Carta de Manaus, assinada pelos governadores da Amazônia Legal defende revisão do Pacto Federativo

Na Carta de Manaus, governadores da \Amazônia, defendem mudanças no Pacto Federatrivo
Na Carta de Manaus, governadores da Amazônia legal, defendem revisão no Pacto Federativo
Na Carta de Manaus, governadores da Amazônia legal, defendem revisão no Pacto Federativo

Amazonas – Mais investimentos em infraestrutura e a equalização das remunerações por serviços de saúde e educação dos Estados da Amazônia Legal estão entre os pontos de destaque da Carta de Manaus, assinada nesta sexta-feira, 24 de julho, durante o 11º Fórum de Governadores da Amazônia Legal. Reunidos na capital do Amazonas desde o início da manhã, os chefes dos executivos dos nove Estados da região defenderam revisão no pacto federativo, união em torno da agenda ambiental e maior participação nas discussões sobre o ajuste fiscal anunciado pelo governo federal.

O ato de formalização da carta contou com a presença do ministro chefe de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. O documento com as ideias defendidas pelo bloco regional de governadores será entregue à presidente Dilma Rousseff.

Segundo o governador do Amazonas, José Melo, as demandas contidas na carta refletem anseios regionais em diversas áreas. Em resumo, os governadores esperam por um entendimento do Governo Federal sobre a necessidade de um olhar diferenciado para a região, que possui os menores indicadores de desenvolvimento social do país.

”Têm dois grandes destaques. O primeiro deles é a importância dos governadores para os problemas que afligem o Brasil. Outro ponto importante é a revisão do pacto federativo para que os Estados realmente possam ocupar no contexto do país o espaço que necessitam”, afirmou o governador.

Governador do Amazonas, José Melo, atende a mídia
Governador do Amazonas, José Melo, atende a mídia

Melo enfatizou que o bloco de governadores busca alinhamento com o governo federal e é contrário “a qualquer tentativa de apear a Presidência da República”. O consenso é de que o momento de crise econômica exige integração.

Os governadores planejam levar contribuições à presidente Dilma sobre as medidas de ajuste fiscal. “Ajuste fiscal precisa ser reestudado com a presença dos governadores e tem que ter em mente não só ajuste fiscal, mas um ajuste fiscal com desenvolvimento, senão vamos ter uma recessão sem olhar o fim do túnel”, disse José Melo.

Nas áreas de educação e saúde, a meta do bloco de governadores é liberar recursos contingenciados e equalizar a remuneração por serviços prestados na área. A região reclama que recebe menos pelos mesmos serviços prestados nos outros Estados brasileiros.

Logistica

Na área logística, além da ferrovia Transoceânica, José Melo disse que a BR-319 é um dos pontos mais importantes da pauta. Superadas as questões ambientais, o Governo espera iniciar a busca por financiamento para a rodovia.

Durante o Fórum, o tema foi tratado com o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues. A proposta de José Melo é por uma estrada envelopada, em moldes europeus, para preservar o meio ambiente. O tema será tratado por José Melo com a presidente Dilma em audiência prevista para o mês de agosto, que terá a participação da bancada de deputados e senadores do Amazonas.

A próxima reunião do Fórum dos Governadores da Amazônia Legal deve ocorrer em Belém, no Pará, em data a ser definida. Na ocasião, os governadores pretendem discutir a construção de um organismo que possa definir políticas comuns e defender os interesses dos Estados.

Ferrovia Transoceânica

As discussões no Fórum, foram amplas e complexas
As discussões no Fórum, foram amplas e complexas

Durante o 11º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, o governador José Melo assinou termo de cooperação técnica com os governos do Acre, Rondônia e Mato Grosso para dar celeridade na implantação da ferrovia Transoceânica. Incluída no pacote de investimentos entre o governo brasileiro e a China, a ferrovia deve facilitar o escoamento de produtos da Zona Franca de Manaus e o comércio regional. A construção está incluída no pacote de investimentos da ordem de US$ 50 bilhões entre o Brasil e a China.

Com trajeto previsto de Mato Grosso até o Acre, por onde deve seguir rumo ao Pacífico passando por Cruzeiro do Sul, a ferrovia servirá para transportar produtos do Centro-Oeste e da Amazônica Ocidental pelos portos peruanos do Pacífico até o mercado consumidor chinês. Assinaram o termo de cooperação os governadores do Amazonas, do Acre, Sebastião Viana, Mato Grosso, Pedro Taques, e Rondônia, Confúcio Moura.

Com o acordo, os Estados pretendem concentrar esforços para agilizar processos jurídicos, legais, logísticos, além de questões técnicas e ambientais relacionadas ao desenvolvimento do projeto. Um comitê gestor será formado para traçar as estratégias de ação e destravar questões burocráticas que possam atrapalhar o andamento da obra.

