Indígenas e fazendeiros bloqueiam ponte em Roraima

09-07indioIndígenas Yanomami e fazendeiros da região da Vila Samaúma, no Município de Alto Alegre, Centro-Oeste do Estado, bloquearam a ponte do rio Mucajaí, na RR-205, que dá acesso à cidade de Mucajaí, com o intuito de chamar a atenção dos governantes para a situação das estradas, pontes e da falta de energia elétrica. Há risco de confronto entre manifestantes e moradores da região.

Segundo relatos de servidores federais da Fundação Nacional do Índio (Funai), o protesto começou na segunda-feira, mas tomou proporções maiores na manhã de ontem. “Eles reivindicam melhorias nas estradas e a construção de uma ponte, pois a que há na Vicinal do Tronco está prestes a cair e, com isso, temem o isolamento”, comentou um servidor.

“Acompanhamos porque há índios e crianças envolvidas. Eles querem essa ponte para escoar a produção de todos que vivem lá e os índios utilizam muito essa estrada”, complementou o servidor. Ele disse que, há um tempo, a Funai e prefeituras das duas cidades foram parceiras para revitalizar a vicinal, porém o efeito foi em curto prazo. “Não temos recursos para pontes, e isso é competência do Estado”, enfatizou.

Na tentativa de ultrapassar a barreira humana criada na ponte sobre o rio Mucajaí, o diretor da Escola Nova Esperança, na zona rural de Alto Alegre, Edvar Menezes, foi surpreendido ao ser segurado por um grupo indígena, com o rosto pintado e foi amarrado.

“Eles pensavam que eu era algum político, mas ninguém entendia o que eu falava até a chegada de um tradutor”, comentou.

“Eles me arrodearam e me amarraram, começaram a me pintar e me liberaram para que eu fosse até Alto Alegre chamar por alguma autoridade, pois eles só vão sair de lá quando alguém aparecer para conversar com eles”, destacou. Disse ainda que nenhum veículo passa de um lugar para o outro e, com isso, há risco de falta de mantimentos na Vila Samaúma.

A servidora pública Sirleide Sá, que mora na Vila Samaúma, contou que um grupo de manifestantes seguiria para outra estrada com a finalidade de impedir o acesso das pessoas. “Eles estariam a caminho da estrada que dá acesso ao Apiaú”, comentou. “A população está pedindo apoio das autoridades para que elas se manifestem. Só são autorizadas a passar as ambulâncias. Carro e moto não passam”.

Outra moradora da região, Maria dos Desterros, explicou que a situação tende a piorar caso os pedidos de diálogo não sejam atendidos. Ontem à tarde, a servidora conseguiu acordo com o tuxaua do grupo para se dirigir até a Capital a fim de chamar a imprensa e as autoridades para cobrir a manifestação. “Fiz isso porque nem todos concordam com essa manifestação. O pessoal da Vila Samaúma pensa em fazer justiça, pois esse bloqueio impede a circulação da população”, alertou.

Enquanto tentava o acordo, Maria observou o armamento carregado pelos manifestantes. “Eles têm flechas com a ponta grande, de ferro, e arma de fogo também”, avisou. O receio é de que haja confronto físico. “Eles estão armados para a guerra”, enfatizou. “Pedimos que as autoridades olhem para nossa situação e não deixem acontecer o pior”.

Fonte: Folha BV

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