Amazonianarede – UEA
Manaus – Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) pode ter a resposta para amenizar os impactos ambientais causados por embalagens plásticas não recicladas. A pesquisa produzida na UEA de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) avaliou o potencial de degradação do material por meio de fungos típicos da Amazônia, mensurando as condições de crescimento dos microorganismos e o ambiente necessário para acelerar o processo de degradação do polietileno tereftalato, o PET.
As “garrafas PETs” são os principais objetos utilizado na pesquisa por apresentarem resistência à degradação natural e ocuparem um vasto espaço no meio ambiente por longo tempo, gerando toneladas de lixo.
Para a pesquisa de Iniciação Científica realizada pela finalista do curso de Ciências Biológicas, Aldenize Viana, foi escolhida a classe dos basydiomicetos, conhecidos como cogumelo ou orelha-de-pau, por serem comumente encontrados na região amazônica. Nesta classe, foram testados o potencial de degradação de três linhagens de fungos, coletados na zona rural do município de Parintins: o Pycnoporus Sanguineaus, o FBL e o FV12.
“Esses fungos possuem em sua composição enzimas oxidativas capazes de degradar os elementos que compõem a madeira – os polímeros naturais e, com isso, também apresentam potencial de degradação de polímeros sintéticos, encontrados em embalagens plásticas”, explica Viana.
Os testes foram realizados com amostras de PET submetidas, durante 30 dias, à temperatura de 30º C. A perda de massa do material no meio sem a presença de seringaldazine – um acelerador da reação, foi maior para o fungo Pycnoporus Sanguineaus, com 12%. Para o fungo FBL, a perda de massa do PET foi duas vezes menor em relação ao Pyc. Sanguineaus. Por outro lado, a degradação em meio acrescido com seringaldazine, o fungo FV12 apresentou a maior perda de massa do PET, com 13%.
Para a pesquisadora, os resultados são animadores, por considerar o tempo de acompanhamento das amostras. “O período de degradação analisado neste estudo foi de no máximo 30 dias de incubação, ou seja, em apenas um mês já temos resultados de biodegradação satisfatórios, já que este polímero demora séculos para se decompor em ambiente natural. Ficamos muito felizes com o resultado”, completa.
Quem compartilha da mesma felicidade é o presidente da Rede de Catadores e Reciclagem Solidária – Eco Recicla, Paulo Lamarão. “Ficamos muito contentes em saber de resultados tão positivos como estes. Penso que futuramente poderemos participar de capacitações para entendermos e vermos de perto como acontece esse processo, e assim, repassarmos esse conhecimento para as comunidades”, afirma.
O presidente lembra ainda que para amenizar os impactos ambientais causados por materiais não reciclados é preciso um trabalho em conjunto. “Só alcançaremos os resultados que esperamos quando catadores, pesquisadores e autoridades competentes estiverem alinhados em suas atividades. Hoje estamos praticamente esquecidos pelo poder público municipal e estadual e a tendência é a poluição aumentar cada vez mais”, alerta Lamarão.
A pesquisa com os fungos foi produzida durante dois anos e está ligada ao Mestrado de Biotecnologia e Recursos Naturais ofertado no Centro de Estudos Superiores da UEA em Parintins.