TAM se recusa a operar em Belém sob chuva

(Foto: Divulgação)

Filas enormes, fome, desânimo, crianças e adultos aborrecidos, pessoas dormindo no chão e dúvidas compunham o clima do saguão do Aeroporto Internacional de Belém ontem (10).

De quarta-feira até ontem, a empresa cancelou mais de 20 voos. Muitas pessoas passaram a madrugada de quinta para ontem no aeroporto sem alimentação ou hospedagem e sem saber quando iriam embarcar.

“Meu voo era para sair à 1h da manhã de hoje (ontem). Depois disseram que iria sair em uma hora, resolvi ficar aguardando aqui e passei a noite toda esperando. Até agora não tenho nem ideia de quando vou embarcar”, informou Marcelo Magalhães, pesquisador da Embrapa. “A gente não sabe se vai embarcar hoje, amanhã ou domingo”.

A justificativa dada aos passageiros pelos agentes da TAM foi que os voos estavam atrasados ou cancelados porque a pista do aeroporto estava molhada e sem condições de receber as aeronaves. No entanto, outras companhias estavam operando normalmente. “Durante toda a noite, as outras companhias aéreas pousaram e decolaram, menos a TAM.

Percebemos que essa justificativa não tem muito sentido, até porque todo mundo sabe que na Amazônia sempre chove. Já é manhã e a chuva cessou, mas os pousos e decolagens continuam não acontecendo”, reclamou Gilberto Rocha, professor da UFPA.

A Infraero afirmou em nota que o sistema de pista de pouso e decolagem do aeroporto de Belém/Val-de-Cans estava operando normalmente, dentro das especificações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A nota informa ainda que as outras empresas aéreas estão pousando e decolando sem restrições e que a decisão de suspender as operações de pouso e decolagem é exclusiva da companhia aérea.

Pela resolução número 141/2010 da Anac, é dever das empresas aéreas informar para os passageiros sobre atrasos e cancelamentos de voos e o motivo. Além disso, a companhia deve oferecer comunicação e alimentação adequada em atrasos superiores a uma hora. Se o atraso for superior a duas horas, o passageiro deve receber acomodação em local adequado; e traslado e serviço de hospedagem para esperas maiores do que quatro horas.

Mas não foi o que aconteceu. Um casal de idosos reclamava do descaso da companhia. “Passamos a noite aqui no aeroporto sem alimentação e sem lugar para dormir. O nosso voo era para ter saído ontem às 23h20 e desde as 22h estamos aqui sem informação e com fome”, reclamou o aposentado Antônio de Macedo, que estava indo para Manaus com sua esposa.

Na noite de ontem, em meio a confusão, um passageiro pulou o balcão da companhia e reclamou exaltado no escritório da TAM. Ele, que não se identificou, estava desde de manhã com a namorada no aeroporto para uma viagem para Fortaleza e devido ao cancelamento do voo pediu remanejamento para outra empresa, mas a TAM realocou apenas a namorada dele.

A passageira Carla Ferreira relatou que o voo dela para Recife (PE) estava previsto para às 15h e já estava dentro do avião quando teve que retornar para o saguão do aeroporto. “A gente já tinha feito o check-in, embarcado e quando a gente já estava acomodada nos mandaram descer porque o voo tinha sido cancelado”, disse.

Revolta

Já eram quase 21h e ela estava revoltada porque desde que desceu da aeronave a TAM ainda não tinha devolvido a cachorra dela que estava no bagageiro do avião. Também revoltado estava Carlos Santos que ia para o Rio de Janeiro. Ele saiu do Aeroporto de Macapá (AP) durante a madrugada de ontem e estava desde às 3h45 no saguão do aeroporto de Belém.

Para não decolar, os piltos da TAM em outras cidades informaram aos passageiros que chovia torrenciamente em Belém, o que impediria o pouso. Alguns passageiros, em contato com parentes em Belém, ficaram sabendo que não havia sinal de chuva na cidade, o que gerou mais reclamações.

A verdade é que os pilotos da TAM têm criticado a obra de recuperação da pista do aeroporto de Belém, que a teria deixado pior do que estava , ficando escorregadia e perigosa quando molhada.

Há cerca de 600 pessoas que vinham para o Pará e foram espalhadas em hotéis e aeroportos de Macapá e São Luís, cidades para onde os voos estão sendo desviados.

Em relatos obtidos pelo DIÁRIO nas redes sociais, destaca-se a situação descrita por uma mãe.
“A minha filha saiu de São Paulo ontem dia 09/01 as 17 horas em um voo direto da TAM para Belém. Foram deixados em São Luís do Maranhão. Ficaram mais de 5 horas no avião esperando até as 4 da manhã e mandaram saltar. A TAM não prestou assistência nem informações. Depois de passarem a noite de ontem e o dia de hoje esperando no aeroporto foram embarcados às 17 horas de hoje rumo a Belém, acabou a história? Não! Chegaram sobre a pista e arremeteram e foram embora, pousaram e estão presos em Macapá dentro do avião até agora. Informações e respeito pelos passageiros zero”, disse a mãe de uma passageira.

“Minha filha acabou de me ligar avisando que mandaram sair do avião para comer algo pois está chovendo muito em Belém, o que é uma mentira deslavada”, acrescentou.

Segundo informações obtidas pelo DIÁRIO com fontes da própria companhia, foram emitidos comunicados orientando os pilotos a não pousarem ou decolarem do aeroporto de Belém com a pista molhada, por questões de segurança.

As obras de revitalização da pista principal do Aeroporto foram concluídas no dia 15 de dezembro de 2013. Entretanto, uma foto obtida pelo DIÁRIO mostra que a drenagem não funciona corretamente e a água da chuva fica acumulada, podendo deixá-la escorregadia, conforme alegam os pilotos.

Serviço

Segundo a Anac, os passageiros que se sentirem lesados podem reivindicar indenizações por danos morais e materiais junto ao Procon e ao Poder Judiciário.

É importante que os passageiros guardem os comprovantes como cartão de embarque, notas fiscais de gastos eventuais realizados como alimentação, transporte, hospedagem e comunicação, além de documentos relacionados à atividade profissional que seria realizada no destino.

Resposta

Em nota, a TAM afirmou que, após uma análise minuciosa das condições de decolagem e aterrissagem no aeroporto de Belém, a companhia decidiu não operar no local em caso de acúmulo de lâminas d’água ou pista severamente molhada, já que sua prioridade é prestar um transporte seguro aos seus passageiros.

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