PT tenta manobra para livrar processo de cassação contra Genoino

(Reportagem: Adriana Caitano)

Governistas farão de tudo para que o processo de cassação não seja votado antes de o deputado petista passar por uma nova avaliação dos médicos da Câmara, daqui a 90 dias.

A Mesa Diretora da Câmara se reúne hoje para decidir se abre processo de cassação do mandato de José Genoino (PT-SP), menos de 24 horas depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendar que o deputado licenciado continue em prisão domiciliar. O comentário de Janot contraria o laudo da junta médica da Universidade de Brasília (UnB), emitido na semana passada indicando que o petista não precisa ficar em casa para se tratar de doença cardíaca. Com a posição favorável do Ministério Público, o PT já adiantou a manobra que utilizará para tentar impedir que o parlamentar seja cassado: adiar a decisão até que médicos da Casa definam se aposentam Genoino por invalidez, sob o argumento de que até lá ele não tem saúde para se defender. Outra arma utilizada pelos petistas é a ameaça. “Aqui se faz, aqui se paga”, disse o líder do partido e irmão do deputado, José Guimarães (CE).

Ontem, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), subiu na tribuna para adiantar a tática de adiar mais um pouco a decisão sobre o processo contra Genoino. Há duas semanas, ele pediu vistas do assunto antes mesmo de ser votado, na tentativa de deixar a análise para depois do laudo sobre a aposentadoria. Como os médicos da Câmara não declararam Genoino inválido permanentemente, Vargas lançou mão de outro argumento. “Nós não deveríamos instaurar esse procedimento enquanto ele estiver licenciado, porque está na Constituição o direito à ampla defesa e ele não tem condições físicas de vir se defender, não pode ser submetido a uma situação de estresse, como o próprio laudo diz”, afirmou.

O vice-presidente da Casa diz já ter conversado pessoalmente sobre o assunto com todos os demais integrantes da Mesa — apenas um dos sete é da oposição — e afirma ter “apelado para suas consciências e o senso de humanidade”. Vargas garantiu que “não se trata de manobra” nem de uma posição partidária. Mas, segundos depois, José Guimarães, que evitava falar sobre o assunto, deu declarações à imprensa em tom de ameaça, sem especificar o alvo nem o que pretendia fazer. “Se aparecer algum carrasco querendo cassá-lo de maneira precipitada, a gente responderá à altura”, disparou.

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