Europa se revolta contra turismo de massa no continente

Europa se  revolta contra turismo de massas cresce no continente

Europa – As autoridades têm a difícil missão de equilibrar os pratos da balança: cuidar de uma indústria importante para a economia europeia e manter os moradores felizes, mas não está a ser fácil. Em Espanha já aconteceram episódios de intimidação e hostilidade.

O turismo é considerado o petróleo de Portugal, mas noutros países europeus o excesso de visitantes está a infernizar a vida dos habitantes locais e a desencadear um movimento de intimidação e contestação à “invasão de turistas”.

Das avenidas de Barcelona de Gaudi à medieval Dubrovnik, os locais queixam-se que o crescimento do turismo está a tornar a vida insuportável.

As autoridades têm a difícil missão de equilibrar os pratos da balança: cuidar de uma indústria importante para a economia europeia e manter os moradores felizes.

Roma pensa limitar o número de visitantes em algumas zonas turísticas da cidade, como a fonte de Trevi; Dubrovnik, na Croácia, tenciona reduzir o número de navios de cruzeiro; e Barcelona admite criar uma nova taxa turística.

As últimas semanas têm assistido a vários protestos um pouco por toda a Europa. A Veneza dos canais foi palco de uma manifestação contra o turismo descontrolado.

“A cidade perdeu completamente a sua identidade”, lamenta Alessandro Bressanello, um actor veneziano que se juntou ao movimento cívico 25 de Abril, que defende limites à criação de novos alojamentos para turistas e uma gestão mais eficaz do fluxo de visitantes.

“Todos deviam poder visitar a cidade, mas esta invasão está a criar problemas reais aos venezianos e à cidade, cria uma enormidade de lixo e barulho”, desabafa Alessandro Bressanello.

Protesto em Palma de Maiorca. Foto: EPA

“Turistas vão para casa”

Em Barcelona, a indignação tornou-se em intimidação. Nas paredes da cidade catalã têm surgido graffitis com mensagens como “Turistas vão para casa”, “Que se lixe o turismo” ou “Porquê chamar-lhe época do turismo se não podemos disparar contra eles”.

Em Palma de Maiorca, um grupo de manifestantes entrou num restaurante e atirou confetes, assustando os turistas. O primeiro-ministro espanhol comentou o incidente. Mariano Rajoy descreveu os activistas como “extremistas contra o senso-comum”, uma vez que o turismo representa 12% do PIB do país.

Outros vídeos de protestos foram divulgados nos últimos dias, sob o slogan “O turismo mata os bairros”.

Num desses registos, vários encapuzados param um autocarro de passageiros em Barcelona, furam os pneus e mancham o pára-brisas com tinta.

A cerca de 1.300 quilómetros, nas margens do Adriático, o excesso de visitantes está a infernizar a vida aos habitantes de Dubrovnik.

Aos milhares de pessoas que passam férias na cidade croata, juntam-se os que chegam nos cinco navios de cruzeiro que ali atracam diariamente no Verão.

Num dia de Junho, mais de cinco mil turistas de cruzeiros visitaram a cidade Património da Humanidade da UNESCO.

No pico do Verão, um passeio de 300 metros na zona histórica de Dubrovnik pode demorar 40 minutos. O aumento de turistas e da confusão está a provocar uma diminuição do número de habitantes na cidade velha.

“Não pode voltar a acontecer termos mais de dois navios de cruzeiro ao mesmo tempo”, promete o presidente da Câmara de Dubrovnik, Mato Frankovic.

O turismo no Sul da Europa disparou nos últimos dois anos, em parte devido à instabilidade e aos atentados em países como a Tunísia, o Egipto e a Turquia.

Turismo vale cada vez mais em Portugal

Graffiti de protesto em Barcelona, que recebe 11 milhões de turistas por ano. Foto: Alejandro Garcia/EPA

De acordo com dados avançados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a actividade de alojamento turístico registou uma subida de 11,6% nas dormidas em 2016, para 59,4 milhões, enquanto as receitas totais cresceram 18,1%, para 3,1 mil milhões de euros.

Segundo as Estatísticas do Turismo, “o sector de alojamento turístico (hotelaria, turismo no espaço rural e de habitação e ainda o alojamento local), totalizou 21,3 milhões de hóspedes e 59,4 milhões de dormidas, correspondendo a aumentos de 11,1% e 11,6%”.

A evolução das dormidas nas regiões foi “globalmente positiva”, aponta o INE, que destaca “o aumento significativo” nos Açores (28,5%), o crescimento ocorrido no Norte (mais 14,1%) e na Madeira (12,8%).

O Algarve manteve-se como o principal destino (32% das dormidas totais) secundado pela área metropolitana de Lisboa (24,9%).

Para este ano, as autoridades portuguesas prevêem um novo recorde do número de turistas que escolhem o país para passar férias.

Itália recebeu em 2016 quase 56 milhões, uma subida modesta de 1%, mas no primeiro semestre deste ano o número de dormidas aumentou 4,8%.

O número de visitantes estrangeiros em Roma, Florença e Veneza aumentou mais de 30% entre 2009 e 2015.

Graffiti de protesto em Barcelona, que recebe 11 milhões de turistas por ano. Foto: Alejandro Garcia/EPA

Em Espanha, o número de visitantes disparou 12% nos primeiros seis meses de 2017, para um total de 36,4 milhões.

Barcelona atrai cerca de 11 milhões de turistas por ano e 750 navios de cruzeiro. Está a preparar uma nova taxa de 65 cêntimos para os turistas dos barcos que fiquem menos de 12 horas na cidade.

Roel Theuniszen, um holandês de férias em Barcelona, não sentiu hostilidade por parte dos habitantes locais, mas já ouviu dizer que os turistas não são vistos com bons olhos.

“É importante não dar nas vistas como turista numa cidade como Barcelona para ter uma boa experiência”, aconselha o jovem holandês.

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