Pombos alimentados nas ruas ofereem riscos à saúde

A criptococose, infecção considerada rara, é a principal doença transmitida pelo pombo (Arthur Castro)

Manaus, AM – Por trás de toda a simbologia de paz e inofensividade, o pombo, mesmo sendo uma ave pequena, oferece um dos maiores perigos à saúde do ser humano. Segundo o infectologista Marcos Guerra, 60% dos pacientes infectados com o fungo (cryptococcus, neoformans) encontrado nas fezes secas do pombo vão a óbito.

O especialista destaca que o fungo formado nas fezes do pombo é transmitido ao organismo humano somente por meio da inalação. A criptococose, infecção considerada rara, é a principal doença transmitida pelo pombo. Hoje, diante de muitas pessoas infectadas com enfermidades que afetam o sistema imunológico, a “doença do pombo”, como é conhecida popularmente, causa outras infecções no cérebro, o que pode provocar uma meningite.

“O pombo não transmite, ele abriga nas fezes o fungo da cryptococcus. Ao ser inalado, ele infecta o pulmão e pode chegar também ao sistema nervoso central. É necessário informar que essa doença não é contagiosa, e a transmissão só acontece por meio do contato com as fezes”, salienta.

Além da criptococose, as fezes do pombo transmitem a histoplasmose. Essa doença provoca uma micose muito profunda que chega a afetar os órgãos internos do ser humano. Outro problema decorrente do pássaro são as doenças de pele após o contato com as penas, que começam com uma dermatite, causando muita coceira, infecções que se transformam em alergias afetando o sistema respiratório.

O infectologista informou que os sintomas variam, dependendo do paciente e dos órgãos afetados. Os mais comuns são as fortes e constantes dores de cabeça que começam gradativamente, dificuldade visual, devido ao aumento da pressão do crânio, vômitos, fraqueza, confusão mental, dor no peito, rigidez na nuca, febre, sensibilidade à luz e até perda da fala e da coordenação motora.

No largo São Sebastião, pombos são vistos com frequência, entretanto, pedestres que passam por ali não se incomodam com a presença deles

Sobre o diagnóstico, o médico salienta que só é possível detectar a doença por meio da análise dos sintomas e do liquor, um líquido retirado da coluna vertebral. Guerra explica que o tratamento é prolongado e pode durar até seis meses. Geralmente, são usados dois tipos de medicamentos antifúngicos, mas em alguns casos não apresentam os resultados esperados, pois não eliminam todas as formas parasitarias. Pessoas com doenças e que tomam remédios que reduzem a defesa do organismo dificilmente conseguem se recuperar da doença.

Como orientação e prevenção, o infectologista comenta que é necessário adotar alguns cuidados para evitar a contaminação, principalmente na hora da limpeza dos locais que acumulam as fezes do pombo.“É preciso evitar que os pombos construam ninhos e façam morada em residências e até mesmo em locais de trabalho. Além disso, todo cuidado é pouco na hora da limpeza das fezes. Nessa situação, é indispensável o uso de luvas e máscaras”, finalizou.

Diagnóstico precoce ajuda

Infectado com o fungo cryptococcus no início deste ano, Eddie Figueiredo conta que passou 25 dias em coma induzido, ainda está em processo de recuperação e precisa de doações para começar o tratamento de fisioterapia para reestabelecer a coordenação motora. Com o diagnóstico precoce da doença, Eddie teve a sorte de não ter sequelas graves que poderiam comprometer a sua saúde para o resto da vida.

Circulando diariamente numa área considerada recanto das aves, depois do dia 25 de janeiro Eddie começou a ter dores de cabeça intensas, chegando a ingerir Tramal para aliviar a dor crônica que não passava. Após isso, ele começou a ter momentos de desorientação, o que levou uma equipe médica a diagnosticá-lo com labirintite.

“Mesmo fazendo o tratamento para labirintite, a dor de cabeça não passava. Fomos para o pronto-socorro, onde por meio de exames viram que algumas coisas estavam alteradas. Como essa dor nunca passava, levei ele ao João Lúcio, a um especialista em neurologia. Chegando lá, ele simplesmente surtou. Imediatamente, o sedaram. Fizeram uma tomografia que mostrou que o cérebro estava todo comprometido. Coletaram o liquor, que comprovou o fungo no organismo dele”, relatou a esposa Kelly Cristini.

A recomendação é ficar distante do animal

Transferido para o Hospital de Medicina Tropical, Eddie iniciou o tratamento correto. Após 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os médicos decidiram retirar a sedação. Mesmo desorientado, Eddie não apresentou nenhuma sequela que comprometesse o procedimento de alta médica.

No próximo dia 19 de março, às 13h, a família de Eddie estará realizando uma feijoada com música ao vivo, para arrecadar dinheiro que será destinado ao pagamento das sessões de fisioterapia.

O evento será no clube Ipiranga, localizado entre as ruas Barcelos e Carvalho Leal, no bairro Cachoeirinha. Para quem tiver interesse em ajudar, a feijoada está sendo vendida pelo telefone 99418-5746, no valor de R$ 10.

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