Pará: educação é “gargalo” do desenvolvimento no Marajó

O cenário da educação no município de Melgaço, no Arquipélago do Marajó, é caótico. “Existe um problema de gestão que tem reflexos na política de educação e provoca esses índices baixos de desenvolvimento”, diz o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Hélio Pena, geógrafo especialista em desenvolvimento urbano, que é natural do município de Melgaço.

O município marajoara aparece como o pior colocado entre todas as cidades brasileiras no ranking do ìndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Esse valor estatístico leva em consideração as condições da cidade em relação à educação, renda e longevidade. Além de Melgaço, outros sete municípios marajoaras estão entre os cinquenta piores IDHs do Brasil.

Para o professor Hélio Pena, os problemas mais graves estão nas áreas rurais do município, onde o acesso à escola é difícil, não há ensino médio e as condições de ensino são precárias. “Por causa da dificuldade de estudar, a população valoriza mais o trabalho no extrativismo ou na agricultura que é aquilo que lhes apresenta resultado”, explica o professor.

Na opinião do pesquisador, a formação de professores também é algo muito difícil de ser trabalhado. Segundo ele, os contratos de professores não-concursados dependem de vontade política e isso deixa a situação da educação vulnerável. Como o quadro de professores muda a cada eleição, não há um acompanhamento sistemático da formação desses profissionais. “Tem até pessoas que só tem o ensino médio e são mandadas pra administrar escolas na área rural”, diz Hélio.

Para começar a resolver os problemas, Hélio Pena diz que é necessário primeiramente a realização de um diagnóstico para identificação de ações prioritárias. Ele diz que é necessário também que a sociedade se mobilize para cobrar melhorias, algo que acontece pouco atualmente no Marajó. “Em locais onde a renda vem em grande parte da própria prefeitura e de programas sociais, é mais difícil que haja mobilização social”.

Além disso, ele refuta a ideia de que a distância geográfica e a dificuldade de acesso e locomoção sejam causas de problemas no Marajó. “Isso é uma visão que está superada, o problema no Marajó é de políticas públicas e não de distância geográfica”. Por fim, o professor diz também que é necessária uma presença mais forte do Estado e da União para que recursos destinados ao Marajó sejam efetivamente aplicados e contribuam para o desenvolvimento local.

(Jones Santos/DOL)

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