Morte da onça Juma gera comoção; na web e abaixo-assinado reúne 133 mil nomes

O fato ainda desperta muita atenção

 

A moret da onça Juma, na passagem da Tocha Olimpica por Manus,s ainda reperute
A morte da onça Juma, na passagem da Tocha Olimpica por Manus,s ainda repercute

Amazonas – Com nove anos e pouco mais de 50kg, Juma, uma onça-pintada macho, era um dos principais mascotes do Exército do Amazonas. Foi resgatado ainda novo e cresceu sob os cuidados de militares.

Na última segunda-feira, durante passagem do Tour da Tocha por Manaus, Juma, ao lado de outra onça, participou de uma cerimônia oficial realizada dentro de uma área militar. De coleira, segurada por dois militares, o felino “posou” para fotos ao lado de condutores e da chama olímpica. Toda a exposição durou pouco mais de 10 minutos. Ao fim do evento, Juma foi morta por um tiro de pistola. Segundo o Exército, ela fugiu e foi abatida ao tentar atacar um militar.

O caso, em poucas horas, rodou o mundo e desencadeou uma onda de indignação e protesto nas redes sociais.

Ainda na segunda, logo após a confirmação da morte, um abaixo-assinado foi criado para pressionar o Comando Militar da Amazônia (CMA). “Como a onça fugiu sem ninguém perceber? Em que momento fugiu? Era tão difícil assim controlar a Juma, ao invés de matá-la?” são algumas das perguntas que o abaixo-assinado traz. Em dois dias, mais de 133 mil nomes apoiaram a causa.

Na capital amazonense, militantes pelas causas animais se movimentam para realizar um protesto que também pede justiça e explicações das autoridades. Em pouco mais de um dia, o evento em uma rede social tem a presença de mais de 1.5 mil pessoas confirmadas. A manifestação acontece no próximo sábado, em frente ao Cigs, local onde Juma foi morto.

Em meio aos protestos e a dimensão que o caso tomou, o Centro de Comando da Amazônia divulgou, nesta quarta-feira, uma segunda nota sobre o ocorrido – a primeira foi para confirmar a morte.

No comunicado oficial, o comando, em poucas palavras, anunciou que Juma estava presente no revezamento “por coincidência”. Simba, a outra onça que participou do início da cerimônia, era a protagonista.

A onça-pintada “Juma”,  mascote do 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS), estava, por coincidência, no Centro de Veterinária do CIGS no mesmo dia do evento”

“A onça-pintada ‘Juma’, mascote do 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS), estava, por coincidência, no Centro de Veterinária do CIGS no mesmo dia do evento, para realização  de revisões e cuidados da saúde como, por exemplo, a limpeza da cavidade bucal e a medição biométrica para acompanhamento do estado de higidez da onça”, relata a nota.

Ao contrário do que o comunicado sugere, a participação de Juma estava prevista para o evento e foi anunciada cerca de uma hora e meia antes para a imprensa. Seriam duas onças, uma principal, para “abrir” o revezamento com a tocha, e uma secundária, que marcaria o encerramento. A primeira, Simba. A última, Juma.

Na segunda-feira, a previsão de início para o evento com a chama olímpica era para às 7h50. Seria a primeira vez que a Força Nacional repassaria os cuidados ao Exército que, durante semanas, realizou ensaios para o evento. Na mesma reunião em que Juma foi anunciada, militares explicaram que, durante os ensaios, o revezamento (incluindo a cerimônia com as onças) variava entre 18 e 20 minutos de duração. Considerando o atraso para o início, mais as pausas durante o revezamento, o horário estimado triplicou.

Linha do tempo

O fato ainda desperta muita atenção
O fato ainda desperta muita atenção

O GloboEsporte.com acompanhou toda a cerimônia, da reunião inicial, às 6h50, ao encerramento, que ocorreu por volta de 9h30. A tocha chegou – e o revezamento teve início – por volta de 8h20. Nesse meio tempo, participaram do trajeto quatro condutores, um deles, inclusive, “encaixado” de última hora pelo Comitê Rio 2016. Isso fez com que o percurso dos condutores fosse um pouco reduzido, para não alterar o trajeto da tocha.

A cerimônia se desenrolou como o programado. A chama entrou no Cigs e seguiu até o pátio principal do centro militar. Lá, Simba, segurada por dois militares, aguardava a chegada. O “beijo olímpico”, na passagem da chama de um condutor para outro, foi logo atrás da onça. A cena foi acompanhada por militares, convidados e a imprensa –

A partir daí o revezamento seguiu para o zoológico, que fica localizado dentro do Cigs. A imprensa, para não entrar no caminho da tocha, foi direcionada a se posicionar no novo ponto de encontro dos condutores: onde Juma estava. O macho foi posicionado na entrada de uma trilha, etapa final do evento.

Durante a corrida do terceiro condutor, Juma já estava exposta para a imprensa, acompanhado de cuidadores. Presenciou a passagem da chama e ficou ali por pelo menos três minutos, enquanto os condutores posavam para imagens.

Na sequência a tocha entra numa trilha e, lá dentro, mais uma vez para garantir imagens do trajeto, passa cerca de dez minutos. Na saída, para a surpresa de muitos, Juma ainda estava no mesmo local.

Dessa vez com a cerimônia encerrada. Pouquíssimos minutos depois que membros da imprensa e do Rio 2016 passaram, foi anunciado que uma onça havia se soltado. Todos já estavam fora da zona do zoológico, e os militares logo se posicionaram para a captura.

Nesse tempo, já com poucas pessoas no Cigs, era difícil obter informações. A movimentação dos militares e funcionários do zoológico, no entanto, não negava a apreensão do momento. Por volta de 9h50, disparos foram ouvidos. Mas foi somente no início da tarde que o Exército soltou nota oficial confirmando a morte de uma onça. A nota, inclusive, não confirmava se era Juma ou outro animal.

Comitê admite erro

Na terça, o Comitê Rio 2016 se pronunciou sobre o caso e admitiu o erro ao permitir a participação dos animais na cerimônia. Nesta quarta, informou que a exibição de animais silvestres está proibida para o restante do revezamento.

“Erramos ao permitir que a tocha Olímpica, símbolo da paz e da união entre os povos, fosse exibida ao lado de um animal selvagem acorrentado. Essa cena contraria nossas crenças e valores. Estamos muito tristes com o desfecho que se deu após a passagem da tocha. Garantimos que não veremos mais situações assim nos Jogos Rio 2016”.

“Os organizadores dos Jogos  Rio 2016 informaram que, mesmo que a convivência com animais silvestres faça parte da cultura local, não será mais permitida a exibição dessas espécies no revezamento da tocha.”

Juma não tinha autorização para participar

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) anunciou que Juma estava sem permissão para participar do evento. Segundo o órgão, não foi solicitada a autorização da onça para participar do evento da passagem da tocha Olímpica. O Ipaam pediu resposta oficial do CIGS sobre o que ocorreu no evento e as circunstâncias do acidente.

O Comando Militar da Amazônia já determinou abertura de processo administrativo para apurar possíveis irregularidades, segundo nota

Amazonianarede-GE-AM

 

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