
Amazonas – O Governador do Amazonas, José Melo, afirmou nesta quarta-feira (13) que a sindicância instaurada para analisar o contrato emergencial no valor de R$ 1 milhão firmado para a Copa do Mundo de 2014 deve ser concluída esta semana. O caso foi apresentado no Fantástico em março, que denunciou um suposto esquema de compra de votos com uso de recursos estaduais.
O contrato foi feito entre a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesg) e a Agência Nacional de Segurança e Defesa (ANS&D). O secretário executivo adjunto de Planejamento e Gestão Integrada de Segurança do Amazonas, coronel Dan Câmara, e o irmão do governador, o médico Evandro Melo, foram citados nas denúncias.
Um dia após a veiculação das denúncias do Fantástico, o governo criou uma comissão para apurar o caso. De acordo com o decreto governamental, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), no dia 9 de março, a sindicância ficou sob responsabilidade da Controladoria Geral do Estado (CGE), que nomeou os integrantes da comissão.
A comissão tinha um prazo de 30 dias para finalizar a sindicância. O período chegou a ser prorrogado por mais 15 dias. No entanto, o novo prazo também não foi cumprido.
O governador José Melo disse, nesta quarta-feira (13) durante coletiva de apresentação do Plano Estadual de Educação, que a comissão designada para apurar o contrato solicitou novos prazos. “O doutor Leopoldo, que é nosso controlador, disse que ainda nessa semana ele fará uma coletiva para dar o resultado. Eu nomeio uma comissão e, quando essa comissão precisa se aprofundar, ela pede permissão para fazer e eu dou. Só quero que esse assunto saia pronto e acabado e que todas as nuances sejam esclarecidas. Esse é o meu maior interesse”, disse.
Entenda o caso
De acordo a denúncia do Fantástico, dois dias antes da abertura da Copa, o Coronel Dan Câmara, da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos, pediu uma contratação emergencial no Centro de Segurança de Manaus. Na ocasião, José Melo cumpria o primeiro mandato como governador do Amazonas depois que Omar Aziz deixou o cargo. E um dos responsáveis pelo projeto da Copa, em Manaus, era o irmão do político, Evandro Melo.
Na nota fiscal que foi paga pelo serviço consta o valor de R$ 1 milhão. Uma empresa especializada em segurança deveria realizar os serviços, mas o nome que aparece no documento é de uma associação sem fins lucrativos: a “Agência Nacional de Segurança e Defesa”, presidida por Nair Queiroz Blair.
Segundo o Fantástico, em dezembro do ano passado, Nair foi denunciada por crime eleitoral na campanha à reeleição do governador José Melo. A suspeita teve início depois que a PF recebeu denúncia anônima sobre uma suposta compra de votos.
Dois dias antes do segundo turno das eleições, dois agentes da PF se infiltraram em uma reunião onde aconteceria a distribuição do dinheiro. O Fantástico revelou que o encontro era com vários pastores de igrejas locais.
Na ocasião, uma suposta manifestação em um das salas do local teria chamado a atenção dos policiais infiltrados. Ao entrar na sala, a polícia teria encontrado Nair com R$ 7,7 mil. No carro supostamente usado pela mulher, a PF teria apreendido várias pastas com papéis de contabilidade. “Essa contabilidade consiste em documentos, recibos e outros documentos que evidenciam realmente a prática delituosa”, disse ao Fantástico a promotora responsável pelo caso, Sheyla Andrade dos Santos.
O coronel Dan Câmara e o irmão do governador, o médico Evandro Melo citados nas denúncias continuam em cargos do Governo do Amazonas. No último dia 24 estavam presentes na solenidade de entrega de 100 viaturas policiais que farão o policiamento ostensivo em Manaus e na Região Metropolitana da capital.
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