Manaus, AM – Ainda na década de 60, Deusdete Fonseca de Lima, montou sua primeira banca de comida no início da escadaria da Catedral Metropolitana de Manaus e por anos foi a única pessoa que ali trabalhava.
Depois de algum tempo, novas mulheres se tornaram protagonistas nessa história e passaram a compor o comercio de comidas típicas da praça da Matriz. Hoje, sexta-feira, 3 de novembro, as atuais permissionárias tiveram a oportunidade de acompanhar os retoques finais dos seus quiosques, que serão inaugurados no próximo dia 15 de novembro, na grande festa de reabertura da Matriz.
“Entrar aqui me deixa emocionada, eu lembro de cada detalhe, desde o primeiro dia que eu comecei a trabalhar nessa praça. Eu agradeço muito a Deus e ao prefeito Arthur Virgílio Neto por resgatar parte da minha história”, comentou Deusdete Fonseca, hoje com 89 anos.
Costumes repassados
Os costumes e ensinamentos no preparo dos alimentos, há 50 anos foram passados de geração a geração e, hoje, quem assumirá a banca será sua filha, Doralice Lima Seabra, 64. “Eu trabalho aqui a mais de 30 anos, eu cresci nessa praça e tudo o que sei foi minha mãe quem me ensinou. Estou muito ansiosa para voltar a trabalhar nesse lugar. Foi aqui que eu cresci e isso significa muito para minha vida”, disse a filha da dona Deusdete.
A praça 15 de Novembro, mais conhecida como praça da Matriz, foi totalmente revitalizada, tendo seu principal monumento – o Relógio Municipal – restaurado. Na próxima segunda-feira, 6/11, o maquinário será montado e o ‘coração da matriz’ voltará a bater mais forte que nunca.
Os últimos ajustes seguem no assentamento das pedras de São Tomé, similares e integradas as da ‘Nova Eduardo Ribeiro’. A praça também recebe ações de jardinagem, pintura, instalações de luminárias à LED, bancos de concretos na iconografia histórica, além de três bancas de tacacá, uma de revista e um postoda Polícia Militar.
Sítio arqueológico
A antiga área do aviaquário será exposta, como uma espécie de sítio arqueológico, onde foram achados calçamentos originais da praça. No futuro, o espaço receberá nova intervenção, assim como o chafariz, que, por conta do encerramento das atividades do programa federal “Monumenta”, ainda será restaurado.
Para o coordenador do PAC Cidades Históricas, Rafael Assayag, a Matriz é um ponto de encontro da cidade. ”Manaus está reencontrando sua identidade e a sua história aqui no centro. Trazer essas mulheres, que fazem parte da história dessa praça, é tornar vivo todo o simbolismo que por anos e anos foi construído aqui”, disse. “É mais um cartão-postal que será reaberto para a visita de toda a população”, completou.
Ânimo novo
Valcirene Nogueira de Morais, 63, que trabalhou na Matriz por 20 anos, diz que ter a praça entregue de volta para a população é um verdadeiro presente. “Foi o melhor presente que esta gestão podia nos dar. Eu não vejo a hora de voltar a usar esse presente, que não é só meu, mas de toda a nossa cidade e cada um dos manauaras merece usufruir desse lugar lindo”, falou.
Assumindo o lugar da irmã, a permissionária Raimunda Nascimento de Oliveira, 38, visita ansiosa o local onde irá trabalhar. “Agora, com certeza, vamos trabalhar muito melhor. Eu comecei quando era adolescente, aprendendo o ofício com a minha irmã, e assumirei essa responsabilidade. Tudo que eu construí na minha vida veio do que eu aprendi aqui”, finalizou.
A Praça da Matriz será reinaugurada com uma missa campal, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Manaus, Dom Sérgio Castriani, além de outras surpresas.
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