Cem anos depois, dois pastorzinhos de Fátima passam a ser santos

Cem anos depois, dois pastorzinhos de Fátima passam a ser santos

Fatima, Portugal -Dois dos três pastorzinhos de Fátima, em Portugal, que afirmaram ter presenciado várias aparições da Virgem Maria em 1917, serão canonizados em 13 de maio pelo papa Francisco no próprio local onde disseram que as mesmas ocorreram.

Cem anos após a primeira aparição, Francisco Marto e sua irmã Jacinta, que tinham nove e sete anos de idade, respectivamente, se converterão nos santos mais jovens da história da Igreja Católica que não morreram como mártires.

O anúncio, feito nesta quinta-feira no Vaticano pelo papa, foi recebido com entusiasmo em Portugal: “o centenário das aparições atingirá assim todo o seu esplendor!”, reagiu o bispo de Leiria-Fátima, Antonio Marto.

Emocionados, os peregrinos presentes no santuário de Fátima, alguns aos prantos, deram às boas-vindas a esta “extraordinária notícia”, segundo imagens da televisão.

Francisco, Jacinta e sua prima Lúcia dos Santos teriam visto pela primeira vez a Virgem Maria no dia 13 de maio de 1917, em um carvalho em um campo rochoso de Cova da Iria.

Nascidos em famílias muito humildades, os três pastorzinhos estavam longe de imaginar que se tornariam objeto de culto no mundo inteiro.

A cerimônia de canonização presidida por Francisco, esperado em Fátima em 12 de maio para uma viagem de menos de 24 horas, vai acontecer apenas 17 anos após a beatificação dos dois pastorezinhos por João Paulo II.

Este último reconheceu em 1999 como o primeiro milagre atribuído aos pastorzinhos a cura de Maria Emilia Santos, paralisada por 22 anos, que conseguiu se levantar de sua cadeira de rodas em 1989.

Para serem canonizadas, as crianças deveriam ser creditado com um segundo milagre pelo Vaticano. Isso aconteceu em 23 de março. Segundo a Rádio Vaticano, trata-se da cura “inexplicável” em 2013 de uma criança brasileira de seis anos que sobreviveu sem sequelas a uma queda de sete metros, apesar de ter sofrido um grave traumatismo craniano.

 Acusados de bruxaria

Francisco morreu em 1919 e Jacinta menos de um ano depois, ambos vítimas da “gripe espanhola” que devastava a Europa. Lúcia, que se tornou freira da Ordem das Carmelitas, faleceu em 2005 aos 97 anos de idade. Seu processo de beatificação foi iniciado em 2008.

Praticamente analfabetos, os três pastorzinhos cuidavam do magro rebanho de sua família. Suas vidas mudaram totalmente quando se propagou em Portugal a notícia das “aparições”.

Na época, foram acusados de bruxaria. Até mesmo a Igreja Católica questionou, em um primeiro momento, a natureza “milagrosa” de suas visões.

Depois, em 1930, finalmente declarou o acontecido como digno de fé e autorizou o culto de Nossa Senhora de Fátima.

Ainda hoje, parte do mundo católico português duvida da autenticidade das aparições.

“Eu posso ser um bom católico e não acreditar em Fátima, porque não é um dogma. É evidente que Nossa Senhora não apareceu em Fátima”, declarou o padre Anselmo Borges, preferindo evocar uma “experiência religiosa interior” dos pastorzinhos.

 Três segredos

Segundo a tradição, a Virgem apareceu outras cinco vezes ao longo do ano 1917 e nestas fez profecias, recomendações e entregou, na última ocasião, três mensagens conhecidas como “os segredos de Fátima”.

A freira Lúcia revelou os dois primeiros segredos para um bispo em 1941. O papa Pio XII o fez públicos em 1942. O primeiro era uma visão do inferno e o segundo falava de uma guerra pior do que as já registradas até então.

O terceiro mistério se manteve em segredo durante muitos anos. Ele foi revelado em 1944 ao papa Pio XII com a recomendação de não torná-lo público antes de 1960.

Apenas foi revelado em 2000, precisamente em Fátima, e segundo o Vaticano se referia ao atentado sofrido por João Paulo II em 13 de maio de 1981 na praça São Pedro, no 64º aniversário da primeira aparição de Fátima.

Depois, durante uma visita a Portugal em 2010, seu sucessor Bento XVI atualizou o último segredo, dizendo que anunciava os “sofrimentos” da Igreja, então abalada pela crise dos escândalos de pedofilia.

Amazonianarede-AFP

 

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