Em menos de duas horas, Jefferson realiza perícia médica e deixa hospital no Rio

(Fonte: Folha SP)

Em menos de duas horas, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, realizou na manhã desta quarta-feira (4) a perícia médica na sede do Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Rio de Janeiro.

Sem falar com a imprensa, Jefferson deixou a unidade do Inca no bairro Santo Cristo, por volta das 9h30, acompanhado da mulher, Ana Lucia Novaes, e da filha, Cristiane Brasil, secretária especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida na Prefeitura do Rio e de seu advogado Marcos Pedreira Pinheiro de Lemos.

O Inca informou que o ex-deputado passou apenas por avaliação clínica, sem análise invasiva. Exames particulares e históricos cirúrgicos foram deixados com a equipe médica, que deve finalizar o laudo até o fim da tarde de hoje. O documento deve ser encaminhado até amanhã ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Os exames foram exigidos pelo ministro do STF, Joaquim Barbosa, para avaliar a situação de saúde de Jefferson, que tratou de um câncer do pâncreas em 2012.

Em nota, Jefferson elogiou o atendimento médico no Inca e pediu desculpas à imprensa por não atendê-la. “A pedido do meu advogado, devo permanecer em silêncio, em respeito à Justiça. Compreendo a dificuldade de vocês, mas, agora, é o melhor que posso fazer por mim. O que tinha que fazer pelo bem do Brasil, eu já fiz”, disse.

Mais cedo, quando chegou à unidade, por volta das 7h50, Jefferson foi questionado sobre a expectativa sobre o resultado da avaliação médica, ele disse apenas “zero”. O laudo servirá de base para que Barbosa decida se o condenado cumprirá pena em um presídio ou em prisão domiciliar.

O ex-deputado foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por ter recebido R$ 4,5 milhões do mensalão quando fazia parte da base de apoio do governo Lula no Congresso. Além disso, foi condenado a devolver R$ 720 mil aos cofres públicos. Na quarta-feira (27), Jefferson disse que não tinha “de onde tirar dinheiro” para pagar a multa estipulada pelo Supremo.

Entre os condenados no processo do mensalão, Jefferson foi o único que, ainda na fase de recursos, apresentou um pedido de prisão domiciliar ao STF. De acordo com seus advogados, devido ao tratamento do câncer, enviar o delator para a prisão significaria uma pena de morte.

Jefferson está com a mulher em sua casa de campo em Levy Gasparian (a 140 quilômetros do Rio de Janeiro), aguardando o Supremo expedir seu mandado de prisão em regime semiaberto.

SAÚDE

Pouco mais de um ano após descobrir um câncer no pâncreas, Jefferson cita a saúde frágil em pedido para cumprir em casa a pena que recebeu por seu envolvimento no esquema do mensalão.

Jefferson foi operado para a retirada do tumor maligno em julho de 2012. A cirurgia também removeu partes de outros órgãos, como duodeno, estômago e intestino. Depois disso, fez seis meses de quimioterapia. Ele diz que o câncer se foi, mas as sequelas ficaram. Hoje precisa tomar um coquetel de injeções diárias de vitaminas.

“Com este quadro, seria uma loucura não colocá-lo em prisão domiciliar. O STF é responsável pela integridade física dos réus”, diz o advogado do ex-deputado, Marcos Pinheiro de Lemos. O cirurgião José de Ribamar Saboia de Azevedo, que operou Roberto Jefferson há um ano e assinou o laudo sobre seu estado de saúde, afirma que o paciente demanda cuidados permanentes.

“O médico não condena e nem indica o local em que a pena deve ser cumprida. Mas ele tem uma doença grave e precisa de acompanhamento regular para evitar complicações que podem comprometer a sua vida”, afirma. O autor da denúncia do mensalão, que já chegou a pesar 170 quilos, também sofre sequelas da cirurgia de redução do estômago, feita há 13 anos. É obrigado a seguir uma dieta rígida e a ir ao banheiro até dez vezes por dia.

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