Em Rondônia, morte de peixes e arraias preocupa

Nem urubus comem os peixes mortos
Nem urubus comem os peixes mortos

Porto Velho, RO – A mortandade de peixes e arraias no rio Guaporé, que ocorre desde o início das alagações, preocupa o prefeito do município, Francisco Gonçalves, popularmente conhecido como Chico Território. Ele aguarda o resultado de um laudo toxicológico dos peixes e arraias atingidas e relata que nem os urubus não estão comendo os animais, o que para ele pode ser um indicativo de que os animais estariam contaminados por substâncias tóxicas, provavelmente em decorrência da grande mortandade de animais ocorrida na Bolívia, onde ficam as nascentes do rio Guaporé. Com a morte dos peixes, os pescadores estão sem trabalho e aguardam a liberação do Seguro Defeso para a categoria.

Segundo Chico Território, as mortes dos pescados começou no início das alagações e não parou. “Agora começaram a morrer também os peixes de escama”, informa. O fenômeno foi comunicado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), que fez uma análise da água da região e não constatou contaminação. O Ibama (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Ambiental e Recursos Naturais Renováveis) também foi acionado e recolheu amostras dos peixe e arraias, mas aguarda o resultado de um exame toxicológico, que não é feito em Rondônia. O prefeito aguarda uma visita da Agevisa (Agência Estadual de Vigilância Sanitária) no município.

Segundo a presidente da Colônia de Pescadores Z-17, de Costa Marques, Elizete Tomicha Lobo, a entidade tem o cadastro de cerca de 170 pescadores no município e, ao todo, aproximadamente 300 pessoas vivem da atividade no local. “A pesca está intimamente ligada à cultura e à história do município e também representa um importante setor da economia de Costa Marques”, afirma o prefeito.

O rio Guaporé está com 20 centímetros a mais das médias históricas para o período e pelo menos 240 famílias estão desalojadas. Outras 60 famílias que vivem do lado boliviano também foram atingidas pela água. A prefeitura ajuda no resgate de 56 famílias da Reserva Indígena Ricardo Franco, que estão isoladas. Uma comunidade quilombola de Santa Fé, com aproximadamente 20 famílias, está isolada. A Defesa Civil Estadual está apoiando a retirada dos desabrigados e na distribuição de cestas básicas e água potável. A prefeitura criou o Conselho Municipal de Defesa Civil para reforçar os trabalhos assistenciais.

Estado de emergência

A prefeitura de Costa Marques decretou estado de emergência no município. A portaria foi levada para Brasília no dia 16 de março, pela deputada Marinha Raupp, para o reconhecimento do Ministério da Defesa Civil, que ainda não se manifestou sobre o assunto. A cheia atingiu a área urbana e rural da cidade. As estradas estão alagadas, inclusive a que dá acesso ao Forte Príncipe da Beira, e foi construído um desvio para chegar até a fortaleza.

Instalado na margem do rio Guaporé, o Príncipe da Beira está fechado para visitação porque a água está minando dentro do forte, afirma o prefeito. A prefeitura realiza um serviço emergencial nas estradas para dar acesso às escolas. Milhares de alunos estavam sem aula por causa da alagação.

Embora a situação da cheia seja grave, para o prefeito o período de pós cheia é mais preocupante. Chico Território se preocupa com a saúde da população na vazante do rio. Ele afirma que na cheia de 1997, considerada a maior dos últimos anos, quando a água baixou, vieram várias doenças. Uma delas foi a proliferação de insetos, como piuns com picadas que deixam grandes hematomas na pele e uma gripe que provoca secura na garganta e muita febre.

Por: Ana Aranda – Repórter do Diário da Amazônia

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