Bolsonaro se encontrará com presidente da China e príncipe saudita em cúpula do G-20 no Japão

Bolsonaro se encontrará com presidente da China e príncipe saudita em cúpula do G-20 no Japão

Na semana passada, relatório da ONU apontou envolvimento de Mohammed bin Salman no esquartejamento de jornalista

Brasil –  – O presidente Jair Bolsonaro deve viajar na noite desta terça-feira rumo a Osaka, no Japão, onde, na sexta-feira e no sábado, acontece a reunião do G-20 . Além das sessões da cúpula, a agenda do presidente prevê reuniões bilaterais com o presidente da China, Xi Jinping , e com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, suspeito de ordenar a execução do jornalista Jamal Khashoggi, que foi torturado, morto e esquartejado no consulado saudita da Turquia no ano passado.

O encontro com Xi está marcado para a sexta-feira, antes da primeira reunião de cúpula do G-20, e será a primeira reunião entre os líderes dos dois países. Bolsonaro tem visita oficial à China prevista para agosto, enquanto Xi deve vir ao Brasil em novembro, quando está marcada a  11ª Cúpula dos Brics .

De acordo com um auxiliar que vai acompanhar Bolsonaro ao Japão , o encontro do presidente brasileiro com o chinês será breve e servirá como uma apresentação inicial entre os dois líderes.

A conversa também terá como objetivo, segundo o mesmo assessor do Palácio do Planalto, preparar as bases para uma reunião bilateral entre os dois no Brasil em novembro.

China

A China é o maior parceiro comercial do país e, em 2018, 26,8% do total das exportações brasileiras foram para o país asiático, mais do dobro das vendas externas para o segundo colocado, os Estados Unidos, responsáveis por 12% das importações.

O Brasil exporta sobretudo soja, petróleo e minério de ferro ao país, e Bolsonaro pretende expressar a intenção de que o Brasil venda produtos de maior valor agregado durante o encontro.

Por mais de uma vez, o presidente brasileiro, assim como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , fez comentários críticos à China, retórica que, contudo, se suavizou nos últimos meses.

Durante a campanha, no início do segundo turno, Bolsonaro afirmou que “China não está comprando do Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês?” . Já Araújo, entre outras críticas, disse, em uma aula magna para alunos do Instituto Rio Branco em março que o Brasil não iria “v ender a alma” à China .

O tom, desde então, se amenizou, e Brasília tomou inclusive medidas práticas para se aproximar de Pequim. Neste domingo, o candidato chinês para dirigir a FAO , Qo Dongyu, venceu a eleição da organização com apoio brasileiro.

O vice-presidente Hamilton Mourão é considerado um dos principais responsáveis pela restauração dos laços. Em maio, Mourão esteve em Pequim, onde, ao lado de dirigentes chineses, defendeu o livre comércio e o multilateralismo .

Encontro com saudita

A reunião bilateral com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman , por sua vez,  acontece cerca de uma semana depois de a ONU publicar um relatório no qual afirma que encontrou “provas confiáveis” do envolvimento do monarca no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi

. O texto da ONU diz que “Khashoggi foi vítima de uma execução deliberada”, e que é “inconcebível que uma operação desse tamanho pudesse ter sido implementada sem que o príncipe herdeiro tivesse, no mínimo, conhecimento”.

Em abril, foi anunciado que Bolsonaro deve ir em breve à Arábia Saudita, que é um dos principais aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, e comprador de armas americanas e de outras potências ocidentais.

A aproximação com o país, que é uma monarquia absolutista autocrática e tem por base religiosa o wahabismo, vertente do islamismo sunita caracterizada por seu ultraconservadorismo, poderia ser vista como algo contrário à promessa de Araújo de não fazer uma diplomacia”sem bússola moral, onde não existe o bem e o mal” .

Acontece ainda num momento em que as relações dos sauditas com o Ocidente esfriaram por conta da morte de Khashoggi. A aproximação com países árabes busca aparar arestas, depois de o governo brasileiro tomar medidas de agrado a Israel em seus primeiros meses.

Esta será a primeira participação de Bolsonaro em uma reunião do G-20. O presidente deve se reunir ainda com os primeiros-ministros de Cingapura, Lee Hsien-Loong, e da Índia, Narendra Modi.

Bolsonaro também tinha anunciado um encontro com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que não consta na agenda divulgada pelo Planalto. O presidente deve partir de volta para o Brasil na noite de sábado.

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