Ex-agente da CIA desaparece de hotel em Hong Kong

Assange aconselha delator do governo dos EUA: ‘Vá para a América Latina’.

O ex-assistente técnico da CIA que vazou informações confidenciais sobre os programas de vigilância do governo dos Estados Unidos desapareceu de seu hotel em Hong Kong, informou nesta terça-feira a rede BBC. Edward Snowden, de 29 anos, deixou o hotel na segunda-feira, sem deixar pistas de onde possa estar. Ewen MacAskill, repórter do jornal britânico The Guardian que publicou as informações de Snowden, disse, contudo, que o ex-agente ainda está em Hong Kong.

Na semana passada, os jornais The Guardian e The Washington Post divulgaram documentos que revelam que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos tem acesso a gravações telefônicas e da internet dentro e fora dos Estados Unidos. Além de emails e telefonemas, o programa Prisma permite rastrear o tráfego em redes sociais, como o Facebook, de milhões de americanos. Segundo Snowden, os EUA estavam criando uma “imensurável rede secreta de espionagem que vigia cada cidadão americano”.

Enquanto preparava as revelações, Snowden viajou do Havaí, onde trabalhava, para Hong Kong, em 20 de maio. Seu objetivo era estar em um lugar onde conseguisse resistir a tentativas dos EUA de puni-lo judicialmente. No entanto, a decisão de fugir para Hong Kong pode não poupá-lo de um processo judicial, devido a um tratado de extradição em vigor desde 1998.

EUA e Hong Kong assinaram um tratado de extradição em 1996, um ano antes de a então colônia britânica ser devolvida à China. Esse tratado permite a troca de suspeitos de cometerem crimes, em um processo formal que pode envolver também o governo chinês. De acordo com o tratado, as autoridades locais podem manter Snowden detido durante até 60 dias depois que os EUA apresentarem uma solicitação, citando o possível crime cometido, enquanto Washington prepara um pedido formal de extradição.

Diplomacia – O porta-voz do governo russo, Dmitri Preskov, afirmou nesta terça que seu país está disposto a examinar uma eventual solicitação de asilo a Snowden. “Se recebermos tal pedido, será examinado”, disse. No entanto, o presidente da Comissão das Relações Exteriores da Duma (câmara baixa do Parlamento russo), Alexei Pushkov, disse que tal decisão provocaria “histeria” nos Estados Unidos. “Ao prometer asilo a Snowden, Moscou se compromete a defender as pessoas perseguidas por motivos políticos. Isto provocará histeria nos Estados Unidos. Eles acreditam que são os únicos que têm este direito”, escreveu no Twitter.

Já Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, que vazou milhões de documentos secretos dos EUA, deu uma dica a Snowden: “Vá para a América Latina”. “A América Latina tem mostrado, nos últimos 10 anos, que está evoluindo na questão dos direitos humanos. Há uma longa tradição de asilo”, disse Assange à CNN. A entrevista foi concedida a partir da embaixada do Equador em Londres, onde ele está há um ano.

Assange se refugiou na embaixada equatoriana em Londres em junho de 2012 para evitar uma extradição à Suécia, onde enfrenta acusações de estupro. Ele diz temer que a Suécia o extradite para os EUA, onde ele pode ser condenado à pena de morte pelos vazamentos do WikiLeaks. O Equador concedeu asilo a Assange em agosto, mas as autoridades britânicas prometeram prendê-lo caso ele deixe a embaixada.

(Veja)

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