“Mensalão” terá recurso em Corte Internacional

Réus do mensalão
Réus do mensalão

Brasília – Começa a desmoronar o edifício construído por Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, na Ação Penal 470. Nos próximos dias, três réus ligados ao Banco Rural, Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, recorrerão à Corte Internacional de Direitos Humanos, da qual o Brasil é membro.

O motivo: a eles foi negado um direito elementar, que é o duplo grau de jurisdição, ou seja, a ter ao menos uma possibilidade de recurso. Todos foram julgamentos diretamente pelo Supremo Tribunal Federal.

Recentemente, o mesmo STF se negou a julgar Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas e ex-presidente do STF, porque ele não tinha foro privilegiado. Como explicar, então, que Azeredo possa ter o duplo grau de jurisdição e réus muito menos ligados ao mundo político não o tenham?

A decisão tomada por Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, em breve, deverá ser seguida por outros réus sem foro privilegiado, como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino.

Leia, abaixo, a informação sobre a decisão de recorrer, publicada por Mônica Bergamo:

DEGRAU ACIMA

Os advogados Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, que defenderam executivos do Banco Rural no processo do mensalão, estão entrando com pedido de anulação do julgamento na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Eles representam Kátia Rabello, presidente da instituição, José Roberto Salgado, vice-presidente, e Vinícius Samarane.

DUAS VEZES

Os advogados alegam que um princípio fundamental foi transgredido: o que prevê que uma pessoa seja julgada em pelo menos duas instâncias. O processo do mensalão tramitou apenas no STF (Supremo Tribunal Federal), sem que os réus, depois de condenados, tivessem direito à apelação para qualquer outra corte. Bastos e Dias pedem que um novo julgamento seja realizado.

ESTRADA

Caso entenda que os argumentos dos advogados são pertinentes, a comissão pode encaminhar o pedido para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que então abriria um processo.

SIMBÓLICO

A questão foi discutida por ministros do STF antes de o julgamento começar. Celso de Mello, por exemplo, entende que a Corte Interamericana não tem o poder de revisar o julgamento, mas pode abrir processo contra o Brasil, numa punição simbólica. O órgão aplica e interpreta a Convenção Americana dos Direitos Humanos, da qual o país é signatário.

QUESTÃO INTERNA

Outros ministros, como Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, sempre frisaram, ao longo do julgamento, que a Corte Interamericana não pode interferir em decisões judiciais do Brasil.

Por: Brasil 247

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