Clima de guerra entre brancos e índios, no oeste do Pará

14-05povoJacareacanga, PA – O clima de confronto entre a população de Jacareacanga e um grupo de indígenas da etnia Mundurukus, neste município do oeste do Pará, ainda é tenso.
Depois dos confrontos de segunda, dia 12 e ontem, o delegado Lucivelton Santos, da Polícia Civil, disse que a população somente reagiu e se mobilizou para impedir uma tentativa de colocar fogo na casa de professores do município, provocado por um grupo de índios da etnia Munduruku, na noite última segunda-feira (12).

Segundo a polícia, a tentativa do incêndio teria sido um protesto pela demissão de 70 professores indígenas do município. Os demitidos trabalhavam para a secretaria municipal de Educação de Jacareacanga, mas não tiveram os contratos renovados por não terem formação acadêmica para lecionar.

A destruição parcial da casa dos professores teria sido uma forma de pressionar para a recontratação dos indígenas. De acordo com o delegado a casa só não foi totalmente consumida porque o fogo foi debelado por vizinhos do imóvel. “Os índios queimaram parcialmente a casa de apoio dos professores na noite de segunda. Ontem, as aulas foram suspensas e a população fez uma passeata que terminou em frente da Prefeitura.

Durante esta passeata houve princípio de confronto, os índios estavam com flechas, paus, terçados e outros instrumentos de guerra, mas fizemos um cordão para que não houvesse agressão”, argumentou o delegado Lucivelton Santos.

Ontem a Cimi (Conselho Indígenista Missionário), ligado à Igreja Católica, em nota distribuída à imprensa afirmou que os índios teriam sido vítimas de agressão com rojões e que dois deles estavam feridos, mas que foram impedidos de serem atendidos no hospital municipal.

HISTÓRICO

As manifestações protagonizadas por este pequeno grupo de indígenas Mundurukus, liderados por Maria Leuza Munduruku são caracterizadas por atos de violência, desobediência e falta de diálogo.

As próprias lideranças indígenas e os políticos de Jacareacanga manifestam preocupação, pois a qualquer momento podem acontecer confrontos entre os próprios indígenas e até com a população não indígena.

As hostilidades iniciaram em janeiro de 2013, quando este grupo sequestrou três biólogos que faziam pesquisa sobre o Complexo Hidrelétrico do Tapajós. Em seguida o mesmo grupo invadiu a Câmara de Vereadores de Jacareacanga e mantiveram os vereadores em cárcere privado por cerca de cinco horas. Alguns vereadores foram hostilizados pelos guerreiros que passaram folha de urtiga no rosto de alguns parlamentares.

Em fevereiro deste ano o grupo invadiu um garimpo localizado no Rio das Tropas (que faz divisa com o território dos Munduruku), e expulsaram os garimpeiros. Uma cozinheira denunciou na Comissão de Justiça da Câmara que foi estuprada por alguns indígenas durante a ação.

No último dia 5, insatisfeitos com a não recontratação de 70 professores indígenas, o mesmo grupo de guerreiros tentou seqüestrar o secretário municipal de Educação, Pedro Lúcio Santa Rosa. A ação foi evitada por populares e servidores da Educação. O objetivo dos indígenas seria levar Pedro Lucio para uma aldeia próxima para forçar a recontratação dos professores.

Na segunda, dia 12, pela manhã, cerca de 30 guerreiros Munduruku, entre eles a indígena Maria Leuza Munduruku, tentaram ocupar o prédio da Prefeitura. Vereadores e lideranças indígenas intervieram para evitar um confronto.

Durante a manifestação em frente à Prefeitura alguns homens, não indígenas, estariam armados para um possível confronto com os guerreiros Munduruku. À noite moradores flagraram um grupo de indígenas ateando fogo numa casa de propriedade da Prefeitura, local onde são alojados professores que trabalham na área indígena.

Ontem, profissionais da educação organizaram uma manifestação pela paz em frente à Prefeitura. Mais de 500 pessoas participaram do evento. O vice-prefeito Roberto Crixi se manifestou repudiando as ações dos parentes. Já Valdelírio Kabá, da Associação Pusuru pediu perdão à população de Jacareacanga.

O secretário de educação Pedro Lúcio, agredido por um indígena durante a tentativa de sequestro, anunciou que por segurança a secretaria municipal de Educação estará retirando da área todos os professores não indígenas.

Durante esta manifestação, um grupo de indígena tentou pegar o secretário de Assuntos Indígenas, Ivânio Alencar. Populares impediram a ação.

A manifestação popular se dirigiu pelas ruas da cidade e num trecho da rua Raimundo Bernardo da Silva (em frente à casa de Maria Leuza Munduruku) o grupo de guerreiros Munduruku tentou impedir a manifestação, armados com lanças e flechas. Houve um desentendimento os guerreiros Munduruku bateram em retirada.

Com informações do Blog do Júnior Ribeiro

 

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