Vereador de Iranduba diz que 11 colegas recebiam ‘mensalinho’

O Ministério Público do Estado deflagrou, na última terça-feira, a operação Cauxi, para investigar a Prefeitura de Iranduba
O Ministério Público do Estado deflagrou, na última terça-feira, a operação Cauxi, para investigar a Prefeitura de Iranduba
O Ministério Público do Estado deflagrou, na última terça-feira, a operação Cauxi, para investigar a Prefeitura de Iranduba

MANAUS – O vereador de Iranduba Antônio Irapuan (PDT) revelou, em depoimento no Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que dos 13 vereadores da Câmara Municipal daquela cidade, 11 recebiam ‘mensalinho’, no valor de R$ 10 mil, para votar de acordo com orientações do líder do prefeito na Câmara, o vereador  Antônio Gerlande (PTN).

O depoimento faz parte do pedido de prisão e busca e apreensão formulado pelo MP-AM, que resultou na prisão do prefeito Xinaik Medeiros (PTB) e de membros da administração municipal, na última terça-feira, durante a operação Cauxi.

Segundo Irapuan, apenas ele e o vereador Ernandes Rocha (PSDB) não recebiam os pagamentos que, de acordo com o depoente, era feito na forma de R$ 5 mil nos primeiros dias do mês, e o restante entre os dias 10 e 20 de cada mês.

“Caso algum deles (vereadores) não votasse de acordo com as orientações do líder do governo, o pagamento da propina no valor de R$ 10 mil e demais benefícios e contratos eram automaticamente cortados pelo secretário de finanças, David Queiroz”, disse o vereador, em depoimento ao MP-AM.

De acordo com Irapuan, os vereadores possuem dois assessores pagos pela Prefeitura de Iranduba, além de muitos serem donos de imóveis e carros alugados pela administração municipal.

Delação   
Nesta sexta-feira (13), o MP-AM informou a negocição de um acordo de colaboração premiada com um dos intimados a depor sobre o esquema de corrupção na Prefeitura de Iranduba, que movimentou mais de R$ 55 milhões. A assessoria do órgão não revelou qual dos envolvidos no processo vai prestar a colaboração, mas adiantou que, em contrapartida, o delator pode ter uma redução da pena caso seja condenado.

Ainda nesta sexta-feira, a desembargadora Carla Reis autorizou a libertação do presidente da Comissão de Licitação de Iranduba, Edu Corrêa Souza, caso não haja pedido em contrário por parte do MP-AM.

O promotor de Justiça Lauro Tavares, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), já havia adiantado, na última quarta-feira, que três dos depoentes do caso solicitaram junto ao órgão fazer a colaboração premiada, sendo dois conduzidos coercitivamente (que prestaram esclarecimento e foram liberados) e um que foi preso temporariamente.

Ainda sobre os depoimentos, nesta sexta, o secretário de infraestrutura de Iranduba, André Maciel Lima, voltou a ser ouvido pelo MP-AM, segundo a assessoria do órgão. É o terceiro depoimento de Lima, em dois dias. Foram 17 horas de depoimento do secretário.

Na quinta-feira, o MP-AM ouviu, também, o caseiro do pai do prefeito de Iranduba, Xinaik Medeiros (PTB), o agricultor Jomar Cintra de Andrade. Ele afirmou ter recebido R$ 2 mil de uma sobrinha do prefeito para que cedesse seus documentos, informou a assessoria do MP-AM.

O agricultor alegou desconhecer qualquer esquema de corrupção e disse que trabalha como caseiro do prefeito, ganha R$ 800 por mês e não tem a carteira de trabalho assinada.

Atualmente, apenas um mandado de condução coercitiva ainda não foi cumprido: o do flanelinha. A suspeita do MP-AM é que o envolvimento dele seja semelhante ao do caseiro, de servir como ‘laranja’.

“A cúpula dessa organização criminosa usou ‘laranjas’, pessoas simples que apenas declinavam seus nomes e documentos dessas pessoas para que empresas fossem abertas. Essas empresas movimentavam milhões de reais. São pessoas que nós temos conhecimento, que são praticamente semianalfabetas. Portanto, pessoas que eram usadas de forma inocente”, declarou Tavares.

Nesta , a deembargadora Carla Reis converteu de temporária para preventiva a prisão da  tesoureira do Fundo Municipal de Saúde e irmã do prefeito, Nádia Medeiros. No regime temporário, Nádia ficaria presa até amanhã, mas, com a decisão, ela ficará mais tempo presa. De acordo com a deembargadora, caso Nadia fosse libertada, poderia comprometer as investigações.

O Ministério Público do Estado também pediu a prisão temporária do proprietário da funerária com a qual a Prefeitura de Iranduba tinha contrato, segundo o MP-AM, de R$ 4 milhões. D24AM

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