Madeira e Purus estão enchendo muito, Boca do Acre decreta estado de emergência

(Foto: Assessoria)

Manaus – A enchente nos rios Madeira e Purus está causando transtornos nos municípios das duas calhas, fato que vem preocupando as autoridades que começam a montar estratégias para evitar maiores danos, considerando que apesar do nível elevado das águas os rios continuam subindo diariamente.

O fato é tão preocupante que o município de Boca do Acre, no Purus, se apressou e foi o primeiro a decretar estado emergência, o que certamente deverá ser seguido nos próximos dias por outros municípios que nas duas regiões sofrem com a subida das águas.

Em Manaus, o Subcomando de Ações de Defesa Civil do Amazonas (Subcomadec) emitiu boletim de alerta de enchente para as próximas horas, na tarde desta segunda feira (10 de fevereiro) para alguns municípios da calha dos rios Madeira e Purus, que estão em situação de risco de inundação. Em Humaitá, trabalha-se no momento com a cota de 22,88 metros, faltando 1,70 metro para superar a marca da enchente de 1993. Nos últimos cinco dias, o rio subiu 0,36 centímetros.

O titular da Subcomadec, tenente-coronel Roberto Rocha, disse que o pico de cheia em Porto Velho espera normalmente pela enchente provocada pela cheia do rio Madeira, entre março e abril. “Mas este ano, a cheia está ocorrendo mais cedo e poderá ser a maior já registrada no município de Humaitá no Amazonas”.

O rio Acre, que passa por Rio Branco, capital do Acre, e o rio Madeira, que corta Porto Velho, capital de Rondônia, já estão em processo de cheia acima do normal para este período. Neste ano, as cotas de alerta estão sendo observadas antes da época normal. Segundo a Defesa Civil de Rondônia, o rio Madeira atingiu 15,20 metros no dia 23 de janeiro. No entanto, a cota de alerta é de 14 metros e costuma ser observada no final de fevereiro.

A chuva volumosa que ocorreu neste fim de semana sobre o norte da Bolívia e na área de floresta do Peru, próxima ao Acre, vai colaborar para que os rios Madeira e Purus se elevem nos próximos dias. O rio Madeira é a junção dos rios Mamoré, que nasce na Bolívia, e do rio Madre de Dios, que nasce no Peru.

“Nossa orientação para as comunidades que residem nas áreas atingidas pela cheia é para que eles retirem seus pertences e procurem informações com a Defesa Civil do município. A população deve ficar atenta a qualquer nova informação sobre o risco de inundação”, ressalta Roberto Rocha.

Até o momento, foram identificados risco de inundação nos municípios de Humaita, Manicoré, Novo Aripuana, Itacoatiara, Borba, Nova Olinda do Norte e Autazes. Três municípios já foram afetados por inundações: Boca do Acre, Guajará e Ipixuna. O telefone disponível para casos de emergência é 199.

Emergência em Boca do Acre

A enchente já afetou diretamente 763 famílias de diversos bairros da cidade, que tiveram que ser transferidas para escolas e ginásios municipais.

O município de Boca do Acre (distante 1.027 quilômetros de Manaus em linha reta) é o primeiro do Amazonas a decretar Estado de Emergência em 2014 por conta da subida dos rios.

O anúncio publicado na manhã de segunda-feira (10) também foi acompanhado pelo alerta de cheia emitido pela Associação Amazonense de Municípios (AAM) para as demais cidades da região do Rio Purus – Pauini, Lábrea, Canutama e Tapauá – que somente no último final de semana registrou elevação de 24 centímetros, atingindo 19 metros além de sua cota máxima.

De acordo com o prefeito de Boca do Acre e presidente da AAM, Iran Lima, 763 famílias dos bairros Antônio Jorge, Maria Leopoldina e das comunidades Rua Nova e parte da Praia do Gado foram transferidas para escolas e ginásios municipais, que tiveram as aulas suspensas.

Também na manhã desta segunda-feira, um desmoronamento provocado pela infiltração da chuva provocou o rompimento da principal tubulação de água de parte da cidade, deixando mais de cinco mil pessoas sem abastecimento regular e a principal via terrestre de ligação do município com a capital do Acre (BR-317) está prestes a ser fechada para o tráfego.

Segundo Iran Lima, a Associação Amazonense de Municípios já está fazendo o monitoramento diário junto aos órgãos públicos e a Defesa Civil das cidades e do Estado para prestar a assessoria técnica e o auxílio jurídico diretamente às prefeituras do interior. A previsão da entidade é que nas próximas semanas, novos municípios do Purus também decretem Estado de Emergência.

“Quanto mais rápido estas medidas forem tomadas, mais rápido chegará o apoio e assistência para a população atingida pela cheia. O que não podemos é deixar que estas pessoas fiquem sem abrigo ou atendimento mais”, explicou Lima.

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