Crescente número de crimes na juventude preocupa sociedade

(Por: Thiago Eduardo)

Manaus – Atualmente os noticiários revelam com frequência o alto índice de violência que envolve crianças e adolescentes em Manaus com grande nível de rapidez.

Prova disso é resultado de um levantamento realizado pelo ‘Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil’, divulgado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).

A pesquisa baseou-se em dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde com brasileiros na faixa etária de 15 a 24 anos e revelou que em uma década, o número de homicídios entre os jovens do Amazonas cresceu 164,2%, o percentual é maior que a média da Região Norte (121,2%) e está bem acima da nacional (1,7%).

De acordo com o levantamento, hoje a violência é responsável por 63,1% das mortes juvenis no Amazonas. Os homicídios são responsáveis por 41,7% das mortes. Manaus ocupa 8ª posição do Mapa em relação às capitais com maior taxa de morte juvenil, são 120,4 homicídios para cada 100 mil habitantes, um crescimento de 151,5% em dez anos.

Em meios a dados alarmantes é possível perceber a importância de medidas preventivas e socioeducativas para evitar danos aos jovens, como programas educacionais e comunitários. A base da formação de todo e qualquer cidadão vem primordialmente da família, porém o que fazer com aqueles que por algum motivo cresceram sem família, em orfanatos ou até mesmo nas ruas?

Jovens Cientistas do Programa Ciência na Escola (PCE), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (Fapeam), desenvolveram através do projeto ‘Adolescência e Violência na cidade: estudo sobre a violência e as infrações por adolescentes na zona sul de Manaus’, uma forma de ajudar e tratar mais os casos de violência entre jovens.

A pesquisa coordenada pelo professor Marcos Paulo Fonseca, busca formas de estudar os níveis de violência das escolas através dos alunos e comunidade, pela formação da família ou ausência dela.

“Trabalho desde cedo com crianças e adolescentes em igrejas ou escolas com programas comunitários, através do PCE pude dar continuidade com esta linha de pesquisa que envolveu várias vertentes de estudo como problemática da desigualdade social, demografia populacional, pesquisa teórica sobre direito constitucional, diminuição da maioridade penal e também visitas em órgãos como na Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh), Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seas), Distritos Policiais e Programas Sociais da Amazônia (Prosam) instituição sem fins lucrativos”, avalia o coordenador.

Durante as pesquisas foram analisados vários fatores que influenciam a violência na vida dos jovens, como: as zonas da cidade as quais estão inseridos; desestruturações familiares de cada jovem; questões políticas e sociais. “Os alunos puderam identificar no meio em que eles vivem quais os motivos dos jovens seguirem por certos caminhos que acarretam diversos problemas. Depois disso eles melhoraram o senso crítico, tiveram mais capacidade de expressar-se, firmaram pensamento de mudanças influenciando colegas e amigos através de seminários e debates sobre a crescente problemática dentro da comunidade”, relata Fonseca.

Desde o começo da vida do ser humano a sociedade, família e escola tem como papel fundamental exercer total prudência na questão de educar todo qualquer pequeno cidadão. A má educação, ou total ausência dela, será consequentemente refletida de maneira negativa na vida deles, seja em um lar desestruturado ou em uma escola descompromissada com a boa educação, os danos causados são muita das vezes irreversíveis na vida de crianças e jovens.

“Quando vou à aula nem sempre vou com vontade, pois tem algumas meninas na minha escola que ficam implicando comigo. Já até me ameaçaram de bater, sempre vejo gente brigando na frente da escola, correndo de galera, usando coisas erradas no banheiro, as vezes até me oferecem, mas eu nego sempre. Tenho amigos e familiares viciados nisso e não quero isso para mim, só quero estudar em paz e ter uma boa profissão para ajudar minha família”, relata D. A. (17), estudante de uma escola da zona leste de Manaus.

Segundo análise realizada pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, autor do ‘Mapa da Violência’, o eixo da violência se desenvolveu com mais rapidez nas cidades que alteraram seus perfis socioeconômicos, como é o caso do Amazonas, representantes de um dos grandes pólos de desenvolvimento econômico do país.

“A emergência desses novos pólos de crescimento, atraindo investimentos e gerando emprego e renda, tornam-se também atrativos para a criminalidade por serem áreas onde os mecanismos da segurança são ainda precários ou incipientes, sem experiência histórica e aparelhamento para o enfrentamento das novas configurações da violência”, avalia o sociólogo.

Não é de hoje que assuntos como violência e criminalidade estão presentes no universo dos jovens, porém, com o crescimento destes dados necessita-se que comunidade, família e escola se envolvam continuamente para reverter o quadro atual.

Atualmente a situação financeira ou grau de instrução educacional não são determinantes para que um jovem não enverede por caminhos errados, entretanto, é notório que se o jovem cresce em um ambiente hostil, seu caminho poderá ser de trilhado pelo tráfico de drogas, como vendedor ou usuário, o que o tornará um participante ativo de infrações, como assaltos, estupros e assassinatos.

É necessário que cada cidadão faça esta pergunta para si mesmo e analise a resposta correta: “O que leva os jovens de hoje a entrar no mundo do crime?”

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