Campeão mundial de surfe no último dia 17, em disputa realizada em Pipeline, no Havaí, Adriano de Souza já está no Brasil. Após recepção calorosa por cerca de 100 pessoas no aeroporto de Guarulhos, Mineirinho, como é conhecido, não escondeu a emoção após o primeiro contato com os fãs.
“Está sendo um sonho, o atleta sonha chegar nesse momento, mas não sabe o que acontece”, revelou o surfista, sem desgrudar do troféu da WSL (Liga Mundial de Surfe). Outro que não imaginava tamanho assédio da imprensa e do público foi o irmão Angelo, que comprou a primeira prancha do atual número 1 do mundo. “Não esperava toda essa grandiosidade. Como eu amo o Adriano e quero tudo de bom para ele. No momento que ele pediu a prancha eu queria o melhor para ele.”
Além de garantir que vai estar na luta do título em 2016, o campeão do mundo atendeu a imprensa na sede de um de seus patrocinadores, nesta terça-feira à tarde, em São Paulo, e disse que espera um domínio brasileiro na elite do surfe mundial nos próximos anos.
“No passado, quando entrei no circuito, faltava muita coisa. Hoje vejo os dez atletas com chance de serem campeões do mundo.” Mas o surfista fez questão de pedir a compreensão de todos quando as vitórias não chegarem, para ele ou para os outros brasileiros. “O Brasil precisa acreditar nos seus atletas.”
“É o que a gente tem. Seria bacana ter esse reconhecimento, estar junto com os caras mesmo na derrota.” Campeão mundial júnior em 2004 e atleta da elite há dez temporadas, Mineirinho está com 28 anos. Mas o membro mais experiente da “Brazilian Storm” (“Tempestade Brasileira”, forma como a imprensa internacional chama a nova geração de surfistas brasileiros) exaltou o que os pioneiros do surfe no Brasil fizeram para ele e Gabriel Medina, campeão em 2014, chegarem ao título mundial.
“Os pioneiros deixaram alguns buracos. Eles não tinha referência e tiveram que traçar o caminho deles. Eu tenho sorte de ser dessa geração mais pronta. Mas temos que agradecer o que eles fizeram.”
Assim como fez ao conquistar o título do Pipe Masters 2015, etapa final do Circuito Mundial, Mineirinho dedicou sua conquista ao amigo Ricardo dos Santos, morto por um policial em Santa Catarina no começo deste ano. “Ano passado ele estava nas areias de Pipe e ficou mais feliz do que triste quando o Medina não ganhou (a etapa do Havaí). Ele brincou: ‘Abriu as portas para eu ser o primeiro campeão em Pipe Masters’. Era o sonho da vida dele. Eu sempre almejei ser campeão no Havaí e dedico isso a ele.”
Após a entrevista coletiva desta terça-feira, Mineirinho seguiu para o Guarujá, no litoral paulista, sua terra natal, onde será recebido pela prefeita Maria Antonieta de Brito e depois vai desfilar em carro de aberto. *Estadão Conteúdo