Brasil vai frear crescimento da América Latina em 2015, mostra FMI

Brasil vai influenciar negativamente na economia da América Latina
Brasil vai influenciar negativamente na economia da América Latina
Brasil vai influenciar negativamente na economia da América Latina

São Paulo – Enquanto a Europa se recupera da crise, a América Latina e o Caribe devem registrar, em 2015, o quinto ano seguido de desaceleração econômica. Segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco deve crescer só 0,9% neste ano – enquanto a economia mundial deve se expandir em 3,5%. Para o Brasil, a previsão é de queda de 1% no PIB e de inflação em 7,8%.

Parte considerável do resultado fraco da região é responsabilidade do Brasil. Se confirmada a previsão do FMI de “encolhimento” da economia brasileira, será o pior resultado desde a queda de 4,2% registrada em 1990. Em janeiro, o fundo previa um crescimento de 0,3% em 2015.

Entre os países da América do Sul, apenas a Venezuela deve ter um resultado pior que o Brasil, com contração de 7% – mas a economia venezuelana tem menos de um décimo do tamanho da brasileira, em dólares.

A Argentina, que também vive uma crise econômica, deve ter queda de 0,3% no PIB. A América do Sul, como um todo, deve “encolher” 0,2%, tendo Bolívia e Paraguai como destaques positivos, com expansões de 4,3% e 4%, respectivamente.

“A piora nos mercados globais de commodities permanece como o principal freio para a atividade na América do Sul, ainda que os preços mais baixos do petróleo e uma recuperação sólida dos EUA forneçam impulso a partes da região”, aponta o texto.

PROJEÇÕES PARA O PIB 2015

Países da América do Sul; América Latina – em %

Fonte: FMI

O Brasil

A crise hídrica, que afeta o abastecimento de energia e de água, está entre as causas citadas para o baixo desempenho do Brasil: “A confiança do setor privado se mantém obstinadamente fraca por conta dos desafios de competitividade, pelo risco de racionamento de energia e água no curto prazo e pelas denúncias de corrupção na Petrobras”, diz o texto.

De acordo com o FMI, o compromisso do governo brasileiro de controlar o déficit fiscal e de reduzir a inflação vai ajudar a restabelecer a confiança no país, mas deve prejudicar ainda mais a demanda no curto prazo.

O fundo também alerta que a inflação deve ficar acima do teto da meta do governo neste ano, mas mostra mais otimismo que o mercado: a expectativa é que a inflação feche o ano em 7,8%, enquanto o mercado aposta em uma taxa de 8,13%, segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira.

Crescimento global

O FMI manteve em 3,5% a projeção de crescimento para a economia mundial em 2015 e elevou para 3,8% a estimativa para o próximo ano – 0,1 ponto percentual acima da que constava no relatório de janeiro.

A expectativa é que o Brasil ajude no crescimento mundial do próximo ano: “Uma retomada nos mercados emergentes deve guiar a recuperação em 2016, primariamente refletindo uma diminuição parcial dos contratempos à demanda e produção domésticos em algumas economias, incluindo Brasil e Rússia”, diz o fundo.

PIB 2015 – PAÍSES DOS BRICS

Em %

Fonte: FMI

Outros países

A estimativa do FMI é que as economias avançadas cresçam 2,4% neste ano e no próximo. Mas as previsões para os Estados Unidos foram reduzidas: em janeiro, o fundo estimava uma expansão de 3,6%, que foi revisada agora para 3,1%. Para 2016, a estimativa de crescimento recuou de 3,3% para 3,1%.

Para os países do euro, por outro lado, as estimativas foram revisadas para cima. Para 2015, a previsão passou de 1,2% para 1,5%, e para 2016, de 1,4% para 1,6%.

Entre os países dos Brics, o pior resultado é esperado da Rússia, cuja economia deve se contrair em 3,8% neste ano e mais 1,1% no próximo. As projeções para a China são de desaceleração, com expansão de 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016 – estáveis com relação ao esperado em janeiro.

Já a Índia deve liderar o crescimento global neste ano e no próximo, com duas expansões seguidas de 7,5% – mais de 1 ponto percentual acima das estimativas de janeiro.

Câmbio

As moedas dos grandes exportadores de petróleo com câmbio flutuante se desvalorizaram em fevereiro. A queda foi particularmente forte para o rublo (moeda russa), que recuou 30%, segundo o FMI. Entre as economias avançadas, o dólar canadense e a coroa norueguesa tiveram quedas de 8% e 7%, respectivamente.

No Brasil, a queda foi de 9%, refletindo a piora nas estimativas de crescimento. Na Índia, por outro lado, a moeda local teve valorização de quase 10%.

Amazonianarede-G1

 

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