o modelo de previsão elaborado é possível prever geralmente com 100 dias de antecedência a previsão de cheia para Manaus e arredores, que normalmente acontece na segunda quinzena do mês de junho.

Ciclo hidrológico

A Amazônia Central possui um ciclo hidrológico caracterizado por uma cheia, que ocorre geralmente na segunda quinzena de junho, e uma vazante, que ocorre no final de outubro e início de novembro.

Em 2012, Manaus registrou a maior cheia quando o nível do rio Negro atingiu 29,97 m no dia 29 de maio, o maior já registrado desde 1903. Segundo avaliação do pesquisador, a cota para este ano – 1,30 m abaixo da 2012 – pode ser considerada relativamente alta. Baseado na média de cheias anteriores, o valor fica mais ou menos 80 cm acima da média das cheias já observadas em Manaus.

No ano de 2011, a amplitude anual – diferença calculada entre cheia e seca – registrada foi de 14,99 m, a maior já registrada desde 1903. Com a previsão da cheia deste ano, a amplitude anual em relação a seca do ano passado seria entre 12,4 a 13,0 m continuando a tendência significativa de aumento da amplitude observada nos últimos 20-25 anos.

Segundo Schöngart, vários fatores externos influencial para que esses fenômenos de cheias e vazante aconteçam em períodos cada vez mais curtos. “O regime pluviométrico nas cabeceiras do rio Negro e Solimões que resulta em cheias mais pronunciadas e menos pronunciadas.

As chuvas nessas regiões são fortemente influenciadas pelo Pacífico Equatorial e também pelo Atlântico Tropical Norte. Quando ocorre o El Niño, geralmente a cheia é mais fraca, quando temos condições de La Niña, as cheias são mais pronunciadas”, explica.

“Existe uma grande preocupação a respeito de futuras cheias e secas no contexto das mudanças climáticas, devido ao aquecimento previsto das águas superficiais dos oceanos Pacífico Equatorial e Atlântico Tropical, que tem um impacto significativo no regime pluviométrico e hidrológico na Amazônia. Porém, as séries de dados instrumentais são curtas demais para avaliar se estas tendências recentes podem ser explicadas pela variabilidade natural do regime ou se já manifestam mudanças climáticas”, avalia Schöngart.

O pesquisador acrescenta que além desses fatores, o regime hidrológico na maior bacia hidrográfica da Amazônia é complexo. Comparando as bacias de rios na Amazônia existem grandes diferenças em termos de amplitudes e da ocorrência temporal de cheias e secas nos regimes hidrológicos e suas associações com anomalias de temperaturas superficiais dos oceanos tropicais.

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