Biólogo escreve romance inspirado na diversidade cultural da Amazônia

(Reportagem: Shirleia Rios)

A diversidade cultural da Amazônia e as experiências vividas em Plano de Manejo Florestal Sustentável inspiraram o biólogo Ricardo Dantas, a escrever o livro “Meia Pata”, um romance no qual dedicou cinco anos de sua vida.

Ele nasceu no Estado do Rio Grande do Norte, em uma cidade da região Trairi, em Santa Cruz, morou no Paraná, Goiás, Maranhão, Pará e Acre, mas foi Roraima que escolheu para compor seu livro e dedicar sua paixão a literatura.

Segundo ele Roraima é o ambiente perfeito para profissionais da área de recursos naturais, com ecossistemas completamente distintos em diversidade de fauna e flora, inseridos no bioma Amazônia.

O argumento do romance “Meia Pata” consiste em um biólogo pesquisador, Daniel Silva, que no final da década de oitenta, tem como objetivo estudar a maior selva do planeta. Acaba indo para Roraima, e completamente sem infraestrutura, parte em sua jornada ao interior da floresta.

Em sua experiência no local mais isolado e peculiar da Amazônia Legal, Daniel será submetido a todo tipo de situações, de um romance inusitado e místico com a linda indígena da etnia Macuxi, Iara Parente, a um embate por luta de território e respeito com a maior predadora da floresta, a onça pintada.

“O interessante será observar os detalhes com que descrevo os ambientes naturais, e as transformações da conduta humana diante da majestosa Natureza. A personagem da onça pintada é um atrativo a parte. Toda a manifestação de comportamento deste grande felino foi fruto de muita pesquisa e debates com grandes especialistas que estudam felinos em geral, principalmente onças. Dar vida a Iara Parente foi um grande desafio. Escrever sobre os costumes de uma personagem indígena que vive em uma cultura completamente peculiar tornou-se um processo de superação. Posso afirmar que o texto irá agradar desde profissionais e pesquisadores da área de recursos naturais, que irão aproveitar além do enredo do romance, a descrição do ecossistema palco da obra, até mesmo o leitor que nunca esteve no interior de uma floresta, que irá fechar os olhos e sentir os elementos da vida selvagem”, garantiu o escritor.

Ele conta que a história do “Meia Pata” nasceu em meados de 2008, quando acabava de se formar em Ciências Biológicas, e foi convidado pelo engenheiro Florestal Manuel Haas para trabalhar em um plano de manejo florestal sustentável no município de Caracaraí, região do Cujubim. “Meu trabalho consistia em acompanhar uma equipe de levantamento biométrico de espécies de árvores no interior da floresta. Ao passar a conviver com operários florestais, em sua maioria antigos extrativistas da castanha do Brasil da região, e viver as interações com a natureza, percebi a chance única em escrever o romance”, contou.

De acordo com Ricardo, sua arte existe para exaltar a diversidade de nossas culturas, ambientes naturais, e assim contribuir como repertório de conhecimento para a humanidade. “Em ‘Meia Pata’, o leitor encontrará relatos sobre a diversidade de ecossistemas que o bioma amazônico de Roraima possui. Exalto os costumes e culturas dos povos indígenas. A vida dura dos extrativistas da floresta. A vasta variedade da flora e da fauna roraimense”, explica.

Além de escritor, Ricardo também é professor e há dois anos leciona biologia e química em uma escola estadual indígena localizada na aldeia Boca da Mata, região do Alto São Marcos, município de Pacaraima. “Ser professor na educação escolar indígena é uma experiência maravilhosa. Posso afirmar sem demagogia que na verdade eu sou quem mais aprende. Porém, ser escritor consiste em difundir meus anseios metafísicos, em divulgar conhecimentos além das quatro paredes da sala de aula”, disse ele.

O escritor define seu estilo literário como “Bioarte”. “A Bioarte louva os verdadeiros artistas. Os indígenas, que mesmo diante do preconceito, da dor de presenciarem suas terras sendo devastadas, seguem firme na luta pela autenticidade de seus direitos. Os extrativistas, como os seringueiros, massacrados, porém resistentes, que com sangue escorrendo das bandeiras, venceram a opressão e conquistaram uma vida digna. O sertanejo agricultor, que não desiste de rachar o solo cristalizado pela seca, e com as mãos e o orgulho calejado, segue em frente sem fraquejar. E por fim a Natureza, que compadecida, presencia árvores frondosas, literalmente milagres que fornecem o suporte para milhares de formas de vidas, serem ceifadas, levando para a tumba toda a rede ecológica”, definiu.

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