Fragilizada na política, Dilma depende, como nunca, do sucesso da economia

31-12dilmaBrasília – Dilma toma posse para mais quatro anos de mandato com a obrigação de fazer o país voltar a crescer, arrumar as contas públicas e controlar a inflação.

A esteticista Conceição de Souza, 44 anos, está comemorando quatro anos de sucesso. Apesar de a economia do país ter entrado em parafuso desde janeiro de 2011, mês em que ela abriu um pequeno negócio, o número de clientes só aumentou e o faturamento, também. Desde o início, porém, Ceiça, como os amigos a chamam, fez questão de seguir as regras para tornar real o sonho de ter a própria empresa.

Contabilizou, sem maquiagens, as receitas e as despesas da firma, jamais recorreu a truques para mostrar uma saúde que o negócio não tinha, cortou gastos quando foi necessário e acatou conselhos logo nos primeiros sinais de que estava trilhando o caminho errado. Nunca foi voluntariosa.

Resultado: a pequena loja de estética de Ceiça cresceu, em média, 15% ao ano. Os dois funcionários iniciais foram multiplicados por seis. O sucesso, no entender da microempresária, tem explicação: ela sempre manteve os pés do chão. “Não inventei regras, não contrariei o manual da boa gestão”, diz.

Espera-se que a simples receita de Conceição seja seguida à risca a partir de amanhã, quando Dilma Rousseff dará início ao segundo mandato. Nos últimos quatro anos, o que se viu foi um governo marcado pela ineficiência, intervencionista, afeito a truques contábeis e que abriu mão da estabilidade, bem precioso para quem, como Ceiça, vai investir em um negócio.

O saldo computado por Dilma é decepcionante. A média anual de crescimento foi de 1,6%, a menor desde o governo Collor de Mello, deposto por corrupção. Com esse desempenho, o Brasil atrasou, em pelo menos meia década, a previsão de chegar, em 2049, como a quinta economia do planeta. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita desabou. Do pico de 2011, quando atingiu US$ 12,5 mil, fechou 2014 em US$ 11 mil — um tombo de 12%. Mais: a inflação se manteve persistentemente no teto da meta, de 6,5%; o rombo nas contas públicas chegou a 6% do PIB; o buraco das contas externas representa 4% de todas as riquezas produzidas pelo país; os investimentos produtivos encolheram; e a confiança de empresários e consumidores está no menor nível da história, como mostrará série de reportagens que o Correio publica a partir de hoje.

Ao se deparar com tal realidade, Ceiça dispara: “O Brasil precisa cair na real”. Felizmente, os primeiros sinais emitidos por Dilma são de que chegou a hora do ajuste. Ao nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, ela praticamente rasgou o receituário que prevaleceu desde que chegou ao Palácio do Planalto. A última semana de dezembro foi emblemática. Em busca de uma economia de R$ 18 bilhões, o governo restringiu benefícios sociais como o seguro-desemprego e as pensões por morte, temas caros para o partido de Dilma, o PT, que nasceu na base dos trabalhadores. Também admitiu que não terá mais como subsidiar a conta de luz, um capricho que a chefe do Executivo achou que poderia bancar com recursos do Tesouro Nacional.

Fonte: Correio Web

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