Estudantes de engenharia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) aceitaram o desafio de projetar, desenvolver, construir e operar um veículo de competições conhecido como mini-BAJA. Usado em competições off-road (fora de estrada), o veículo tem esse nome porque as disputas ocorriam no deserto de Baja, nos Estados Unidos.
São 14 estudantes de engenharia mecânica, controle e automação, elétrica e produção que formam a equipe Baja-UEA e que vão somar seus conhecimentos e experiências para construir o veículo para participar, em 2014, da competição nacional organizada pela SAE BRASIL (Society of Automotive Engineers). Desde 2003, a disputa é realizada em Piracicaba (SP).
As informações são de Flávio Gabriel Barrozo, acadêmico de engenharia mecânica capitão da equipe Baja-UEA. Os alunos estão sob a orientação do professor doutor Eduardo Rafael Barreda.
“A equipe é subdividida em grupos de construção. Os alunos de engenharia mecânica participam da construção do chassi, suspensão, sistemas de freio e transmissão do carro. Alunos de controle e automação participam da construção da suspensão e dos circuitos e sistemas elétricos, nesse último são apoiados por alunos de engenharia elétrica. Os alunos de engenharia de produção participam na gestão do projeto, eles ficam responsáveis pela compra de insumos, prestação de contas, marketing e comunicação, e da fiscalização de relatórios e processos de construção”, explicou Flávio.
O desafio lançado pela SAE Brasil, filiada à SAE Internacional, e a força de vontade em ser a primeira equipe do Amazonas e a segunda do Norte é o que motiva a equipe, explicou o capitão da Baja-UEA. Para ele, profissionalmente, o projeto é uma excelente oportunidade de ganhar experiência.
Em 2014, será a 20ª edição da disputa. Este ano, 81 equipes de 68 instituições de ensino superior de 17 estados brasileiros e Distrito Federal (DF) se inscreveram para a disputa. Na competição, entre as provas estáticas e dinâmicas estão avaliações de projeto, testes de tração, aceleração, velocidade máxima e o esperado enduro de resistência, que tem quatro horas de duração e é feito em pista de terra de condições severas.
“Não existia um projeto que envolvesse tantos alunos de diferentes engenharias, a UEA é a pioneira neste projeto no Estado do Amazonas. A formação do acadêmico de engenharia se torna mais completa, com a oportunidade prática de solucionarmos problemas reais e não só na teoria e com a chance de lidar com situações que geralmente só vemos no estágio ou depois de efetivados na empresa. Por isso, esse projeto permite ao aluno sair melhor preparado para o mercado de trabalho e para a empresa que o contrata o benefício dessa melhor formação é evidente”, disse.
APOIO, FINANCIAMENTO E PATROCÍNIO
Os alunos que integram a equipe são voluntários e o projeto recebeu recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) para custear a infraestrutura necessária para o processo de montagem do mini-BAJA.
“Temos o apoio também da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que tem nos apoiado com conhecimento técnico do veículo e da competição. Apesar de termos o financiamento da Fapeam, o veículo deve ser patrocinado também por empresas dispostas em ajudar a equipe. Todas as empresas possuem benefícios ao divulgarem sua marca no carro, nas blusas e uniformes do grupo. Possuímos uma proposta de patrocínio detalhada e bem elaborada para trabalharmos em parceria com as empresas de Manaus”, disse Flávio.
2014
O projeto foi iniciado em 2011, mas sem patrocínio, o grupo ainda não participou da competição. “Em 2011 faltou apoio financeiro. Em 2012, conseguimos convencer a UEA do benefício do projeto e também conseguimos dar entrada no projeto Pró-Estado junto à Fapeam. Não participamos da competição em 2012 e 2013, pois o projeto foi aprovado, mas só recebemos parte do financiamento em maio de 2013, após a competição nacional”, disse.
Com os recursos da Fapeam, a equipe Baja-UEA está finalizando a construção da oficina, comprando ferramentas e equipamentos, além dos insumos para construirmos o carro. “Nossos planos são de até dezembro concluirmos a construção do carro e, em janeiro, efetuarmos os testes e ajustes necessários para participarmos da competição Nacional em 2014”, explicou Flávio.
HISTÓRICO
O projeto Baja-SAE foi criado na Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos, sob a direção do Dr. John F. Stevens, sendo que a primeira competição ocorreu em 1976. O ano de 1991 marcou o início das atividades da SAE BRASIL que, em 1994, lançava o Projeto Baja SAE BRASIL.
No ano seguinte, em 1995, foi realizada a primeira competição nacional, na pista Guido Caloi, bairro do Ibirapuera, cidade de São Paulo. No ano seguinte, a competição foi transferida para o Autódromo de Interlagos, onde ficaria até o ano de 2002. A partir de 2003, a competição passou a ser realizada em Piracicaba, interior de São Paulo, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA).
Desde 1997 a SAE BRASIL também apoia a realização de eventos regionais do Baja-SAE BRASIL, através de suas seções regionais. Desde então dezenas de eventos foram realizados em vários Estados do País como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
(Reportagem: Cleidimar Pedroso)