Sul-africanos se despedem de Mandela com música e tristeza

(Por Peroshni Govender e Pascal Fletcher)

JOHANESBURGO – Os sul-africanos se uniram na despedida de Nelson Mandela, nesta sexta-feira, mas enquanto alguns celebravam sua vida com música e danças, outros demonstravam temores de que a morte do herói antiapartheid pode deixar o país vulnerável novamente a tensões raciais e sociais.

Ao mesmo tempo em que a nação de 52 milhões de habitantes assimilava a notícia de que o idolatrado ex-presidente partiu para sempre, muitos ainda se declaravam em choque com a morte de um homem que se tornou um símbolo mundial da reconciliação e da coexistência pacífica.

Os sul-africanos ouviram o presidente do país, Jacob Zuma, anunciar na quinta-feira que o ex-presidente e Nobel da Paz havia morrido na sua casa, em Johanesburgo, na companhia de familiares e em paz.

Apesar das garantias de líderes e figuras públicas de que a morte de Mandela, ao mesmo tempo que penosa, não vai impedir que a África do Sul siga avançando e se distanciando do passado amargo do apartheid, alguns ainda expressam inquietações sobre a ausência física do homem que ganhou fama como um agente da paz.

“Não vai ser bom. Eu acho que vai se tornar um país mais racista”, disse Sharon Qubeka, 28 anos, uma secretária da comunidade de Tembisa, que se dirigia ao trabalho em Johanesburgo.

“Mandela era o único que mantinha as coisas unidas”, disse.

Uma avalanche de tributos espalhou-se pelo mundo em homenagem a Mandela, que estava doente há quase um ano, vítima de uma enfermidade pulmonar recorrente, com a qual ele conviveu desde os tempos em que esteve em prisões, como a notória colônia penal de Robben Island.

Para a África do Sul, no entanto, a perda de seu líder mais amado ocorre no momento em que a nação, depois de ganhar reconhecimento global com o fim do apartheid, vive crescentes conflitos trabalhistas, protestos contra serviços precários, pobreza, criminalidade, desemprego e escândalos de corrupção que atingem o governo de Zuma.

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