Amazonianarede/Redação/CNT
Brasília/Manaus -Dez anos após a retomada do projeto de reconstrução da rodovia, a BR-319 continua inacabada, tornando parte dos produtores do Amazonas reféns de sistemas de escoamento por vias aérea e fluvial
A Rodovia BR 319, que liga Manaus a Porto Velho, cortando a floresta e rios amazônicos, construída no chamado Governo Militar e que realmente colocou o Amazonas no eixo-rodoviário nacional e por isso mesmo, considerada uma importante rodovia de integração regional e nacional, funcionou alguns anos durante o governo que a construiu.
Com a chegada ao Poder dos civis, graças a Deus com o país voltando a respirar democracia, a BR, apesar da sua importância foi literalmente abandona e hoje, de acordo com levantamento feito pelo CNT é das piores do país, se é que do jeito que está ainda pode ser considerada como rodovia, devido ao o estado de abandono em que vive, sem asfalto e com o mato tomando conta dos poucos pontos trafegáveis que ainda existem e se transformando numa grande aventura ou num inferno para quem tenta o desafio de trafegar por ela. A BR-319 está mais para ralis de aventura e práticas de esportes radicais do que para o trafego propriamente dito.
QUASE UM BI
Tentando melhorar as condições de trafegabilidade na rodovia, pela importância que a via execre no processo de integração regional, o Ministério dos Transportes, via Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), injetou, nos últimos dez anos, quase meio bilhão (exatos R$ 474.477.000) na reconstrução da BR-319, estrada federal que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), mas, até o momento, a rodovia continua inacabada, impedindo, por exemplo, o escoamento da produção do Amazonas para o restante do país.
A estrada se enquadra em uma triste realidade divulgada por meio de levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a qual aponta que as estradas das regiões Norte e Nordeste são as piores em qualidade do Brasil.
O projeto de reconstrução da BR-319 foi concluído há dez anos e, em quase oito deles, o senador Alfredo Nascimento (PR) esteve à frente do Ministério dos Transportes, responsável direto pela obra.
Entre a elaboração de estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA) e as promessas de campanha, tanto dele, quando da presidente Dilma Rousseff (PT), de que a estrada seria concluída, permanece a incerteza dos moradores dos dois estados e dos que vivem às margens da rodovia se ela um dia será completamente revitalizada.
O trecho central, que corresponde a 405 quilômetros de estrada intrafegáveis, não foi liberado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, consequentemente, pelo Ministério do Meio Ambiente. Este trecho, segundo a assessoria do Dnit em Manaus, não recebeu investimentos sob a alegação de não possuir licenciamento ambiental.
REPASSE CANCELADO
Reduzindo ainda mais as chances de reconstrução e manutenção da estrada, o governo federal cancelou, este ano, um repasse no valor de R$ 90 milhões para as obras, fato que foi criticado no plenário do Senado Federal por Alfredo Nascimento.
Após deixar o Ministério dos Transportes, em 2011, acompanhado de uma enxurrada de denúncias de superfaturamento e corrupção envolvendo a pasta e seus órgãos executivos (Dnit e Valec), Alfredo Nascimento se dedicou a cobrar com mais ênfase da Presidência da República à revitalização da estrada, implantada na década de 1970.
A recuperação dos 400 quilômetros restantes da BR-319 está orçada em R$ 400 milhões. Ao todo, a estrada possui 859 quilômetros de extensão.
De acordo com o Dnit, desde 2003, no início do governo Lula, até agora, na administração Dilma Rousseff, foram injetados na reforma da rodovia R$ 474.477.000.
“Vale ressaltar que o trecho entre os KMs 250 e 655 não recebeu investimento para recuperação/obra por falta de licenciamento ambiental”, informou a assessoria de imprensa do Dnit em Manaus.
A equipe de acritica.com tentou contato com a assessoria do Ministério dos Transportes, em Brasília, mas não obteve retorno.
Quem planeja transitar por uma rodovia federal, logo imagina que trata-se de uma BR asfaltada, sinalizada , com postos de atendimentos e cidades ao longo do trecho e postos de gasolina em vários pontos do percurso. Isso é tudo que não tem na BR 319 que passa dentro da Floresta Amazônica e liga as capitais Rondônia (RO) e Manaus (AM).
DOCUMENTÁRIO
O documentarista da Fauna e Flora Documentários, Fernando Lara, percorreu os 860 km sozinho, pela estrada de terra em péssimas condições, pontes ruins, longos trechos inóspitos sem a presença de um único ser humano e sem nenhum tipo de socorro.
Fernando Lara contou nessa aventura apenas com a coragem que tem, porque nem mesmo os rondonienses e amazonenses passam pela rodovia. Não há carros e nem mesmo linhas de ônibus que transitam por lá.
Os pontos com algum morador são pouquíssimos. As pessoas já não se arriscam a morar as margens da rodovia por causa das dificuldades de deslocamento o que impede o atendimento médico, a ida a escola ou mesmo a compra de mantimentos.
O veículo do comentarista uma Honda Bros passou por nova revisões, com troca de pneu e óleo, como medida preventiva para enfrentar a aventura da viagem pela BR 319. No percurso todas as precauções são necessárias já que em uma rodovia como esta tudo pode acontecer.
O Portal está na expectativa de ter acesso a esse documentário e posar em detalhes para os nossos leitores, caso nos chegue as mãos.