Relatos dão conta de que centenas de corpos estão atirados dentro de mesquitas espalhadas pela cidade do Cairo. Os feridos chegam a quase 4 mil.
O ministério da Saúde do Egito atualizou para 525 o número oficial de mortos no massacre ocorrido após a operação policial lançada na quarta-feira para desmontar os acampamentos islamitas em duas praças do Cairo. As autoridades também elevaram o número de feridos para 3 717. O grupo fundamentalista Irmandade Muçulmana, que coordena as manifestações contrárias à deposição do presidente Mohamed Mursi, mantém o posicionamento de que o número de mortos é muito maior do que o divulgado pelo governo egípcio. O porta-voz do grupo, Gehad El-Haddad, disse que somente o número de cadáveres depositados na mesquita de Iman excede o total divulgado pelas fontes oficiais.
Segundo relatos de correspondentes da imprensa internacional, centenas de corpos estão atirados dentro de mesquitas no Cairo. Ao menos 228 vítimas foram contadas pela Reuters na mesquita de Iman, enquanto um jornalista do The Guardian avistou outros 100 nas imediações do templo.
Um médico que realiza a necropsia nos corpos disse ao Guardian que as funerárias não têm capacidade para receber tantos mortos ao mesmo tempo. Ele também acusa a polícia de ter se negado a ajudar com os procedimentos legais e impedido os legistas de classificar os mortos como “vítimas de assassinato”. Já o Ministério da Saúde se negou a enviar equipes forenses para colher provas nas cenas dos crimes.
Segurança – O Wall Street Journal informou que as ruas do Cairo amanheceram nesta quinta-feira em relativa calma após os sangrentos conflitos do dia anterior. Por causa dos confrontos que se espalharam por todo país após a tragédia, o governo decretou estado de emergência durante um mês e, inclusive, toque de recolher à noite. A operação policial foi defendida pela primeiro-ministro interino Hazem al-Beblawi. Segundo ele, as forças de segurança do Egito tiveram de acabar com os acampamentos dos apoiadores de Mursi para “restaurar a segurança” no país. “Notamos que as coisas saíram um pouco do controle. O estado tinha a necessidade de intervir para restaurar a segurança”, disse o premiê.
Depois do massacre, o vice-presidente interino Mohamed El-Baradei renunciou ao cargo. Em uma carta endereçada ao presidente Adly Mansour, El-Baradei afirmou que não conseguia “arcar com a responsabilidade pelo derramamento de sangue”.
(Fonte: Reuters)