
Brasilia – O presidene Miichel Temer decidiu manter no cargo o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, mesmo depois de uma acusação de tráfico de influência. O caso vai ser investigado pela Comissão de Ética Pública.
O presidente da Comissão de Ética Pública propôs abertura de processo contra o ministro Geddel. Outros quatro conselheiros concordaram, mas a votação foi interrompida pela manhã, porque houve pedido de vista.
O advogado baiano José Saraiva, conselheiro, único nomeado no governo Temer para a comissão, disse que precisava se inteirar da história.
Fatos que estão no noticiário desde sexta-feira (18), quando Marcelo Calero deixou o Ministério da Cultura.
No primeiro momento, ele alegou divergências no governo. No sábado (19), disparou contra Geddel. Calero contou que estava sendo pressionado para que o Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, subordinado ao Ministério da Cultura, liberasse a construção de um arranha-céu no centro histórico de Salvador. Geddel comprou um apartamento desse projeto.
“Ele queria que o Iphan nacional desse uma decisão que o beneficiaria em termos pessoais, porque ele tinha um apartamento. Claro, por ter um apartamento, ele tinha todo interesse”, disse Calero.
O empreendimento que gerou a crise é o residencial La Vue, que fica na Ladeira da Barra, endereço nobre de Salvador. A obra começou em outubro do ano passado, com projeto de 31 andares, aprovado pela prefeitura e autorizado pelo Iphan da Bahia.
Mas o Iphan nacional contestou. Primeiro, só permitiu que o prédio tivesse 13 andares. E na semana passada decidiu pelo embargo imediato da obra.
Geddel comprou um dos imóveis na planta, no 23º andar. O empreendimento tem vista livre para a Baía de Todos os Santos e fica numa região com construções tombadas, como o Outeiro e a Igreja de Santo Antônio, além do forte de Santa Maria.
Apatamento
Ele confirma que comprou um dos apartamentos, mas voltou a negar que tenha defendido interesse pessoal.
“Era muito importante, volto a insistir, dentro de um conceito que o estado brasileiro precisa oferecer a quem investe, segurança jurídica, tranquilidade e serenidade. Portanto, foi nessa linha e nesse contexto que eu tratei com o ex-ministro Calero. Em nenhum momento colocando interesses eventuais, por mais legítimos que fosse, acima de uma tese. Volto a dizer: lamento que tudo isso tenha tomado uma proporção que jamais imaginei que pudesse ter tomado”, afirmou Geddel.
Geddel evitou aparecer em público nesta segunda (21). A cadeira reservada a ele num evento no Planalto permaneceu vazia. Mas ele conversou várias vezes com temer e disse que estava tranquilo. O porta-voz da presidência fez o anúncio. Pelo menos por enquanto, o presidente não vai fazer nada.
A oposição já pediu investigação à Procuradoria-Geral da República.
“Formulamos um pedido para que ele investigue expressamente o crime de concussão, ou seja, quando um agente público constrange outro para que realize uma ação ilegal, e o de advocacia administrativa, quando um agente público, utilizando o seu poder, atua para obter algum benefício de ordem pessoal”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
Com a repercussão negativa, Geddel acabou pedindo à Comissão de Ética para tratar a questão ainda nesta segunda. O pedido de vista foi retirado e, no fim da tarde, o processo contra ele foi aberto.
É um processo demorado, que pode concluir até pela exoneração do ministro. Recomendação apenas, porque a palavra final é do presidente Michel Temer. Geddel é homem forte do governo, amigo de Temer e foi um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff.
Como secretário de Governo, Geddel é peça-chave na relação com o Congresso, onde estão os projetos urgentes para o enfrentamento da crise econômica.
Amazonianarede-Agencia Brasil