Adversárias quase íntimas: Dilma e Marina rivalizam na disputa eleitoral

05-09dilmaBrasília – Com trajetórias distintas até o governo Lula, Dilma e Marina protagonizam um histórico de embates econômicos, ambientais e ideológicos desde 2002.

Empatadas tecnicamente no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) têm trajetórias de vidas distintas, embora militantes da esquerda brasileira, que se cruzam em 2002, ainda durante o governo de transição, quando a atual presidente é escolhida como ministra de Minas e Energia e a socialista, ainda petista à época, é indicada para o Meio Ambiente. De lá para cá, ocorreram vários embates econômicos, ambientais, ideológicos. Brigaram por espaço dentro do governo Lula e, pela segunda eleição consecutiva, disputam o voto do eleitorado brasileiro.

As duas inimigas íntimas e conceituais apresentam trajetórias que se assemelham no conteúdo, mas jamais na forma. Marina é acriana, filha de seringueiros pobres. Alfabetizada aos 16 anos, formou-se em história 10 anos depois. Onze anos mais velha que a adversária ao Planalto, Dilma é mineira e foi presa durante a ditadura militar por integrar um grupo de combate à repressão. Era 1970 e Marina, com 12 anos de idade, trabalhava no seringal para ajudar no sustento familiar e lutava contra a malária e leshimaniose. Com essa idade, já tinha perdido a mãe e duas irmãs, todas por doenças relativas à falta de tratamento adequado às pessoas pobres.

Dilma surgiu no PDT. Marina filiou-se ao PT em 1986, um ano depois de montar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao lado do seu mentor, Chico Mendes. A atual presidente engrenou uma carreira de secretária de Estado, já militando politicamente no Rio Grande do Sul, enquanto Marina elegeu-se vereadora, deputada estadual e, em 1994, tornou-se a mais jovem a garantir uma cadeira no Senado, aos 36 anos.

Em 2002, as duas se encontraram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde havia sido montado o governo de transição PSDB-PT. “Nós todos estávamos, de uma maneira ou outra, irmanados em um projeto, embora, em vários momentos, tenhamos apoiado candidaturas distintas. Quando Lula assumiu em 2003, nós éramos um governo”, resumiu o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), que foi companheiro de Esplanada de ambas entre 2003 e 2004, quando comandava a pasta das Comunicações.

Miro reconhece que as duas presidenciáveis tinham posições divergentes em vários momentos. E que o presidente Lula adorava mediar esse tipo de conflito. “Ele colocava, em uma mesa redonda, as pessoas que tinham opiniões distintas. Virava e pedia: ‘diz aí’”. Para provocar ainda mais debate, Lula, às vezes, convidava pessoas que não entendiam nada do assunto para saber se eles tinham entendido as explicações, recorda o ex-ministro.

Miro, que é aliado de Marina na corrida presidencial, acredita que, se as duas forem colocadas juntas em uma mesa de debates, terão mais convergências do que divergências. “Desde que estiverem isoladas do contexto eleitoral. Neste momento, isso se torna impossível”, reconheceu.

Tensão

Candidato a deputado federal pelo PDT brasiliense, André Lima, um dos auxiliares mais próximos de Marina ao longo do segundo mandato de Lula, lembra que, se não fosse o esforço da ex-ministra para impor alguns limites no debate, os desastres seriam enormes. “A preocupação ambiental e ecológica de Dilma Rousseff é zero”, reclamou ele.

O embate entre ambas, que era morno quando Dilma ocupava o Ministério de Minas e Energia, intensificou-se no momento em que ela assumiu a Casa Civil, no lugar de José Dirceu, abatido no escândalo do mensalão. E aumentou a decibéis ensurdecedores quando, no início do segundo mandato, o governo optou pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e intensificou a pressão pelas licenças ambientais para rodovias e hidrelétricas.

Fonte: Correio Web

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