Humaitá, AM – Dois homens foram presos após a Polícia Militar apreender 36 motosserras com a dupla, em Humaitá, no Sul do Amazonas, na noite de sábado (28). O material teria sido furtado de um depósito do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante o incêndio criminoso causado por garimpeiros na sede do ógão, na sexta-feira (27).
Segundo a polícia, as motosserras eram usadas para desmatamento ilegal e teriam sido recolhidas em operações realizadas pelo Ibama na área. O superintendente do Instituto no Amazonas, José Leland Barroso, não confirmou se os materiais apreendidos eram armazenados pelo órgão.
Segundo o sargento Delvalino, do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), as motosserras eram armazenadas pelo órgão em um depósito, que fica localizado atrás do prédio incendiado em Humaitá. Os dois homens, de 25 e 21 anos, teriam aproveitado o tumulto durante o incêndio para saquear equipamentos apreendidos em operações, dentre eles motosserras e peças.
“Atrás da sede do Ibama incendiada tem um depósito e onde se encontraram não só motosserras, mas espingardas e outros objetos apreendidos em operações na região. Eles furtaram somente os equipamentos para derrubadas de árvores”, contou o sargento.
Suspeito
O primeiro suspeito foi localizado depois que polícia identificou o veículo usado para transportar os equipamentos saqueados. De acordo com a polícia, eles foram abordados após denúncia de populares.
“Por volta das 22h30, encontramos o veículo que populares avistaram nas proximidades embarcando o material no dia do incêndio na sede do Ibama. Avistamos o veículo na avenida Transamazônica, dentro do perímetro urbano de Humaitá. Seguimos até onde eles possivelmente parariam, mas ficaram rodando com o veículo e abordamos na rua das Flores”, disse o sargento Delvalino.
Durante a abordagem, um dos suspeitos revelou para a Polícia Militar que estava com equipamentos furtados em casa, onde foram encontradas 27 motosserras, sendo duas adaptadas para furadeiras.
“Logo depois ele informou que tinha mais um cidadão envolvido e que estava de posse de mais motosserras. Na segunda casa tinha sete motosserras e mais duas adaptadas como furadeiras. Foram apreendidas 127 correntes de motosserras em caixas e 30 caixas de material para amolar corrente de motosserras”, relatou o sargento.
Os dois homens presos por furto são da comunidade Acará, às margens do Rio Madeira, em Humaitá.
O superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland Barroso, disse que tudo o que estava dentro do prédio incendiado foi destruído. Ele não confirmou se os materiais apreendidos eram armazenados pelo órgão. Ele comentou ainda que as motosserras não ficavam no prédio incendiado e eram guardadas em outros locais.
Ataques
O primeiro dos ataques ocorreu na sexta-feira (27). Um grupo de garimpeiros é suspeito de atear fogo em prédios do Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Humaitá. A ação criminosa ocorreu após uma operação do Ibama apreender balsas usadas em atividades de garimpo ilegal.
A Operação Ouro Fino foi realizada pelo Ibama, em conjunto com o ICMBio, na última semana, desde a quarta-feira (25). A ação fiscaliza a atividade de extração ilegal de ouro no Rio Madeira. Ao todo, 37 balsas de garimpeiros foram apreendidas durante a ação, segundo o agente José Filho, do Ibama.
As balsas usadas no garimpo foram incendiadas pelos servidores dos órgãos ambientais. A informação foi confirmada pelo Ibama. Segundo o superintendente do órgão no Amazonas, José Leland Barroso, a ação é legalizada pelo artigo 111 do decreto 6.514.
Barroso classificou o ataque a prédios de órgãos de fiscalização ambiental no Sul do estado como uma barbárie e insulto ao Estado brasileiro.
Segurança reforçada
A segurança em Humaitá foi reforçada por soldados do Exército e Policiais Federais depois de ataque a prédios. Peritos da Polícia Federal de Porto Velho, Rondônia, foram deslocados para dar início às investigações. O reforço de agentes da Força Nacional de Segurança chegou ainda na sexta.
O governo autorizou o deslocamento de equipes da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Casa Militar e Defesa Civil para o município de Humaitá. A comitiva, que seguiu viagem no fim da manhã, trabalha na assistência às famílias desabrigadas com o incêndio de balsas e no levantamento de informações sobre o ocorrido.
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