Profissionais preparam-se para atuar com culturas do milho, feijão-caupi e mandioca no interior do AM

(Reportagem: Felipe Rosa – Fotos: Mirza Pereira e Felipe Rosa)

O projeto coordenado pela Embrapa Amazônia Ocidental na área de Culturas Alimentares dentro do Programa Residência Agrária/Pró-rural, gerenciado pela Secretaria de Estado de Produção Rural do Amazonas (Sepror), deu um importante passo em seu processo inicial de execução.

Nesta semana (09/09 a 14/09), 21 profissionais que vão atuar no interior do Estado do Amazonas através do projeto – prestando assistência técnica a produtores rurais nas culturas do milho, feijão-caupi e mandioca – foram capacitados no curso intitulado Culturas Alimentares, que ofereceu aos participantes tecnologias de produção e conhecimentos específicos para a área.

A capacitação foi ministrada por pesquisadores da própria Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, e abordou os aspectos teóricos e práticos das culturas do milho, feijão-caupi e mandioca em ecossistemas de várzea e terra firme; noções práticas e teóricas de uso do GPS; e perfil da agricultura familiar.

Os profissionais capacitados vão atuar em 21 municípios distribuídos por todas as regiões do Amazonas: Tefé, Itamarati, São Gabriel da Cachoeira, Apuí, Barcelos, Canutama, Borba, Ipixuna, Beruri, Guajará, Itapiranga, Uarini, Caapiranga, Humaitá, Envira, Japurá, Maraã, Tapauá, Santa Isabel do Rio Negro, Anori e Eirunepé. No interior do Estado, os técnicos terão a missão de ser um elo entre os produtores e a pesquisa, ouvindo as demandas dos agricultores e auxiliando na adoção de tecnologias que sejam apropriadas para as localidades.

O trabalho estratégico dos técnicos no interior tem como objetivo aumentar a produtividade das três culturas que integram o projeto, proporcionando o aumento tanto da oferta de alimentos no mercado como da renda familiar, além da segurança alimentar e da qualidade de vida dessas populações. Espera-se, também, que o uso de tecnologias adequadas à realidade das condições socioambientais do Amazonas promova uma redução da prática do sistema de cultivo tradicional, com derruba e queima, uma vez que o uso de técnicas de manejo e conservação de solos possibilita o cultivo contínuo nessas áreas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental e coordenador do projeto, Inocencio Júnior de Oliveira, a atuação dos técnicos no interior possibilitará a expansão da assistência técnica na área de culturas alimentares de duas formas: em quantidade e qualidade. “Sabemos que o interior tem carência de novas tecnologias, e este projeto poderá ajudar a diminuir esta necessidade”, disse.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental e que também trabalha na coordenação do projeto, Mirza Pereira, a expectativa é que os técnicos funcionem como interlocutores entre as tecnologias adequadas e os agricultores. “Estamos capacitando estes profissionais não apenas para terem conhecimento técnico, mas também maturidade para lidar com os produtores”, destacou a pesquisadora, que completou: “Este é um projeto piloto, para tentarmos oferecer assistência técnica de forma diferenciada para o campo, levando em conta as características do Amazonas”.

Avaliação

Os profissionais que participaram do curso avaliaram de forma positiva a atividade. Para o engenheiro agrônomo que atuará em Apuí, Jéferson Vieira, a capacitação foi uma oportunidade de renovar os conhecimentos que serão colocados em prática. “O curso é importante, pois é um momento de reciclagem, principalmente para quem está há muito tempo atuando na área. Queremos superar as expectativas e ajudar a diminuir as deficiências de tecnologia que existem no Estado” ressaltou.

Para o técnico agropecuário, Manuel Neto, o curso foi fundamental para tirar dúvidas e para obter novas informações que poderão ser úteis no trabalho de campo que realizará no município de Beruri. “Tenho certeza que este projeto vai dar certo e que vamos conseguir fazer com que os produtores consigam produzir mais”, pontuou.

A engenheira agrônoma que vai desempenhar suas atividades em Itapiranga, Simone Soares, destacou a importância das aulas práticas realizadas durante o curso. “É bom ter esta parte fora da teoria e fazer o trabalho mais prático, pois assim é possível entender melhor a vivência do produtor” disse.

De acordo com o técnico agropecuário, Moisés Barbosa, os conhecimentos aprendidos durante o curso poderão ajudar na diversificação das culturas do município de Caapiranga, onde ele trabalhará. “Hoje a base de produção do município é a mandioca e o cará. Vamos tentar sugerir também estas duas culturas (milho e feijão-caupi), mas sempre respeitando a tradição deles”, destacou Barbosa, que completou: “Nossa expectativa é alavancar a produção de Caapiranga”.

A parte teórica da capacitação aconteceu na Inspetoria Missionária Laura Vicuña, em Manaus, e a parte prática no Campo Experimental do Caldeirão, pertencente à Embrapa Amazônia Ocidental, em Iranduba. A atividade contou com apoio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas), Sepror e Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado Amazonas).

Pró-Rural

O Residência Agrária/Pró-Rural é um programa criado pela Sepror em parceria com a Fapeam e com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). A ação é voltada para a difusão de novas técnicas de produção sustentável resultantes de pesquisas científicas e tecnológicas, que buscarão alavancar a produção rural, o crescimento econômico, a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida da população dos municípios do interior do Amazonas.

O título completo do projeto que integra o Pró Rural na área de Culturas Alimentares é “Estratégias de Socialização e Transferência de Conhecimentos para Adoção de Inovações Tecnológicas nas Culturas Alimentares pelos Agricultores Familiares do Amazonas”.

Abertura do curso

Durante a abertura da capacitação, o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Ocidental, Celso Paulo de Azevedo, destacou a importância do trabalho dos técnicos para que as tecnologias desenvolvidas pelas instituições de pesquisa possam chegar aos produtores de forma adequada. “Transferência de tecnologia dá trabalho. Vocês não podem chegar no campo achando que sabem de tudo. É preciso ter uma estratégia e é por isso que o projeto fala em estratégia de socialização. Esperamos que o trabalho de vocês ajude a estimular a ambição positiva no produtor, para que ele queira produzir mais”, destacou.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, aprovou a iniciativa do governo estadual em reforçar e fortalecer a assistência técnica através do programa Residência Agrária. “Ano passado o IBGE divulgou uma pesquisa mostrando que o produtor rural que tem acesso à assistência técnica tem uma produtividade três vezes maior em relação ao produtor que não tem este tipo de assessoramento. O IBGE mostrou nesta mesma pesquisa, que não só a produtividade deste produtor assistido é três vezes maior, mas também a renda desta família é três vezes maior”, disse.

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