A aventura de uma viagem de barco entre Boca do Acre e Pauini

Amazonianarede – Redação – Portal do Purus

Boca do Acre – Pauni – Na Amazônia as coisas são inusitadas, provocam aventuras, mas em compensação os olhares vislumbram grandes e inesquecíveis belezas naturais, o que faz com que as pessoas que viajam nos tradicionais barcos regionais, os chamados “motores de linha”, esqueçam um pouco o sofrimento e apreciem com admiração as belas paisagens amazônicas.

A reportagem do Portal do Purus, que transcrevemos aqui, acompanhou uma viagem num desses barcos no percurso entre as cidades de Boca do Acre e Pauini e a partir de agora, os leitores saberão como foi essa viagem ou como muitos afirmam, essa aventura.

Nessas viagens ou aventuras, o sufoco é muito grande. Redes amontoadas, impossibilidade de poder trafegar dentro das embarcações, banheiros lotados e apertados, a refeição nem sempre agrada e por aí. Nada que os caboclos da Amazônia não sejam capazes de enfrentar e chegar aos seus destinos. É a vida ribeirinha que caminha com o rio, sob o banzeiro das águas do caudaloso rio Purus. Viagem ou aventura. Os leitores saberão a partir de agora que lerão a reportagem postada no Portal do Purus, acompanhou toda essa interessante e sofrida viagem.

Viagem ou aventura?

Tradicionalmente pauinienses e bocacrenses viajam no trajeto do rio Purus que liga as duas cidades. O fluxo das embarcações, os famosos freteiros, se torna mais intenso na época da cheia, ocasião em que o rio oferece navegabilidade e facilita o traslado de cargas e passageiros entre os municípios. De Boca do Acre à Pauini são em média 12 horas de viagem, sendo que o retorno, de Pauini para Boca do Acre, a viagem demorar até 36 horas.

A parte negativa não está na viagem, mas na forma com que os passageiros são obrigados a embarcar e seguir para seu destino. Os porões vão abarrotados de mercadorias, sem contar com a quantidade de passageiros que ultrapassa o permitido pela Capitania dos Portos

Em barcos com a capacidade para pouco mais de vinte passageiros, os donos chegam a viajar com mais de sessenta, e todo esse peso faz com que algumas embarcações zarpem dos portos com menos de trinta centímetros de borda livre, isso sem falar que se caso houver um acidente e o barco afundar, não há colete salva-vidas para todos.

O sufoco é grande. Redes amontoadas, impossibilidade de poder trafegar dentro das embarcações, a comida nem sempre é de boa qualidade, enfim, todas essas observações desmentem a propaganda dos proprietários que anunciam suas viagens, tentando conquistar o passageiro, oferecendo segurança, conforto e boa alimentação.

Com a realidade financeira sem poder oferecer outra alternativa de ir e vir, muita gente chega e sai de Boca do Acre de barco, motivadas unicamente pelo preço da passagem, que custa setenta reais, tendo que se sujeitar ao desconforto e as vezes sem poder simplesmente realizar uma necessidade fisiológica.

“Agente se sujeita a isso por não ter condições de viajar de avião, então saímos de Boca do Acre para Pauini, mas não sabemos se chegaremos lá, porque o risco é grande”, falou uma passageira, que aqui vamos identificar pelo codinome Odete.

Os ‘freteiros’ agem com esperteza. O horário de saída é sempre por volta das 20 horas, na tentativa de driblar a vigilância da Marinha do Brasil e também com a justificativa de não oferecer a janta aos passageiros.

O Comandante da Marinha do Brasil em Boca do Acre, Capitão-Tenente Benedito Ferreira de Farias, sempre afirma que a Agência Fluvial realiza um trabalho muito sério junto a essas embarcações, notificando quando há irregularidades. Farias disse que é necessário que a população denuncie casos de desrespeito ou abuso com o passageiro.

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