O comitê formado por representantes dos quatro Estados vai elaborar um diagnóstico nas áreas ambiental e fundiária, logística e legal. Serão levantadas questões sobre as propriedades que serão afetadas, unidades de conservação, áreas indígenas e comunidades tradicionais. O grupo vai acompanhar os estudos de viabilidade, facilitar a concessão de informações técnicas e sugerir rotas mais favoráveis.

Durante o Fórum dos Governadores, José Melo assinou também com a governadora de Roraima, Suely Campos, termo de cooperação técnica na área fiscal.

O governo amazonense vai fornecer a Roraima a expertise adquirida com a implantação do modelo de Nota Fiscal Eletrônica e dos sistemas de folha de pagamento e compras governamentais, implementados pela Empresa Processamento de Dados do Amazonas (Prodam).

Principais pontos da Carta de Manaus

A Carta de Manaus propõe uma agenda pela reconstrução federativa envolvendo todos os governadores, como agentes protagonistas, que objetive não apenas a construção do ajuste fiscal mas sobretudo a retomada do crescimento econômico.

Na área da educação, defende a regionalização das metodologias de cálculo de recursos destinados principalmente ao transporte e merenda escolar regionalizada, geração e aquisição de energia elétrica e construção de escolas em localidades isoladas. Solicita, de imediato, o aumento do valor do Fundeb por aluno como forma de corrigir a desigualdades.

Na saúde, propõe equalizar à media nacional os valores de recursos federais disponibilizados per capta para a média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar para aqueles Estados com valores abaixo dessa média. Ainda na saúde, a Carta de Manaus propõe efetivar, neste ano, imediato descontigenciamento dos recursos da saúde de forma a atender os serviços já habilitados juntos ao Ministério da Saúde.

A Carta de Manaus também propõe, na área de segurança pública, a definição de uma estratégia nacional, que inclua a participação do poder público federal, alocando recursos, assumindo tarefas e partilhando gestão, especialmente no controle das fronteiras dos Estados amazônicos.

 Meio Ambiente

O 11º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal avançou no desenho da proposta da Estratégia Nacional de Redução de Emissões pelo Desmatamento e Degradação (REDD), a ser submetida à Convenção-Quadro das Nações Unidas. Conforme a Carta de Manaus, a Estratégia deve contemplar a justa repartição de benefícios entre Estados e União por meio da metodologia “estoque-fluxo”, reconhecimento da União para que Estados possam ter acesso a recursos externos provenientes de negociações bilaterais, iniciativas subnacionais e outros mecanismos financeiros de compensação por redução das emissões de carbono como  recursos do Fundo Verde do Clima.

De forma imediata, os governadores propõe a criação de uma sala permanente de entendimento com o Ministério do Meio Ambiente e Incra, para definições de política fundiária amazônica, a preparação de decisões compartilhadas sobre a COP 21, o Fundo Amazônia e o Fundo Internacional Verde.

 Desenvolvimento Econômico

Governadores definiram os pontos principais da Carta  de Manaus
Governadores definiram os pontos principais da Carta de Manaus

As propostas da Carta de Manaus contemplam a retomada das operações de crédito e desembolso, adequada à capacidade de endividamento de cada Estado, para projetos estruturantes na Amazônia Legal, a partir de potencialidades econômicas já conhecidas e inexploradas.

Outro ponto defendido pelos governadores é a revisão do cálculo dos royalties devidos por produtos e serviços desonerados de tributação ou destinados ao exterior, como a energia e a exploração mineral. Na área de logística, a Carta de Manaus propõe maior sinergia entre operações de crédito e projetos estratégicos, como a ferrovia Transoceânica e o balizamento dos rios da região, como as hidrovias dos rios Madeira, Araguaia e Tocantins.

Em contraponto à guerra fiscal, os governadores manifestaram na Carta de Manaus apoio à iniciativa dos Estados e do Governo Federal, que consta na proposta de Resolução do Senado Federal 001/2013, conjugada com os termos da proposta de convênio 70/2014 do Confaz, que ao regular a convalidação dos incentivos fiscais prevê e condiciona a convalidação á implementação de mecanismos de financiamento do desenvolvimento e compensação de perdas de arrecadação.

Para avançar nessas propostas, os governadores da Amazônia Legal propõem ao Governo Federal a criação de um grupo de trabalho, que resulte por fim na construção de um modelo de desenvolvimento adequado à região, rediscutindo a forma de aplicação e o papel dos fundos constitucionais.

Amazonianarede-Secom

 

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