Brincadeira irresponsável: Trotes ainda são 10,97% de ligações para o SAMU

Brincadeira irresponsável: Trotes ainda são 10,97% de ligações para o SAMU

Manaus, AM – Com mais de 558 mil chamadas registradas em 2017, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) foi alvo de mais de 104 mil trotes, somente no ano passado, representando a 10,97% do total de chamados.

A média mensal desse tipo de ligação foi de 8.705, deixando telefonistas e equipes médicas atentas para não enviar ambulâncias sem necessidade.

Os dados preocupantes são da Prefeitura de Manaus, que faz o apelo para que as pessoas não brinquem com falsas chamadas, que ocupam as linhas telefônicas, causam atrasos no serviço e fazem com que um atendimento prioritário deixe de ser feito com a devida rapidez, podendo levar à morte de algum paciente.

As telefonistas do SAMU são treinadas e qualificadas para identificar os “trotes” nas ligações realizadas ao serviço 192. São 28 profissionais, que se alternam no atendimento 24 horas à população.

O próprio sistema do SAMU já tem identificado os números de telefones recordistas em trote, cerca de 300. “Fazemos sempre o apelo para a população para que não faça trote, porque isso pode custar uma vida”, reforça o diretor do SAMU, Ruy Abrahim.

A telefonista Kheyth Ferreira disse que trabalha no plantão de 12h às 18h no Samu, no horário de pico. “Tem muitas crianças ligando passando trote, mas percebemos logo que elas estão mentindo. Mas temos sensibilidade e, em alguns casos, já tivemos crianças que ligaram realmente pedindo ajuda e vimos que era verdade e mandamos a ambulância”, contou.

Ela disse que sempre faz apelo para que não peçam ambulância se não for realmente um caso de urgência. “Recebo cerca de 70 ligações por dia, e em muitas o próprio sistema do SAMU já indica que é um número que constantemente passa trote. Infelizmente ainda tem gente que brinca. Trabalhamos com situações de risco e não se deve pedir uma ambulância por brincadeira”, salientou a telefonista.

Os trotes recebidos pelas atendente são muitos

O rádio operador do SAMU, Farid Rocha, também lamenta o grande número de trotes. “Alguns, infelizmente, conseguem até enganar os médicos da regulação. Fazemos o possível para identificar todos, mas algumas vezes eles ligam de números diferentes, que atrapalham o trabalho de salvar vidas que o SAMU realiza”, lamentou.

Medidas punitivas

O chefe de informática do SAMU, Marcondes Coelho, opina que a alternativa à solução do problema do trote seria a responsabilização por crime das pessoas que têm essa atitude e prejudicam o serviço e quem dele precisa, pois mesmo sendo realizados alguns “filtros” para identificar que se trata de uma falsa ligação telefônica, em alguns casos, a ambulância acaba sendo liberada para atender a “solicitação” de emergência.

Para ele, a criação de medidas punitivas aos passadores de trotes telefônicos deve ser encaminhada, após discussão entre os profissionais da área médica e de segurança, à aprovação de Projeto de Lei no Congresso Nacional, onde com a identificação do usuário pelo CPF (Cadastro de Pessoas Físicas), em uma parceria com as operadoras de telefonia no país, se tornará possível a identificação dos responsáveis e, com isso, inibir as pessoas que hoje se utilizam do anonimato ou mentem diretamente, prejudicando o serviço de urgência e a população.

Central de Regulação

O socorro do Samu, em ação

É importante lembrar que, ao discar o número 192, o cidadão está ligando para uma central de regulação que conta com profissionais de saúde e médicos treinados para dar orientações de primeiros socorros por telefone.

São estes profissionais que definem o tipo de atendimento, a ambulância e a equipe adequados a cada caso. Há situações em que basta uma orientação por telefone para salvar uma vida, conforme protocolo do Ministério da Saúde.

“As equipes trabalham para prestar atendimento no menor tempo possível, já que atuam no local de ocorrência do problema e ainda fora do ambiente hospitalar.

O SAMU oferece o direcionamento para o serviço mais próximo e adequado, assim a equipe que está na ambulância ganha tempo (diminui a relação tempo/resposta). E é, justamente, essa agilidade que se perde quando o serviço fica carregado com falsas chamadas e trotes”, alerta o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi.

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