Peixes criados em canal de igarapé

O governo do Estado do Amazonas desenvolve na região metropolitana de Manaus um projeto para a criação de peixes em canais de igarapés.

A tecnologia social desenvolvida pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) e certificada pelo Prêmio de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil (FBB) utiliza cursos de água naturais, ajudando na preservação dos mesmos. Além disso, é muito mais barato do que a instalação de tanques-rede e tanques escavados. Durante a realização do 7º Encontro de Jornalistas promovido pela FBB, de 22 a 24 de maio, na capital Manauara, o secretário geral de Pesca e Aquicultura do Estado, Geraldo Bernardino, fez uma explanação sobre o projeto, durante visita a um igarapé localizado logo depois da ponte do rio Negro, na região metropolitana do município.

As espécies cultivadas no local são o matrinxã e o tambaqui. O proprietário vende parte da produção em um restaurante instalado no local. O peixe fresquinho, que sai da água direto para a cozinha, e a oportunidade de se banhar nas águas pretas do igarapé são ingredientes perfeitos para passear nos finais de semana e feriados. No estado do Amazonas, a tradição de comer peixe persiste com força. Enquanto a média nacional de consumo do produto é de 9 quilos ao ano por habitantes, no Amazonas a média atinge 180 quilos por pessoa. O estado é um dos campeões mundiais de consumo de peixe e supera o recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 45 quilos por ano per capita. Portanto, as iniciativas de apoio à produção de pescado também são muito importantes para a segurança alimentar da população, de acordo com Geraldo Bernardino. Manaus, hoje exporta peixe, sendo que grande parte é produzida em Rondônia, com destaque para o município de Ariquemes.

A piscicultura desenvolvida nos canais também é importante para preservar as espécies e o meio ambiente. A construção da ponte sobre o rio Negro, com uma extensão de 3.500 metros, que liga Manaus ao município de Iranduba, já está provocando especulação imobiliária que, consequentemente, deverá comprometer o meio ambiente na área metropolitana da capital Manauara. Outra vantagem é a utilização de mão de obra de jovens e mulheres.

Falta de título prejudica

O trabalho realizado pelo governo do Amazonas é voltado para os pequenos produtores, com grandes vantagens econômicas. O grande potencial da piscicultura do Estado do Amazonas esbarra em um problema registrado nas demais unidades da federação do Norte do Brasil: a falta de regularização fundiária, que impede o acesso aos créditos bancários, inclusive o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). No Amazonas, segundo Geraldo Bernardino, 90% das terras não tem titulação. A falta de registro também impede o acesso ao licenciamento ambiental, que é fundamental para a regularização do negócio. A produção de pescado no Amazonas é de 180 mil toneladas/ano, sendo que 160 mil toneladas são de pesca extrativa e as restantes 20 mil toneladas são produzidas em cativeiro. Deste total, 75 mil toneladas são comercializadas e as outras 85 mil toneladas são para o próprio consumo de pescadores e produtores.

Alimentação com frutas desonera a produção

O sistema de criação de peixe em igarapés permite que os peixes se alimentem com frutas típicas da região, barateando a produção e contribuindo para a qualidade do produto. Neste tipo de produção, a ração representa 60% da alimentação. A ração, feita à base de milho e soja, é produzida em Manaus, que conta com oito fábricas do produto. O preço varia de R$ 1,20 a R$ 1,40 o quilo. Para cada quilo de peixe produzido, o consumo de ração é de 1,7 quilo. O produtor vende o peixe no mercado por um preço que varia entre R$ 3,70 a R$ 4,50 o quilo.

(Diário da Amazônia) 

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