Boa Vista termina 2014 entre as capitais com o trânsito mais violento

26-12bvBoa Vista termina o ano de 2014 como uma das Capitais com o trânsito mais violento no Brasil. Somente no primeiro semestre de 2014, o número de acidentes de trânsito no Estado de Roraima aumentou 92,69%.

De janeiro a junho de 2013, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) registrou 1.739 ocorrências, contra 3.351 no mesmo período deste ano. As principais causas dos registros ainda são a imprudência, o excesso de velocidade, falta de atenção, consumo de bebida alcoólica e irregularidades como ausência da habilitação.

De acordo com dados do Samu, o perfil dos acidentes mais atendidos pela unidade envolve motocicletas.

Este ano, os acidentes entre carro e moto somaram 162 ocorrências, abaixo dos 494 registros no ano anterior. Colisões de moto com moto totalizam 227 acidentes em 2013, e 566 em 2014. De quedas de motocicletas, os registros são de 2.233 no primeiro semestre de 2014, contra 562 no ano passado.

Informações do Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran) apontam que, atualmente, existem 172 mil veículos registrados no Estado de Roraima. No entanto, há a estimativa de que 200 mil veículos no Estado, ou seja, 28 mil transportes circulam de forma irregular.

JOVENS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS

A alta velocidade e a combinação de bebida alcoólica e direção são alguns dos principais causadores de morte em acidentes de trânsito. Os jovens são as principais vítimas, de acordo com dados do Mapa da Violência, uma pesquisa do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela). O levantamento também mostra um aumento no índice de morte de jovens que conduzem principalmente motocicleta.

A Folha ouviu especialistas para entender quais ações tornam este público mais vulnerável no trânsito.

Há muitas razões sociológicas para justificar esta alta mortalidade, de acordo com o sociólogo Linoberg Almeida, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR). “Para a Sociologia, olhando o trânsito, o carro na rua é a expressão mais forte da diferença de classe social no Brasil. Por isso, há uma luta cotidiana entre o mais forte e o mais fraco. É um reflexo, pois o dono do carro pensa que é o dono da rua, mesmo sabendo que a via é pública”, explicou.

Em um primeiro momento, segundo ele, é preciso que o Estado intervenha, pois ele é quem alimenta a violência no trânsito, e não o motorista. “O Estado, omisso, prioriza o automóvel em detrimento do indivíduo. Portanto, é preciso que este mesmo Estado inverta a situação, pois Estado violento reproduz sociedade violenta”, observou.

Para que haja uma transformação no trânsito, ainda de acordo com o sociólogo, o Estado deve promover políticas públicas para inverter a situação, cultivando assim uma cultura de paz, a começar pela formação primária do ser humano em sala de aula.

EXPLICAÇÃO

A psicologia também explica porque tantos jovens morrem no trânsito. Aos 21 anos, por exemplo, eles sentem a necessidade da expansão dos círculos de amizade, o que os impulsiona a ter uma maior mobilidade na cidade. E isso provoca a alta exposição desse jovem aos riscos de envolvimento em colisões e atropelamentos.

Algumas características comportamentais do jovem, como a incapacidade de antecipar erros e imprevistos e de decidir com rapidez para mudar o curso da ação, são fatores de risco. Todas essas atitudes produzem risco no trânsito, seja caminhando, pedalando ou dirigindo qualquer veículo automotor.

Para especialistas em trânsito, também há questões comportamentais que precisam ser trabalhadas para reduzir o número de acidentes. É comum aos jovens ações ousadas e de risco. Eles abusam com mais frequência da mortal combinação: excesso de velocidade e direção perigosa turbinada a álcool. E o resultado quase sempre é trágico, fatal. (AJ)

Fonte: Folha BV

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