Boa Vista, RR – Falta fiscalização de agentes ambientais e banhistas também cobram a presença de guarda-vidas nas praias da cidade.
Nem mesmo o forte calor e o feriadão fizeram o boa-vistense procurar os balneários da cidade. Ontem pela manhã e no início da tarde, poucas pessoas foram às praias se refrescar, mas apesar do movimento fraco, o lixo estava por toda parte. A cena era lamentável: garrafas plásticas, latinhas de cerveja, sacos e papéis jogados na areia e no leito dos rios.
No banho do Caçari, zona Leste, por exemplo, poucas famílias se divertiam e se refrescavam, ontem pela manhã, nas águas do rio Cauamé. A comerciante Marta de Oliveira, de 39 anos, aproveitava o sol para se bronzear e o mergulho nas águas correntes, mas reclamou do excesso de lixo e da falta de educação.
“Eu aprendi que educação a gente traz de casa. O lixo que faço aqui, eu separo e levo para colocar numa lixeira, mas infelizmente tem gente que mais parece um bicho. Deixa tudo espalhado pelo chão e vai embora”, lamentou.
A comerciante tem razão. Ao pé dos caimbés, na praia, inúmeros sacos, latas e garrafas plásticas. No rio, algumas latinhas de cerveja boiavam. “Tamanha beleza e as pessoas não preservam. Depois acaba e pronto!”, retrucou.
No balneário do Cauamé, na zona Oeste, o movimento também estava fraco, ontem pela manhã, mas algumas famílias aproveitaram o feriadão. A praia também estava suja, apesar das placas alertando para a importância da preservação ambiental.
“Não cabe apenas ao poder público, mas a todos. Não poluir o meio ambiente é de responsabilidade da sociedade. Acho um absurdo jogar ou deixar lixo aqui, um ambiente tão prazeroso”, comentou a professora Hilda Sobrinho, 29 anos, moradora do bairro Caranã, zona Oeste.
Apesar das lixeiras no balneário, muitos deixaram seus lixos espalhados pela areia. A reportagem também verificou garrafas de vidro quebradas no local, o que representa um risco iminente de acidente. Algumas crianças brincavam perto.
A Folha constatou também que nos balneários não havia guarda-vida do Corpo de Bombeiros, ontem pela manhã e à tarde, para garantir a segurança dos banhistas. Em feriados prolongados e finais de semana é comum, principalmente, crianças e adultos embriagados se afogarem. Este ano já houve registro de morte por afogamentos nos balneários da Capital.
Nas praias não havia nenhum fiscal ambiental do Município. A Folha mandou e-mail à Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista (PMBV) e do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, mas não houve retorno até o encerramento da matéria, às 17h30.
Boa-vistense prefere curtir o Interior
Os boa-vistenses aproveitam o feriadão para viajar ao Interior do Estado. Entre os municípios mais procurados, Pacaraima, ao Norte, Caracaraí e Rorainópolis, ao Sul, Cantá, a Leste, e os sítios localizados na região do Água Boa, na zona Rural da Capital.
“A gente prefere a tranquilidade do interior. É mais seguro, pois a cidade está muito violenta e tem muitos assaltos. A única preocupação é o cuidado com trânsito na BR”, comentou o servidor público Alessandro Filho, de 49 anos.
No interior de Caracaraí, município a 155 quilômetros da Capital pela BR-174, Sul do Estado, Filho adiantou que aproveitaria todos os dias do feriadão. “Só retorno à Capital na próxima semana. Sempre venho para cá quando tem feriado prolongado. É mais seguro. A gente pode se divertir e beber à vontade. Na cidade não podemos mais nem sentar à porta. A violência é assustadora”, reclamou.
O município do Cantá, a 35 quilômetros da Capital pela BR-401, Centro-Leste de Roraima, também recebe muitos boa-vistenses nos feriadões. “A família toda se reúne com amigos e todos vêm ao sítio do pai. É mais seguro. A gente brinca sem problema e sem confusão. É uma maravilha”, comentou a autônoma Lucineide Rodrigues, de 28 anos, moradora do bairro 13 de Setembro, zona Sul da Capital.
Até ontem à tarde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda não tinha uma estimativa de quantos haviam deixado a Capital neste feriadão. O movimento na Rodoviária Internacional de Boa Vista e nos pontos de táxis intermunicipais também era intenso.
Fonte: Amilcar Júnior – Folha BV