Decisão do STF embaralha a disputa eleitoral em 2014

Brasília – A decisão do Supremo Tribunal Federal de não interromper a tramitação de projetos de lei no Congresso representou um verdadeiro balde de água fria na oposição, que vinha costurando planos e alianças para a disputa presidencial do próximo ano.

Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos terão que rever suas estratégias e possíveis coligações diante da possibilidade do projeto que dificulta a formação de novos partidos ser aprovado no Senado.

O projeto em tramitação determina que os parlamentares que mudarem de partido no meio do mandato não poderão transferir o tempo de propaganda de rádio e TV para a nova sigla, assim como os recursos do fundo partidário, que serão limitados. Sem essa possibilidade, os novos partidos ficarão sem direito a propaganda e terão apenas parte dos 5% do fundo partidário que é distribuído a todos os partidos. No ano passado, R$ 286,2 milhões foram distribuídos a todas as legendas e a maior parcela ficou com o PT que tem a maior bancada.

A decisão do Supremo coloca em xeque a formação do Rede Sustentabilidade, que vem sendo estruturado pela ex-senadora Marina Silva, e o Movimento Democrático, do deputado federal Roberto Freire, hoje no PPS. Os dois partidos teriam papel fundamental na disputa no próximo ano. Freire vinha articulando com o tucano José Serra sua saída do PSDB onde perdeu espaço para Aécio Neves na disputa pela presidência. Serra seria o candidato do MD e traria com ele uma revoada de tucanos aliados seus. O partido contaria ainda com parlamentares do Dem. Já o Rede seria formado em parte por parlamentares do Partido Verde.

ALIANÇAS

Os dois novos partidos vinham mantendo conversas com PSDB e PSB para traçar uma possível estratégia de repartição de votos para que os candidatos Aécio, Campos, Marina e na lanterna José Serra, pudessem ter alguma chance contra Dilma Rousseff. De acordo com recente pesquisa, a presidente ganharia as eleições hoje em primeiro turno. Mas, disputando com quatro candidatos, não estaria descartada a chance de levar a eleição para um segundo turno.

Em seguida, seria feita uma avaliação de possíveis alianças e formação de palanques nos estados para viabilizar uma corrente de apoios contra quem fosse disputar com Dilma. Aécio é conhecido no sul e sudeste, embora não tenha muitas intenções de voto nas duas regiões, e tem grandes dificuldades de penetrar no nordeste. Ao contrário, Eduardo Campos é um governador com grande aprovação em Pernambuco e forte na região, contando ainda com o apoio de vários parlamentares do PSB eleitos no nordeste, com exceção dos irmãos Gomes, e que teriam papel fundamental em sua campanha. Já no sul e sudeste, Campos teria um desempenho bem mais modesto.

Em 2010, Marina disputou as eleições presidenciais concorrendo com Dilma e Serra e surpreendeu a todos obtendo quase 20 milhões de votos. Ela também venceu o primeiro turno em Brasília, Belo Horizonte e Vitória.

Nas eleições de 2014, caso concorra, Marina conta para dar a partida de sua campanha com uma base de votos mais ou menos igual a das eleições passadas e com essa bagagem pretende marcar forte presença na disputa. Os votos de Marina num primeiro turno, mesmo não sendo ela o candidato a disputar com Dilma num hipotético segundo turno, seriam uma importante moeda de troca no apoio a outros candidatos.

Aécio e Campos, prontos para disputar a próxima eleição, enxergam Marina e Serra como trunfos que poderiam beneficiar suas próprias candidaturas. Com os quatro disputando as eleições, a divisão do eleitorado colocaria uma possível vitória de Dilma no primeiro turno em risco. Eles apostam ainda que a campanha contra a política econômica de Dilma, que vem sendo feita pela mídia, poderá enfraquecer ainda mais a preferência dos eleitores pela presidente, reduzindo suas chances.

Os candidatos do PSDB e PSB tem a convicção de que tanto Marina quanto Serra não terão a menor chance de ir para um segundo turno contra Dilma. Portanto, humildemente, caberia a um dos dois desempenhar essa função. Marina e Serra, no entanto, seriam peças fundamentais nesse tabuleiro, principalmente na formação de palanques estaduais. Os quatro juntos poderiam ter forças para balançar a posição de Dilma. Mas, com a decisão do STF, toda essa estratégia vai por terra. Será preciso uma nova avaliação da situação que se configura para traçar outra estratégia.

(JB) 

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