Em discurso inflamado em Roraima, Dilma garante que a legitimidade de seus votos ninguém vai tirar

Dilma faz discurso político forte, em Roraima e diz que o seu Governo tem legitimidade
Dilma faz discurso político forte, em Roraima e diz que o seu Governo tem legitimidade
Dilma faz discurso político forte, em Roraima e diz que o seu Governo tem legitimidade

Boa Vista, RR – Um dia após o panelaço contra seu governo, e cada vez mais pressionada pela base aliada, que agora tenta reduzir o espaço do PT no Ministério, a presidente Dilma Rousseff fez nesta sexta-feira, em Roraima, um enfático discurso destacando que o que lhe dá legitimidade para governar é o voto popular. Acompanhada apenas pelo ministro Gilberto Kassab (Cidades) — já que outros ministros estavam em São Paulo em ato de solidariedade ao ex-presidente Lula —, Dilma afirmou que é uma pessoa que “aguenta ameaças”, e que uma democracia “respeita a eleição direta pelo voto popular”.

— Podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram. A primeira característica de quem honra o voto que lhe deram é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu — disse a presidente.

Para uma plateia formada, em sua maioria, por beneficiários do Minha Casa Minha Vida, afirmou:

— Sou uma pessoa que aguento pressão. Sou uma pessoa que aguento ameaça. Aliás, eu sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida. Acho que o Brasil hoje é muito diferente daquele Brasil que eu tive de enfrentar as mais terríveis dificuldades. Porque este país é uma democracia, e uma democracia respeita, sobretudo, a eleição direta pelo voto popular.

‘PT tem cargos demais’

A base aliada no Congresso, no entanto, quer que a reforma ministerial, que já vem sendo debatida abertamente, comece por um esvaziamento do PT. Representantes de partidos aliados rebelados em relação ao Palácio do Planalto estão defendendo que a legenda seja sacrificado na composição do governo, como forma de começar a reestruturação da base no Congresso para amenizar a crise política. Segundo os líderes, o PT ocupa no governo um espaço muito superior à sua força política no Congresso.

— Precisa haver um desaparelhamento do Estado. O PT tem cargos demais, e isso pesa muito na máquina pública. As crises às vezes servem para superar vícios que, na bonança, não se verificam — disse o líder do PR, deputado Maurício Quintella (AL).

— O governo foi montado quase de forma hegemônica para o PT. Essa correlação não se sustenta mais. Isso foi falado claramente na reunião dos líderes da base com o vice-presidente Michel Temer — afirmou ao GLOBO um deputado de partido aliado.

Crise política

Na reunião de quarta-feira entre Michel Temer e os líderes da base, a questão foi levantada. Segundo relatos, houve uma concordância quase generalizada com a avaliação de que o PT precisa ter menos ministérios. Exceto por parte dos líderes do governo e do PT, José Guimarães (PT-CE) e Sibá Machado (AC), respectivamente, que se mantiveram em silêncio sobre essa discussão. Temer teria se comprometido a levar o assunto para Dilma e também fazer o relato na próxima reunião de coordenação política do governo.

Diante do acirramento da crise política, Dilma vai interromper o Dia dos Pais de seus ministros mais cedo, e os receberá no Palácio da Alvorada para uma conversa sobre o duro momento que seu governo enfrenta. Michel Temer e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Jaques Wagner (Defesa), Ricardo Berzoini, (Comunicações) e Edinho Silva (Comunicação Social) devem participar.

Conversas com movimentos sociais

Além dos desdobramentos do esfacelamento da base aliada na Câmara, Dilma também quer conversar com seus auxiliares sobre um plano de reação. A partir da próxima semana, ela promoverá rodadas de diálogo com empresários e com movimentos sociais. Esses eventos serão casados com agendas positivas, como a de ontem. Na segunda, Dilma vai ao Maranhão entregar mais casas do Minha Casa Minha Vida. Na sexta, ela vai para a Bahia entregar mais casas e encontrar representantes de movimentos sociais.

Na quinta-feira, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou em entrevista às agências Reuters e Bloomberg que Dilma terminará seu mandato:

— É obvio e ululante (que Dilma terminará o mandato). Não vejo razão e nem benefício para o impeachment.

Atônito, o Planalto tenta definir um plano para sair da crise mas, por enquanto, só bateu o martelo em torno de medidas pontuais. O diagnóstico, pelo menos, já está fechado, e é o de que o governo Dilma está “no fio da navalha”.

— Há compreensão de que nós estamos no fio da navalha, por não ter mais o que fazer para manter o mandato da presidente Dilma. Ou se toma algumas medidas de forma mais efetiva, e mesmo assim sem saber se terá o impacto esperado, ou não se faz nada e se espera pelo que virá — disse um deputado do PT após reunião, na noite de anteontem, com o ministro Ricardo Berzoini (Comunicações).

Enquanto isso, no encerramento de uma semana que começou com a prisão de um símbolo do partido, o ex-ministro José Dirceu, e acabou marcada pelo panelaço e pelos adversários aumentando os debates sobre forma de lhe tirar do poder, Dilma se refugiou entre os beneficiários do Minha Casa Minha Vida, e foi aplaudida em vários momentos de seu discurso.

Ela afirmou que vai se esforçar para garantir a estabilidade política. Sem entrar em detalhes, disse que trabalhará “incansavelmente” por isso. Dilma dedicou parte de seu discurso para falar sobre o atual cenário econômico do país. Ao reconhecer que o Brasil passa por “dificuldades”, destacou que o país é “muito mais robusto” do que em anos anteriores e citou reservas cambiais que ultrapassam os US$ 300 bilhões:

— É fato que o Brasil passa por dificuldades, mas é fato também que nós somos hoje um país muito mais robusto e muito mais forte.

Amazonianarede-O Globo

 

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