RR: Colonos denunciam invasão de seus lotes

Amazonianarede – Folha BV

Boa Vista – Além da iminência de a qualquer momento serem intimados a desocuparem os lotes, os produtores da região do Passarão, na área rural de Boa Vista, agora estão tendo que conviver com outro problema: a ação de invasores. Desde que foi anunciada a liberação de verba federal para a implantação do Projeto de Irrigação na localidade, as propriedades estariam sendo alvo de invasores.

Há cerca de uma semana um grupo de pessoas vem ocupando os lotes e até levantando barracos, conforme informaram os produtores Manoel Correia Lira e Carlos Cleogard. A ação tem revoltado os agricultores que já vivem na iminência de terem que deixar os lotes onde produzem há anos devido a implantação do projeto na área denominada Distrito Hortifrutigranjeiro.

“Daqui a pouco Boa Vista todinha vai estar lá invadindo, fazendo barracos. Já tem um monte de madeira para montar barracos nas nossas terras. O meu ainda não foi invadido, mas o do meu vizinho já tem um monte de barracos levantados”, disse Cleogard.

Conforme os produtores, o grupo tem utilizado a estratégia de informar que são de uma empresa de energia para entrarem nas localidades. “Eu estava prendendo meu gado e vi três pessoas dentro das minhas terras. Eles disseram que estavam verificando se tinha cerca e se era uma fazenda. Perguntei o que queriam e me informaram que trabalhavam na empresa de energia. Mas sabemos que isso é mentira”, relatou Correia.

Os produtores informaram que os invasores disseram ter “um papel” emitido pelo Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) e que teriam sido incentivados a irem para a região. “Mas se eles já estão querendo tirar a gente daqui como é que estão mandando mais gente. Imaginamos que como eles estão chamando a gente de invasor esse pessoal esteja sendo mandado para lá para complicar ainda mais nossa situação”, comentaram.

Os dois agricultores afirmaram que suas ocupações na região do Passarão não são fruto de invasões. Ambos foram assentados pelo próprio Iteraima e até pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) em outras gestões.

“Eu não sou invasor. Fui assentado lá há treze anos pelo secretário de Agricultura, na época o Salomão Cruz. Tenho criação de gado e cerca de 400 hectares de terra com plantação de caju, manga e goiaba”, informou Correia.

Carlos Cleogard tem até o título definitivo da propriedade de 60 hectares que ocupa no Passarão. “Eu recebi o título das mãos do governador Anchieta Júnior e, achando que estava seguro na terra, fiz investimento, paguei os impostos e agora tenho cinco dias para tirar tudo o que construí durante oito anos. A situação é de revolta”, disse.

A princípio, o projeto de Irrigação do Passarão teve início pelo convênio firmado entre o extinto Ministério da Integração Regional e Estado de Roraima, através do convênio nº 050/93. Atualmente está vigente o convênio nº 0246/2011 celebrado entre o Ministério da Integração Nacional – Secretaria Nacional de Irrigação e o Estado de Roraima. Entretanto, o projeto teve os estudos preliminares iniciados em 1991 e seu objetivo era proceder à implantação de uma área irrigada de 10.000 hectares.

“Esse projeto nunca existiu. É uma mentira, uma farsa. As pessoas que realmente produzem na região eles estão querendo desapropriar”, destacaram.

OUTRO LADO

A Folha procurou a assessoria de comunicação e o presidente do Iteraima, Márcio Junqueira, para falar sobre a denúncia, mas devido ao final de semana não foi possível contato.

(Por: VANESSA LIMA)

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