Polícia Militar retira moradores que protestavam na Constantino Nery

A manifestação resultou num grande engarrafamento desde as primeiras horas
A manifestação resultou num grande engarrafamento desde as primeiras horas

MANAUS – Um grupo de cerca de 30 moradores do bairro Presidente Vargas, antiga Matinha, Zona Sul, interditaram a avenida Constantino Nery, sentido bairro-Centro, na manhã desta quinta-feira, 28, por volta das 7h, ao lado do Terminal de Ônibus 1 (T1), em protesto contra a demora no início das obras do Programa Social dos Igarapés de Manaus (Prosamim) no local. A ação resultou num grande engarrafamento, gerando transtorno na população que utiliza o transporte coletivo e também particular na cidade de Manaus.  

A confusão só acabou com a intervenção da Força Tática e da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), que utilizaram spray de pimenta para inibir a ação dos manifestantes. Após a retirada de móveis velhos e até caramujos africanos e uma cobra, por volta das 9h30, a avenida foi liberada.

“Nós informamos o meio que iríamos utilizar, não usamos a força, mas foi utilizado o meio mais pacífico para sanar a situação. Nós tentamos usar os melhores métodos de negociação”, garante Anderson Saif, 34, capitão da Polícia Militar do Amazonas, da 24ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), responsável pela operação.

Transito-Engarrafado-Moradores-Protesto“Volto a afirmar 250 mil carros estavam parados em Manaus por causa de 30 pessoas. A Polícia Militar não veio aqui para prejudicar e nem ameaçar ninguém da população. Estamos aqui para trazer novamente a tranquilidade”, complementou.

Segundo Jair Pereira, 50, líder comunitário, as manifestações serão realizadas enquanto os órgãos competentes não se manifestarem. “Se não tivermos uma resposta do governador, do Prosamim, da Suhab (Superintendência de Estado de Habitação), vamos paralisar de novo. Na segunda-feira, 1° de junho, às 6h, se não apresentarem uma resposta, nós vamos parar esse trânsito. Estamos querendo somente o nosso direito”, afirmou.

De acordo com Carlos Geisel de Souza Gonçalves, 42, morador da área desde criança, a situação das famílias está caótica. “O rio está subindo, as nossas casas estão caindo e algumas famílias já estão no fundo. O governador (José Melo) não faz nada. Ele prometeu tirar todo mundo do alagado neste ano, o que não está acontecendo. Falou que o Prosamim do São Raimundo era para nós morarmos e isso também não aconteceu. A gente vai ao Prosamim e não nos atendem. A dona Sheila Cristina Bortoleto, da Suhab, não quis nos atender. Nos jogaram para os advogados e eles disseram que não temos direito a nada. Ela (Sheila) nunca veio aqui para ver a situação do povo”, disse.

moradores-protesto-t1No local

A equipe de reportagem foi conferir a área afetada e constatou que muitas casas estão sendo invadidas pela água, em decorrência da cheia do Rio Negro. Algumas, inclusive, já desabaram. Para agravar a situação, as pessoas (adultos e crianças) têm que conviver em meio ao lixo e dejetos humanos e de animais. “A minha casa está em risco de desabar, mas eles não querem saber de nada. Já tirei até documento pago no cartório por R$ 260, mas nada de me tirarem daqui. Aposentado não ganha um dinheirão, conto com ajuda de meus filhos”, declarou Maria das Dores da Silva, 65.

Além dela, outras pessoas estão com suas residências em estado de calamidade. Muitos acidentes já aconteceram no local e é inevitável que os moradores da área fiquem doentes.

Prosamim

Por meio de nota, a coordenação da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), responsável pelo Prosamim, informou que na área que haverá a intervenção, no bairro Presidente Vargas, estão cadastradas 272 famílias para reassentamento.

O início das obras e o atendimento das famílias cadastradas estão previstos para o primeiro semestre de 2016. As famílias serão atendidas com unidades habitacionais, a serem construídas pelo programa, ou indenizadas, conforme o perfil do cadastrado.

A equipe multidisciplinar (assistentes sociais e psicólogos) do programa monitora a área e realiza reuniões regularmente com os beneficiários que já estão informados sobre a previsão do início das obras. A UGPE informou ainda que na manifestação ocorrida no início da manhã desta quinta-feira, 28, a equipe que atende os moradores detectou que as pessoas presentes naquele ato não eram beneficiários do programa.

moradores-protesto-t1-02Suhab

A assessoria da Suhab informou que ninguém deixa de ser atendido na sede da superintendência, mesmo que não tenham cadastro são informados dos procedimentos e orientados a aguardar o contato.

“Em relação à manifestação, as pessoas que fecharam a av. Constantino Nery não foram cadastrados no Prosamim e por isso não tem direito a receber nenhum tipo de beneficiou. Destacando que os cadastros foram realizados há mais de três anos, quando o projeto foi iniciado, e os moradores precisaram provar que moravam no local que sofrerá intervenção do Prosamim com documentos datados na época anterior ao cadastro. As famílias são retiradas conforme a solicitação da UGPE, que coordena as frentes de obras. Neste momento, a Suhab trabalha 272 cadastros que foram solicitados via ofício e serão removidos conforme o começo das obras na área”, informou a assessoria da Suhab.

Finalizado em 2009

Conforme o Prosamim, em nota anterior, a área do Presidente Vargas, que tem intervenções previstas no Prosamim III e contempla a Bacia do São Raimundo, teve o cadastro de moradores beneficiados concluído em 2009. O reassentamento dos cadastrados tem acontecido gradativamente desde o início da execução do Prosamim III, em 2012.

Desembolso até 2017

O contrato para esta fase do Programa Social dos Igarapés de Manaus (Prosamim) é de US$ 400 milhões, sendo US$ 280 milhões financiados pelo BID e US$ 120 milhões pelo Governo do Amazonas. O prazo de desembolso é de cinco anos, a partir da data de assinatura do contrato, portanto, o mesmo se estende até 2017.

Na Bacia do São Raimundo, a execução de trabalhos está planejada para cinco bairros: Aparecida, São Raimundo, Glória, Presidente Vargas e Centro e deve beneficiar, de forma direta, 4 mil famílias que somam quase 20 mil pessoas. ACRÍTICA

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