Lava-Jato mira fraude em fundos de pensão  em dois estados e no DF

Lava-Jato mira fraude em fundos de pensão  em dois estados e no DF

Brasil – A Operação Lava-Jato mira, pela primeira vez no Rio de Janeiro, os fundos de pensão. Uma investigação sobre fraudes nos fundos Postalis, dos funcionários dos Correios, e Serpros leva a Polícia Federal (PF), nesta manhã de quinta-feira (12/4), a endereços no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Distrito Federal para cumprir 10 mandados de prisão preventiva e 21 mandados de busca e apreensão.

Buscas foram feitas na casa do empresário Milton Lyra, em Brasília. Agentes da PF deixaram a residência com objetos apreendidos. Lyra aparece em várias investigações, com diversas ligações ao MDB no Senado. Também foi citado diversas vezes em delações, como a do ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas (hoje Hypera Pharma), Nelson José de Mello, e contra ele há vários inquéritos abertos, inclusive no  Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os presos está o empresário Arthur Pinheiro Machado, detido em São Paulo. Apontado como operador e criador da Nova Bolsa de Valores, Arthur Pinheiro buscou em Brasília o operador Milton Lyra, que é investigado em diversas fases da Lava-Jato e que trabalharia com Renan Calheiros.

Arthur também é investigado na Operação Encilhamento, que apura fraudes envolvendo a aplicação de recursos de institutos de previdência municipais em fundos de investimento com debêntures sem lastro emitidas por empresas de fachada. A ilegalidade pode ultrapassar o valor de R$ 1,3 bilhão.

Em nota, a defesa de Arthur Pinheiro Machado e de Patricia Iriarte, também alvo de mandado de prisão (leia lista abaixo) diz refutar “de forma veemente”, qualquer relação entre os empresários e atos ilícitos.  “Ambos sempre  agiram no mais absoluto respeito à legislação e que não compactuam com práticas ilegais”, disse a nota.

No Rio de Janeiro, os agentes prenderam o economista Marcelo Sereno, que é ligado ao PT. Sereno já foi assessor especial do Ministério da Casa Civil durante o governo Lula, na época que José Dirceu era ministro da Casa Civil e depois ocupou cargo de secretário nacional de comunicação do partido.

Corrupção ramificada pelo país

O nome da operação, Rizoma, faz uma alusão a como a corrupção atinge diversos setores. Assim como a espécie de caule que se ramifica sob a terra, a investigação mostra como o processo de lavagem de dinheiro se entrelaça entre as empresas investigadas.

A ação é um desdobramento das operações Eficiência e Unfair Play 1º Tempo e foi deflagrada por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Segundo a PF e o Ministério Público Federal (MPF) foram identificados crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção. “Os ilícitos têm vinculação a investimentos malsucedidos que geraram prejuízos aos fundos”, explica a PF em nota.

O dinheiro desviado dos fundos de pensão eram enviados a empresas no exterior. Segundo o MPF, todos os valores ilícitos eram gerenciados por um operador financeiro brasileiro. “As remessas, apesar de aparentemente regulares, referiam-se a operações comerciais e de prestação de serviços inexistentes”, de acordo com a PF. Os recursos eram então pulverizados em contas de doleiros também no exterior, que disponibilizavam os valores em espécie no Brasil para suposto pagamento de propina.

Veja a lista dos nomes alvo de mandados de prisão:

» Arthur Mario Pinheiro Machado;

» Edward Gaed Penn;

» Ricardo Siqueira Rodrigues;

» Marcelo Borges Sereno;

» Carlos Alberto Valadares Pereira (Gandola);

» Adeilson Ribeiro Telles;

» Henrique Santos Barbosa;

» Milton de Oliveira Lyra Filho;

» Patricia Bittencourt de Almeida Iriarte;

» Gian Bruno Boccardo Lanz Lahmeyer Lobo.

Dinheiro do Postalis

Miton Lyra foi alvo da Operação Pausare, em fevereiro deste ano. A investigação apontava o empresário como operador do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ambos são investigados no mesmo inquérito, por suposta atuação em investimentos fraudulentos do Postalis.

No relatório anexado ao inquérito, o Ministério Público Federal apontou que Lyra recebeu R$ 13,8 milhões de fundos de investimentos em que o Postalis é cotista – R$ 3,5 milhões do Atlântica Real Sovereign e R$ 10,3 do Brasil Sovereign II.

“Milton Lyra teve movimentação financeira de forma indireta com o Postalis no montante de R$ 13.898.693,85 por meio de recebimento de valores dos Fundos de Investimento da Atlântica Real Sovereign Fundo de Investimento e da Brasil Sovereign II Fundo de Investimento de DI, visto que ambas tem a Postalis como cotista”, descreveu o pedido de abertura da investigação feito pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

À época, Janot apontou que a quebra de sigilo telemática do empresário mostrava seis números de telefone e um e-mail gravados em seu celular como sendo de Alex Predtechensky, ex-presidente do Postalis e denunciado por desvios no fundo. Predtechensky comandou o fundo de pensão entre 2006 e 2012.

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