Calor forte impulsiona mortandade de toneladas de várias espécies de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas

Calor forte impulsiona mortandade de toneladas de várias espécies de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas

A Comlurb retirou quase 14 toneladas de animais mortos do cartão-postal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – Uma cena nada agradável se repetiu na Lagoa Rodrigo de Freitas, nesta quinta-feira, e chocou quem ama o Rio e a natureza. Cartão-postal da cidade, o local registrou novo episódio de mortandade de peixes, cena que foi vista em diversos pontos do espelho d’água ao longo do di

Os primeiros peixes começaram a aparecer mortos já pela manhã. De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, o forte calor na cidade contribuiu para a tragédia ambiental. Porém, ainda segundo ele, este não foi o único fator do problema.

“Hoje eu caminhei pela Lagoa e, vendo os peixes mortos, parecia que eles estavam em banho-maria. A água estava quente, extremamente quente, e água quente não é muito bom, porque ela reduz a concentração de oxigênio”, apontou o biólogo, já levantando que as causas desta nova mortandade é mais uma vez a falta de oxigênio para os peixes.

O biólogo afirma que, por causa de constantes despejos de esgoto in natura na Lagoa e o assoreamento do Canal do Jardim de Alah, que impede uma renovação da água do ambiente, a situação no cartão-postal não é nada animadora para os peixes.

“Durante o passeio, eu rapidamente localizei dois vazamentos de esgoto em frente à Rua Vinicius de Moraes e dentro do Canal Jardim de Alah.

O Canal, inclusive, na altura da Delfim Moreira, está completamente entupido de areia. Com isso, a água que poderia estar sendo renovada, mesmo que em pequena quantidade, não está sendo”, disse.

Calor dificulta concentração de oxigênio

O biólogo disse ainda que o calor, juntamente com a questão da pouca troca de água e o despejo de esgoto in natura, prejudica os peixes, já que a água quente não retém o oxigênio tanto quanto a água fria. Ele diz que já não existe oxigênio em abundância na Lagoa e que diante dessas questões (poluição e canal assoreado), a realidade tende a ser fatal para os peixes.

“Se você tivesse uma água mais gelada, você teria maior disponibilidade de oxigênio na coluna d’água”, explica. “Desconsiderar a questão climática seria leviandade minha, mas o que estou falando é que nesse circo de horror chegou mais um monstro”.

Comlurb

A Comlurb disse que ao longo de 10 horas de trabalho, de 8h às 18h, 90 garis e 10 agentes de limpeza urbana recolheram 13,6 toneladas de peixes mortos, principalmente da espécie savelhas. “O trabalho prossegue durante toda a madrugada e, se necessário, nesta sexta-feira, com uma equipe de 70 garis, até cessar a mortandade”, informou.

Secretaria de Meio Ambiente

Procurada pea reportagem , a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) afirmou que “a morte de peixes observada hoje é em decorrência da proliferação de cianobactérias e fitoplânctons, presentes no sensível ecossistema da Lagoa, que possuem ciclo de vida rápido, se proliferam com as altas temperaturas e ao morrer consomem oxigênio”.

A nota diz também que os órgãos ambientais envolvidos no monitoramento da Lagoa estão em alerta desde a madrugada, quando se registrou tendência de diminuição de concentração de oxigênio na água.

A Seconserma enfatiza que a Fundação Rio-Águas está mantendo as comportas do Canal do Jardim de Alah abertas desde a ultima sexta e a da General Garzon aberta desde às 10h30 desta quinta para reduzir a temperatura da água e melhorar a oxigenação. “Contudo, a maré está baixa e a ausência de vento também não colabora para que ocorra a troca de água entre o mar e a lagoa”, contrapõe.

Diversos fatores

A nota da Seconserma diz ainda que é importante frisar que abrir as comportas leva em consideração diversos fatores técnicos e climáticos e mantê-las abertas antes da data e horário mencionados acima poderia ocasionar o esvaziamento da Lagoa, já que as condições do mar não estão favorecendo a troca de água.

“Os órgãos da prefeitura citados acima envolvidos, junto com a Comlurb – que atua para retirar os  peixes mortos – neste monitoramento seguem em alerta para minimizar ao máximo os impactos das condições climáticas e de maré a esse frágil ecossistema,” finaliza.

Cedae

Já a Cedae nega a informação de que exista vazamento da rede de esgoto da companhia na Lagoa. “Inclusive, em operação diária e nova verificação após a divulgação da informação incorreta, técnicos realizaram vistoria e constataram não haver extravasamento em sistema da companhia.

O sistema de esgotamento sanitário da Cedae opera normalmente na região, inclusive, toda a área formal da Zona Sul é atendida por rede da empresa. Vale ressaltar que a manutenção e monitoramento de galerias de águas pluviais não são de responsabilidade da Cedae, assim como a renovação da água da Lagoa Rodrigo de Freitas”, disse, em nota.

A companhia destaca também que é “observado um assoreamento no Canal do Jardim de Alah (na altura da ponta da praia), o que atrapalha a renovação da água da Lagoa, comprometendo a oxigenação da mesma, além das altas temperaturas que vem ocorrendo há vários dias.

No entanto, este serviço não é realizado pela Cedae. Apesar de não ser uma atribuição da companhia, estão  realizando coleta para verificar os principais parâmetros, principalmente o oxigênio dissolvido”.

Amazoninarede-O Dia

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.