Presidente do PSL comenta apoio a Maia e diz que presidir CCJ é questão de ‘governabilidade’

Para o presidente do PSL o apoio a Maia e diz que presidir CCJ é uma  questão de 'governabilidade'

Parte da bancada se reuniu nesta quinta-feira (3), um dia após a cúpula do partido fechar acordo com o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em troca de postos de comando na Casa.

Brasilia – Após reunião com parte da bancada do PSL no Congresso, o presidente nacional da legenda, deputado federal eleito Luciano Bivar (PE), disse nesta quinta-feira (3) que ter a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em troca de apoio à reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é uma questão de “governabilidade” para o presidente Jair Bolsonaro.

Outros partidos, como PSD, PPS e PROS, manifestaram apoio nesta quinta-feira a Rodrigo Maia, Considerando as bancadas eleitas em outubro por essas legendas, além do DEM, partido do próprio presidente, Maia conta, em tese, com 161 votos. Para vencer no primeiro turno, ele precisará de pelos menos 257 votos, maioria absoluta na Câmara.

Esse número de apoiadores, porém, pode sofrer alterações com o afastamento de deputados para assumir cargos no Executivo e a convocação de suplentes de outros partidos que eventualmente estejam na mesma coligação do titular afastado.

Disputada entre os partidos, a CCJ é considerada a comissão mais importante, por ser responsável pela análise constitucional de todas as propostas que tramitam na Câmara, inclusive de emendas à Constituição.

Favores

“Em nenhum momento, houve troca de favores ou cargos envolvidos. A CCJ não é um cargo, é uma comissão que faz parte da governabilidade. Não é um emprego. A CCJ vai ter deputados de outras agremiações”, disse Bivar ao ser questionado se a negociação em troca de espaços na Câmara não vai contra o discurso do presidente Jair Bolsonaro de fazer um novo tipo de política.

Pelo acordo fechado com Maia, além da CCJ, o PSL recebeu a promessa de ficar com a segunda vice-presidência da Câmara e a presidência da Comissão de Finanças e Tributação.

De acordo com Bivar, a reunião desta quinta foi para “consolidar a decisão” da liderança da bancada de apoiar o nome de Rodrigo Maia e o lançamento da pré-candidatura do senador eleito Major Olimpio à Presidência do Senado. Cerca de 20 parlamentares, entre atuais e eleitos, participaram do encontro.

Seguirão a decisão

Embora a votação seja secreta, o presidente do partido disse estar seguro de que todos os integrantes da bancada do PSL seguirão a decisão da legenda.

“O PSL está uníssono com isso. Vai propiciar para ele [Maia] 53 votos. E tenho absoluta certeza de que isso vai dar ao governo, ao Planalto, uma governabilidade extremamente confortável para viabilizar as reformas que a sociedade exige”, disse.

Em outubro, o PSL elegeu 52 dos 513 deputados, a segunda maior bancada da Casa, atrás somente do PT, que elegeu 56. Contudo, o PSL espera aumentar a bancada com a filiação de deputados de partidos que elegeram poucos parlamentares e não atingiram a chamada cláusula de barreira, ficando sem tempo de TV e acesso à verba do fundo partidário.

Uma das que pretendem migrar para o PSL é a deputada Bia Kicis, eleita pelo PRP do DF. Ela até já participou da reunião do PSL nesta quinta e tem sido contabilizada como integrante da bancada.

Críticas

Atual terceiro-secretário da Câmara, o deputado JHC (PSB-AL), que é um dos pré-candidatos à Presidência, criticou o anúncio de apoio pelo PSL em troca da promessa de cargos, que ele chamou de “voto de cabresto”.

“[O anúncio] Pegou de surpresa, porque é um governo que se diz inédito […] em que a população espera uma mudança de comportamento. […] Então, quando começa com as mesmas moedas de troca, quando o governo começa a ser seduzido por essa moeda de troca, acaba que a gente nivela o debate por baixo”, disse JHC.

Para ele, o anúncio do acordo de Maia com o PSL é precipitado, porque não leva em conta a opinião dos deputados que ainda não foram empossados nem as novas composições que serão feitas entre as legendas.

“Há um inconformismo muito grande entre os novos parlamentares por não terem sido consultados”, afirmou.

Maia fecha acordos para a reeleição

A deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-PR) contestou as críticas de JHC e disse que se trata de garantir espaços estratégicos para o partido dentro da Câmara, com o objetivo de aprovar medidas do governo. “É uma ingenuidade, uma meninice até, achar que o partido vai conseguir fazer qualquer coisa sem estar em espaços estratégicos”, disse.

Reação

Como consequência direta do anúncio de apoio do PSL a Maia, o PRB, que pretendia lançar candidato próprio, decidiu retirar a candidatura do deputado João Campos (GO), da bancada evangélica, fortalecendo assim o nome do atual presidente.

O mercado financeiro reagiu com pontuação recorde da Bovespa e queda no dólar ao apoio do PSL.

Defensor de medidas liberais na economia, Maia é visto como um fiador das reformas que o governo Jair Bolsonaro precisará aprovar no Congresso, como a Reforma da Previdência.

 Acordo com o PSL

O acordo com o PSL, porém, irritou uma parte dos partidos que já vinham negociando com Rodrigo Maia, incluindo siglas de oposição, com quem o presidente da Câmara também mantém boa interlocução.

Logo após o anúncio de apoio do PSL, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), eleita deputada na última eleição, fez críticas ao acordo do PSL em troca de cargos.

“Não durou 24 horas o discurso de Bolsonaro de rompimento com a velha política. Hoje foi selado pelo PSL um acordão envolvendo cargos com os partidos políticos que ele tanto criticou para apoiar reeleição de Rodrigo Maia para a Câmara dos Deputados”, escreveu a petista no Twitter.

Nesta quinta, Gleisi disse ao Blog da Julia Duailibi que a aproximação do PSL com Maia “inviabiliza” a participação do seu partido na articulação para a sua reeleição.

Segundo o Blog da Andréia Sadi, o PSOL já colocou à disposição o nome do deputado eleito Marcelo Freixo (RJ). Os dirigentes do partido passaram, inclusive, a conversar com PT, PCdoB e PDT para tentar consolidar uma chapa contra Maia.

Candidatos

Além do atual presidente da Câmara, também estão na disputa pelo comando da casa os deputados JHC e Capitão Augusto (PR-SP), que confirmaram nesta quinta que suas candidaturas estão mantidas.

Outros nomes que também vêm tentando se articular nos bastidores estão o atual primeiro-vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG); o deputado Alceu Moreira (MDB-RS); e o deputado eleito Kim Kataguiri (DEM-SP).

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