Cheia em Rondônia: ribeirinhos perdem 95% do plantio

(Foto: DA)

Porto Velho, RO – Devido a cheia do rio Madeira, várias áreas de plantio na região ribeirinha de Porto Velho foram alagadas e os agricultores já contabilizam os prejuízos trazidos juntamente com a água das chuvas.

Os pequenos produtores rurais são os que mais sofrem com a surpresa desagradável. A gravidade das enchentes em Porto Velho foi classificada como de nível 1, numa escala que vai até 3, segundo o Corpo de Bombeiros.

De acordo com o secretário Municipal de Agricultura e Abastecimento (Semagric), Leonel Bertolin, na margem esquerda do rio Madeira os produtores perderam 95% de sua produção e na margem direita quase tudo. A situação mais crítica, segundo o secretário, se concentra no Médio e Baixo Madeira onde quase toda produção agrícola está debaixo d’água.

“Plantações inteiras de macaxeira foram perdidas entre outros alimentos. As plantações que ficam em áreas mais baixas foram completamente destruídas. Cerca de dez comunidades ribeirinhas, que vivem na margem esquerda do rio, não conseguem escoar o pouco que sobrou da produção”, relata Bertolin.

Ainda segundo o secretário, a Semagric está fazendo um levantamento dos agricultores que fizeram financiamento para plantar e perderam suas lavouras, para que o pagamento das parcelas tenham um novo prazo de pagamento. “A perda na produção agrícola poderá ter dimensões muito maiores do que se imagina. Estamos calculando os prejuízos para que possamos encontrar mecanismos de apoio a esses produtores”, esclarece o secretário.

Produtos regionais em falta

Nos mercados municipais, a falta de produtos comercializados pelos ribeirinhos não causou tanto impacto aos feirantes. Eles relatam que apenas alguns produtos como a macaxeira, a chicória, a pupunha e a banana estão em baixa no mercado, porém podem ser comprados de outras regiões. O feirante Brás Gomes conta que comprou seu último saco de macaxeira na última segunda-feira. “Eu comprava minha macaxeira de um atravessador que trazia do outro lado do rio, era uma macaxeira boa e gostosa. Agora tenho que procurar outros revendedores, já que a produção do outro lado do rio foi toda por água abaixo. O que não posso garantir é a qualidade e o preço”, analisa Brás.

Com medo de ficar desabastecido, o feirante Antônio Souza conta que preparou um bom estoque de farinha de mandioca, porém não sabe ao certo por quanto tempo terá o produto. “Os ribeirinhos que produziam muita mandioca tiveram suas produções destruídas pela enchente. Na última vez que consegui comprar do pessoal do outro lado do rio, o próprio atravessador me alertou que iria ficar em falta no mercado. Acabei comprando o triplo do que eu compro para poder aguentar um tempo, só não posso garantir quanto tempo vai durar e nem a que preço pode chegar”, frisa Souza.

Para a feirante Neuza Audá, que tem uma banca do mercado do Quilômetro Um, a falta de produtos cultivados nas regiões ribeirinhas pode ser amenizada, mas os prejuízo dos produtores não terá como reaver, considera ela. “Podemos comprar de outros produtores. Acredito que o prejuízo maior será para os produtores que perderam suas plantações e agora vivem um verdadeiro drama”, exemplifica Neuza.

Alagação causa prejuízo à economia da capital

As alagações estão afetando a economia não só de Porto Velho, como de todo o Estado, conforme explica o economista Sílvio Persivo, da Federação do Comércio de Rondônia (Fecomércio). “A mudança do local de transbordo de combustível, que passou a ser feito pelo Porto de Porto Velho, aumentou o preço dos combustíveis, impactando os diversos setores da economia. A interrupção ou redução de veículos nas estradas que ligam a Capital aos municípios vizinhos também afeta o comércio. Outro impacto é a redução do poder de compra da população ribeirinha, que amarga os prejuízos provocados pela destruição das plantações” , explica ele. Vendedor de uma loja de móveis e eletrodomésticos do centro da cidade, Felipe Martins já está sentindo as consequências da catástrofe. “Nossa movimentação caiu sensivelmente nos últimos dias”, lamenta.

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