Manaus – Ontem, houve muita movimentação no fórum Henoch Reis, no Aleixo, com a realização da primeira audiência de instrução e interrogatório da socialite Marcelaine Santos Schumann e outros réus acusados de participação na tentativa de homicídio de Denise Silva, ocorrida em novembro de 2014.
A audiência terminou por volta das 21h. O juiz informou que diligências e acareações devem ser realizadas antes que seja definida a data de nova audiência e seja confirmado se o caso vai a júri popular. A defesa alega que os réus teriam confessado participação no crime sob tortura. A imprensa não teve acesso ao local onde ocorreram os depoimentos.
De acordo com o promotor Rogério Marques, a defesa dos acusados solicitou que sejam realizadas acareações.”Eles estão acusando a polícia de terem confessado os crimes sob tortura. Por isso, nós pedimos uma acareação entre eles [réus] e o delegado de polícia. Eles estão tentando por em dúvida a acusação. Esse é o papel da defesa”, disse ao fim da audiência.
O promotor contou ainda que, durante depoimento, a socialite acusada confirmou que já teve envolvimento com o empresário Marcos Souto, apontado como pivô do crime. Ele supostamente seria amante de Marcelaine e Denise. “A Marcelaine, o tempo todo, negava fazer parte do triângulo amoroso.
Só que agora na audiência, quando confrontada com fotos em que ela estava junto do Marcos Souto – inclusive uma foto beijando na boca o Marcos Souto – ela tentou aliviar essa situação dizendo que foi há muitos anos atrás. Foi uma aventura de pouco tempo. Agora nós temos essa prova de que ela teve esse envolvimento amoroso”, contou.
Nova audiência
Segundo juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, ainda não há uma definição de quando deverá ocorrer nova audiência. Ele disse ainda que precisa analisar o resultado das acareações para definir se o caso vai a júri.
“No final da audiência, dos interrogatórios, o Ministério Público e também a defesa pediram a realização de algumas diligências e acareações. Eu vou deferir essas acareações e a gente vai designar uma data, novamente, para realização dessas acareações. Então, o processo não se findou. Por isso que não ainda se sabe se os acusados vão, ou não, a júri. Isso só vai ser decidido por mim no final da colheita de prova, que ainda não terminou, apesar dos acusado já terem sido interrogados”, disse o juiz.
Depoimentos
O marido da vítima e o homem apontado como pivô do crime foram ouvidos como testemunhas de acusação. O titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Ivo Martins, disse que o empresário Marco Souto confirmou que o depoimento realizado na manhã desta sexta-feira é diferente ao dado cinco dias após o crime. Ele foi preso e deverá seguir para cadeia pública em Manaus, neste sábado (7).
De acordo com informações da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Marcelaine negou envolvimento no crime, enquanto os demais acusados alegaram que foram torturados pela polícia para admitirem participação.
“Os acusados têm direito de mentir, de ficar calados, de falar o que quiser. O interrogatório é um meio de defesa. Já as testemunhas não. As testemunhas que comparecem em juízo estão obrigadas a dizer a verdade. Sob pena de incidir em falso testemunho. Foi o que ocorreu com a testemunha Marcos.
O depoimento dele teve muita contradição. O que ele falou na polícia ele não disse aqui. As provas que foram obtidas através de medidas cautelares de busca e apreensão, escuta telefônica, ele não confirmou fatos que ja estavam confirmados. Ministério público requereu que ele fosse encaminhado à delegacia e eu resolvi deferir”, disse o juiz ao G1.
Além de Marcelaine, os réus Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco, Rafael Leal dos Santos e Karen Arevalo Marques foram ouvidos durante esta sexta-feira. A imprensa não pode acompanhar os depoimentos. A reportagem tentou falar com todos os réus e testemunhas, mas nenhum quis se pronunciar.
Amazonianarede-TVAM