Silêncio sobre Nobel pode custar US$ 900 000 a Bob Dylan

Como condição para receber a parte financeira da gratificação, vencedor deve realizar palestra sobre literatura dentro de seis meses
Como condição para receber a parte financeira da gratificação, vencedor deve realizar palestra sobre literatura dentro de seis meses
Como condição para receber a parte financeira da gratificação, vencedor deve realizar palestra sobre literatura dentro de seis meses

Muitos dariam o braço direito para receber quase 1 milhão de dólares por uma palestra, mas Bob Dylan parece não se importar em perder o valor. O silêncio do músico diante do Nobel de Literatura, outorgado no último dia 13, pode lhe custar o cheque de 900 000 dólares, quantia que acompanha a condecoração. Pelas regras do Nobel, o vencedor precisa fazer uma palestra sobre literatura — ou, no caso de Dylan, até uma apresentação– dentro de seis meses para receber a honraria. A Fundação Nobel não aceita rejeições — o nome de Dylan será listado como o do vencedor de 2016 independentemente do que ele disser, mas o dinheiro do prêmio é outro assunto.

Como condição para recebê-lo, Dylan deve dar uma palestra sobre um tema “relevante para a obra para a qual o prêmio foi concedido” não mais do que seis meses após 10 de dezembro, o aniversário da morte do inventor da dinamite, Alfred Nobel. “É isso que pedimos em troca”, disse Jonna Petterson, porta-voz da Fundação Nobel, acrescentando que Dylan também poderia optar por dar um show em vez de uma palestra. “Sim, estamos tentando encontrar um arranjo que sirva ao laureado.”

A palestra não precisa ser concedida em Estocolmo. Quando a romancista britânica Doris Lessing ganhou o Nobel de Literatura em 2007, estava doente demais para viajar. No lugar disso, ela elaborou uma palestra e a enviou a seu editor sueco, que a leu em uma cerimônia na capital da Suécia.

A Academia homenageou Dylan, de 75 anos, por “ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana”.  As canções de Dylan, como Blowin’ in the Wind, The Times They Are a-Changin’, Subterranean Homesick Blues e Like a Rolling Stone, capturaram o espírito rebelde e antiguerra da geração dos anos 1960 e comoveram muitos jovens igualmente mais tarde. A Academia Sueca despertou polêmica ao escolher Dylan, já que muitas pessoas questionaram se seu trabalho se qualifica como literatura, enquanto outras se queixaram de que a Academia perdeu a oportunidade de chamar atenção para artistas menos conhecidos.

Ao longo dos anos, outros laureados recusaram o prêmio. Um deles foi o filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre em 1964. Alguns anos depois, quando Sartre passou por dificuldades, seu advogado escreveu à Fundação Nobel pedindo que enviassem o dinheiro a Sartre, o que lhe foi negado.

Per Wastberg, membro da Academia Sueca que concede o prêmio, disse que o silêncio de Dylan é “mal-educado e arrogante”. O cantor e compositor americano, um ícone cultural da dissidência e do protesto a partir dos anos 1960, não disse nada sobre a homenagem anunciada duas semanas atrás.

amazonianarede-reuters

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